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Tesla, Apple e Microsoft acusadas de escravizarem crianças em minas

Cinco das maiores companhias de tecnologia do mundo foram acusadas de cumplicidade na morte de crianças na República Democrática do Congo (RDC) forçadas a trabalhar em minas de cobalto, um metal usado no fabrico de telemóveis e computadores, no âmbito de um processo legal histórico.

A queixa, apresentada em representação de 14 famílias congolesas, foi apresentada pela organização sem fins lucrativos International Rights Advocates, sediada nos Estados Unidos, contra a Tesla, a Apple, a Alphabet, a Microsoft e a Dell Technologies.

Segundo a denúncia, as visadas fazem parte de sistema de trabalho forçado que as famílias acusam de ter causado a morte e ferimentos graves em 14 crianças, naquela que é a primeira ação judicial que questiona a indústria de tecnologias sobre as condições de obtenção da sua matéria prima essencial.

Das 14 crianças em causa, seis morreram em desabamentos de galerias e as restantes sofreram ferimentos severos que alteraram as suas vidas, algumas com paralisia. O processo, aberto no Tribunal do Distrito Federal de Washington contém imagens mostrando crianças sem membros ou desfigurados.

“Essas empresas – as mais ricas companhias do mundo – permitiram que as crianças fossem mutiladas e mortas para obter o seu cobalto barato”, disse à Reuters o advogado Terrence Collingsworth, que representa as famílias.

O cobalto é um metal necessário ao fabrico de baterias de lítico recarregáveis usadas em milhões de equipamentos fabricados pelas companhias tecnológicas. Mais de metade da procura desta matéria-prima é satisfeita pelas minas da RDC. Segundo um estudo de 2018 da Comissão Europeia, a necessidade poderá crescer anualmente entre 7% e 13% na próxima década.

Empresa já tinha sido acusada. Recebiam 1,30 euros por dia

Segundo a acusação, as crianças, algumas com menos de 6 anos de idade, oriundas de famílias em pobreza extrema, foram forçadas abandonar a escola e a trabalhar em minas da companhia britânica Glencore, que já tinha sido acusada de explorar trabalho infantil. Algumas ganham apenas 1,30 euros por dia.

Citado pela Reuters, um porta-voz da Glencore disse que a companhia já se inteirou da denúncia no tribunal norte-americano, mas assegurou, citado pela Reuters, que as suas operações na RDC “não adquirem nem processam nenhum minério extraído artesanalmente”.

Assegurando que “a Glencore não tolera nenhuma forma de trabalho infantil, forçado ou compulsivo”, acrescentou que o cobalto obtido naquele país é um “subproduto da produção industrial de cobre”.

Grandes empresas na mira das autoridades

As empresas Tesla, Apple, Google, Microsoft não disponibilizaram nenhum comentário imediato sobre a acusação, enquanto a Dell garantiu que “nunca adquiriu operações conscientemente” baseadas em trabalho infantil, tendo aberto uma investigação às imputações.

A acusação contrapõe que as empresas possuem capacidade para inspecionar as suas cadeias de abastecimento de cobalto para se certificarem das condições de segurança.

“Nunca encontrei ou documentei uma assimetria tão severa na obtenção de receita entre o topo e o fundo da cadeia de abastecimentos”, comentou o investigador em escravidão moderna Siddharth Kara.

Para Kara, que é testemunha no processo como perito, “é essa desconexão que torna essa talvez a pior injustiça de escravidão e exploração infantil que já vi em duas décadas de investigação”, disse Kara.

Calcula-se que mais de 40 milhões de pessoas sejam prisioneiros de modernas formas de escravidão, que incluem o trabalho e o casamento forçado, segundo o Walk Free e a Organização Internacional do Trabalho.

Jornal de Notícias

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