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Pecados da fé

São inúmeros os relatos de vítimas do negócio da fé. Pessoas desesperadas que procuram a solução para as suas angústias, problemas de saúde, matrimoniais, ou até financeiros, nas palavras propagadas por várias confissões religiosas. E cedem perante as garantias de que para resolver tudo de mau nas suas vidas, só têm que pagar.

Este uso e abuso da fragilidade humana tem atravessado séculos e é também transversal a muitas religiões ou seitas religiosas.

Nesta edição do Milénio trazemos olhares diferentes sobre a mesma problemática. Começamos pelo olhar de um homem que sendo católico e Padre é também Professor Universitário de Filosofia e teólogo. Anselmo Borges aceitou falar connosco, com a liberdade de pensamento que o carateriza. Afinal, trata-se de um cristão que se indigna e revolta com o negócio da fé.

 

Anselmo Borges, padre da Sociedade Missionária Portuguesa. Estudou Teologia, Ciências Sociais e Filosofia. Lecionou Filosofia e Teologia na Universidade Católica Portuguesa e no Seminário Maior de Maputo, Moçambique. É docente de Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

 

 

Milénio Stadium- De que maneira podemos explicar o facto das pessoas se deixarem levar e entrarem no desvario de contribuírem neste negócio. Será que o facto de se apresentar Deus como castigador, faz com que as pessoas, temendo Deus, cedam às chantagens e acreditem que, de facto para não ficarem fora da proteção de Deus, terão que dar dinheiro?

Pe. Anselmo Borges- Esse é um dos aspetos da questão. De facto, frequentemente, essa imagem de um Deus que mete medo pode levar a que as pessoas se deixem chantagear. Repare, essa imagem de Deus é uma imagem que é preciso ser desfeita porque, concretamente, no caso do cristianismo fala-se de evangelho. Ora evangelho significa notícia boa e felicitante, portanto é preciso que nos libertemos dessa imagem de um Deus castigador, mas como essa imagem ao longo dos séculos passou, as pessoas mais facilmente podem ceder e dar dinheiro a alguns ou algumas que se apresentam em nome de Deus e que chantageiam, exatamente, exigindo dinheiro. Um outro aspeto é que as pessoas quando estão em sofrimento, em muito sofrimento, estão dispostas a tudo para se libertarem desse sofrimento e se encontram aqueles que se apresentam como representantes de Deus e que lhes passam esse temor, as pessoas ficam dispostas a tudo. O sofrimento é qualquer coisa que eu respeito profundamente. E por isso podemos compreender que, sobretudo quando se trata de sofrimento pelos filhos, as pessoas estejam dispostas a dar tudo quando lhes aparecem estas pessoas com a promessa de que o sofrimento vai desaparecer. Julgo que são esses dois aspetos que explicam porque há pessoas que de facto exploram outras quando, afinal, a sua missão deveria ser libertar.

 

MS- Exploram a fragilidade humana, não é verdade?

AB– A fragilidade, exato. Por isso é que eu digo que tenho medo de quem tem medo. Porque estão mais frágeis e suscetíveis. Conheço pessoas que chantageadas por seitas, concretamente, porque as seitas estão mais soltas em relação à vigilância, ficaram sem o milagre prometido e sem nada, porque deram tudo o que tinham. Isto é criminoso. E um crime que ainda por cima tem a ver com essa imagem de Deus. É a pior exploração.

 

MS- Está disponível na internet imensa informação sobre isso. Inclusive tive oportunidade de ver um vídeo em que um pastor de uma seita que alega propagar o evangelho da prosperidade, diz textualmente o seguinte “Dar é sempre uma manifestação da nossa fé em Deus e na sua palavra”…

AB- Se for “dar” para ajudar outros tudo bem, mas se for para ser explorado, não! Por isso é que temos que prevenir as pessoas para não se deixarem explorar em nome de Deus.

 

MS- A propósito… quando se dá, – mesmo na religião católica – quando se paga uma missa, a oblata, as esmolas na eucaristia… para onde vai o dinheiro?

AB – Ouça, há o caso do Banco do Vaticano que é dramático; o dinheiro dos fiéis que foi utilizado para fins que não aqueles para os quais os católicos e os fiéis dão dinheiro à Igreja. Mas em relação ao dinheiro que entra nas Igrejas eu, pessoalmente, acho que tem que haver prestação de contas. As pessoas dão dinheiro e têm o direito de saber para onde o dinheiro vai.

 

MS- E essas contas são prestadas?

AB– Sim, sim há igrejas que sim. Repare eu não tenho uma paróquia, digo missa para uma comunidade no Porto e sei que por exemplo nessa paróquia prestam contas – está lá tudo, quanto se recebeu, para onde vai o dinheiro… eu insisto muito nisso. Penso que é fundamental a prestação de contas.

 

MS- O Padre Anselmo quando lançou o seu livro “Francisco: Desafios à Igreja e ao Mundo” foi entrevistado para o jornal Expresso e na altura afirmou “assistimos a uma hierarquia que, frequentemente, vive na ostentação…”. 

AB- Sim. Então aquele Vaticano não é ostentação? Por amor de Deus. Não é ostentação? Mesmo entre nós às vezes há alguma ostentação.

 

MS- E como é que se justifica, se é que tem alguma justificação, essa opulência e essa ostentação?

AB- Não tem justificação. Na Igreja é preciso seguir o exemplo de Jesus. Jesus era simples, acolhia toda a gente.

 

MS – Há também um certo endeusamento da Igreja, enquanto instituição, que acaba por também contribuir para este lado do negócio da fé, seja católica ou não. Ou seja, em vez de ser uma igreja despojada e ligada ao mundo terreno, parece que se confunde com algo divino.

AB– Ainda bem que chama a atenção para isso. Repare, quando se diz no Credo “creio na Igreja”, há aqui um equívoco. A gente não crê na Igreja. Porque quando se fala de Igreja pensa-se em quê? Nos padres, nos bispos, nos cardeais… ou seja a instituição. Mas a Igreja é o conjunto dos batizados, aqueles que acreditam em Jesus e através dele em Deus. Isso é que é a Igreja. A Igreja não é, em primeiro lugar, a instituição, o grande drama é esse. Evidentemente que é preciso alguma organização. Tem de haver alguém que coordene, que represente, que impulsione… mas isso tem que ser na simplicidade e para servir. Todo o poder se legitima apenas enquanto serviço. Serviço aos outros e, sobretudo, não se servir dos outros e da religião para interesse próprio.

 

MS- Talvez assim se possa explicar também o facto do Papa Francisco estar a ter tanta oposição interna. Porque ele tem vindo a combater esse abuso de poder.

AB – Exato! Aliás ele é daqueles que dizem que o poder é sempre um serviço e só vale enquanto serviço. Estamos ao serviço das pessoas e até em primeiro lugar daqueles que são os mais frágeis, os mais pobres. Foi isso que Jesus fez. Mas há muita gente na Igreja que vive no domínio e na ostentação e que, evidentemente, que se sente incomodada. Está a ver…o Papa Francisco vive num apartamento simples em Santa Marta, tem um carro utilitário,  mas há cardeais que têm aqueles palácios, carros topo de gama. Ora esta postura do Papa causa mal-estar em quem ainda não aprendeu com o evangelho. Portanto a Igreja precisa de uma grande conversão. A grande tarefa do Papa Francisco é ver se converte cardeais, bispos etc., àquilo que ele já é – cristão.

 

MS- Acha que há futuro? Ou seja… acha que o Papa Francisco vai conseguir alterar o estado de coisas?

AB – Bem, na Igreja também há gente servidora. Há muitos padres, bispos que vivem de forma simples e ao serviço dos outros. E até na Cúria Romana, que é um cancro da Igreja, até aí há pessoas que efetivamente seguem o evangelho de Jesus.

 

MS- Porque é que disse que a Cúria Romana é um cancro?

AB- É um cancro! Porque a grande oposição vem da Cúria. Já uma vez disse que a Cúria é responsável por mais ateus do que Marx, Nietzsche e Freud juntos. A grande resistência está na Cúria Romana. Agora o Papa Francisco vai conseguir? Repare, seja qual for o futuro, já não é possível voltar atrás relativamente àquilo que o Papa fez. Concretamente na sua simplicidade. Ele está a lutar em várias frentes e, apesar de todas as contrariedades, ele já disse que não se demite, não sai a pontapé, nem se deprime. Ele continua contente porque acredita em Deus. E dorme… dorme! Ele diz que nem um tronco (risos).

 

 

Igreja Evangélica Cristo para Todos

“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro para que haja mantimento”

 

Milénio Stadium – O objetivo da vossa congregação segundo li é trazer as almas… convertê-las a Jesus e a Deus, não é?

Pastor João Monteiro Soares – Exato.

 

MS – Mas como todas as religiões têm que sobreviver, não é? Mesmo sendo uma associação sem fins lucrativos têm que sobreviver. Vocês também têm o regime do dízimo?

JMS – Sim, sim. É bíblico. Temos de cumprir com a Bíblia.

 

MS – Sim e, portanto, isso significa… o dízimo é 10% do rendimento, não é?

JMS – 10% dos rendimentos ganhos.

MS – Depois esse dinheiro vai para onde Pastor João? Esse rendimento depois vai para quê, concretamente? Ou para quem?

JMS – Esse rendimento fica nas contas da Igreja e há um relatório mensal com entradas, com saídas, tudo o que tem a ver com a entrada de dízimos, tudo o que tem a ver com a entrada de ofertas, dos cultos que a gente vai tendo e depois tem as despesas a nível de, por exemplo, dos transportes, de deslocar as pessoas, despesa por exemplo do aluguer, dá água, da luz e outras despesas que possam haver. Tudo isso está englobado num relatório, isso não é nada oculto. Isso é mostrado a quem queira saber das contas da Igreja e onde é que está o dinheiro que dispõe. Tudo isso envolve despesas e é do jeito que está na Bíblia. A Bíblia diz para trazermos os dízimos à casa do tesouro – “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro para que haja mantimento”, quer dizer, para que haja sustento na casa. Porque há despesas e ninguém consegue sustentar uma associação de 40 Igrejas com o dinheiro dos seus bolsos porque era preciso sermos ricos para isso. E então, cumprindo com o que a Bíblia nos manda, umas das funções é trazer os 10%, os dízimos dos nossos rendimentos, e as ofertas, que são de livre vontade, não têm um valor específico, é aquilo que sentir no seu coração e dá a sua oferta. Pode ser de 50 cêntimos, pode ser um euro, em cada culto… Não há um valor estimado. Agora a nível dos dízimos sim. Há um valor que é 10%. Pronto, se ganha 500€ são 50€. Se ganha 1000€ são 100€. Até podem não ganhar e continuar a frequentar a Igreja. Não está dependente se dá dízimos ou não.

 

MS – Então quem é que tem que pagar o dízimo? Não é quem frequenta a Igreja?

JMS – Sim. Sim, mas não obrigamos ou não retiramos quem não dê os dízimos de continuar a frequentar a Igreja. Porque o nosso principal objetivo é ganhar almas para Cristo e se uma vida não tem condições de dar os 10% a gente não a retira de frequentar a Igreja. Continuamos com eles.

 

MS- Mas quando as pessoas deixam de pagar o dízimo… há relatos de algumas situações, eu estive a ver aqui na Internet – não propriamente da sua Igreja, mas de outras – que dizem que pessoas que começaram a pagar o dízimo a vida mudou, mudou para melhor…

JMS– Certamente. Quem cumpre com a palavra de Deus sempre melhora. Não há dúvida disso porque Deus promete… Deus disse: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro para que haja mantimento e fazei prova de mim se eu não vos abrir e derramar sobre vós tamanha grande bênção” a quem é fiel a Deus, Deus honra, compensa-os. Agora quem desobedece está sujeito às consequências, como o normal da vida, natural. Quando fazemos coisas erradas estamos sujeitos às consequências…

 

MS – Mas as consequências é Deus que as aplica também?

JMS – As consequências dos nossos males, dos maus atos. Se Deus nos diz “não façam isto” e nós fazemos, estamos sujeitos a uma consequência, a sofrer algum dano, algum mal por causa de não darmos ouvidos à voz de Deus, está a perceber?

 

MS – Mas é o medo que as pessoas têm das consequências que faz com que deem o dinheiro, é isso?

JMS – Não, não propriamente. Isso de dar os dízimos é para quem quer estar de acordo com a vontade de Deus e quer ser fiel a Deus em tudo. O dízimo faz parte de determinadas ordens que Deus dá, não é? Deus diz que se falhamos a um dos mandamentos … São dez mas se falharmos a um não estamos cumprindo com a palavra Dele, porque está a faltar-nos um.

 

MS – Como é que as pessoas chegam à sua Igreja? Como é que vão conhecendo a existência desta Igreja Evangélica?

JMS – A nossa Igreja trabalha, normalmente, mais com Evangelização.

 

MS – Fazem porta-a-porta, é?

JMS – Vamos às vezes às casas das pessoas: “Olha que há um Deus que te ama, há um Deus que te promete isto, promete aquilo, que te promete ter um lugar lá no Céu, há um Inferno, há um Céu…”. E tentamos mostrar às pessoas que há o mal e que há o bem. Que o mal pertence ao inimigo que Deus repreende, que é o Diabo, o Satanás, que foi expulso do Paraíso porque ele quis ser igual a Deus ou mais que Deus e Deus expulsou-o e agora ele é um inimigo de Deus. Porque ele perdeu o lugar que tinha na presença de Deus. Ele era o anjo mais querido e ele foi destituído desse lugar porque ele quis ser como Deus e ninguém pode ser como Deus, ele é único.

 

MS – Isso que me está a dizer quase que parece uma luta de poderes entre Deus e o Diabo…

JMS – É, entre o bem e o mal. Já ouviu falar no bem e no mal, não é? O Diabo tenta o mal e Deus sempre tenta o bem. Há uma luta, uma revolta do Diabo contra Deus.

 

MS – Desculpe a minha pergunta, mas isso também não é uma forma das pessoas ficarem com medo e poderem depois, por exemplo, pagar o dízimo para estarem do lado de Deus e não do Diabo?

JMS- Isto não é levar o medo às pessoas. Isto é tentar mostrar às pessoas que realmente existe um Inferno. Não podemos dizer que não existe. Há um Inferno porque existe o mal neste mundo. Nós sabemos que existem coisas más neste mundo, coisas que acontecem diariamente, coisas más, coisas ruins que muitas delas creio que é da parte do inimigo, do Diabo. Não podemos duvidar que existe só o Céu e não existe o Inferno! Claro que existe o Inferno! A Bíblia ensina-nos e mostra-nos abertamente situações em que existe o Inferno.

 

Pedofilia – a tragédia e o pecado

 

É outro assunto que tem abalado a estrutura da Igreja Católica – a pedofilia que envolve padres, bispos e outros dignitários. Recentemente foram denunciados mais de 300 padres do estado de Filadélfia nos EUA. Uma realidade que Anselmo Borges classifica como trágica. Embora todos saibamos que não é um problema exclusivo da igreja católica, nem tampouco das religiões de uma forma geral. Basta dizer que, dos casos registados a nível mundial, a esmagadora maioria acontece no seio das famílias (80%), na educação e desporto (17%) e os restantes 3% é que se atribuem a casos que envolvem religiões.

 

 

Milénio Stadium – O Padre Anselmo Borges tem vindo a defender que o celibato obrigatório deveria ser abolido da Igreja Católica. E entre outros argumentos li que considera que essa condição imposta aos padres católicos até pode contribuir para um comportamento sexual desviante. O problema da pedofilia na Igreja Católica também passa por aqui?

Anselmo Borges – Não se pode estabelecer uma relação de causa/efeito entre celibato e pedofilia. É bom que lembremos que a maior parte dos casos de pedofilia são registados em famílias, portanto com gente casada. Agora, dito isto, há muito tempo que é conhecida a minha opinião sobre o assunto: eu sou contra a obrigação do celibato para os padres. Sou a favor da opção. Em relação ao que acaba de dizer, realmente estou convicto de que o celibato obrigatório, a formação nos seminários e no quadro da sociedade atual bastante sexualizada, pode levar a uma sexualidade distorcida, concretamente, no clero.

 

 

MS – Embora este problema não seja apenas da sociedade atual, não é verdade?

AB – Sim, sim… vamos ver… eu acho uma tragédia aquilo que acontece na Igreja, concretamente com padres e bispos, acho uma tragédia. Tanto mais quanto era suposto que mais do que ninguém seguissem a palavra de Jesus. Acho que em parte nenhuma vai encontrar uma afirmação tão forte sobre o respeito que é devido às crianças – “Ai de quem escandalizar as crianças. Era preferível atar-lhe a mó do moinho ao pescoço e deitá-lo ao fundo do mar”. Isto é terrível. E é uma tragédia tanto mais quanto na Igreja há uma obrigação especial para com as crianças, devido até a este mandato de Jesus. Por outro lado, as pessoas confiavam, de modo particular, na Igreja e nos padres. Portanto, foi uma traição à confiança das pessoas. As pessoas confiavam incondicionalmente.

 

MS – Como é possível travar esta situação?

AB – É preciso antes de mais agradecer às vítimas que denunciam o facto de terem sido violentadas e maltratadas. É preciso denunciar, isso é um aspeto fundamental. Depois é necessário que a Igreja (instituição) abra os arquivos para que se saiba de uma vez por todas tudo o que tem acontecido.

 

MS – Mas essa é precisamente uma das acusações que a Igreja mais tem sofrido, ou seja, ter de certa maneira contribuído para o encobrimento desta realidade.

AB – Exato. Por isso é que eu estou a dizer que é preciso abrir arquivos, garantindo os direitos humanos de todos os envolvidos, partindo da presunção de inocência, que também vale para o clero. Depois é preciso tomar consciência de que de facto houve esse encobrimento e não é admissível. Porque a pedofilia é um pecado e é um crime! Por isso é preciso um julgamento canónico, no quadro da lei eclesiástica, já que a pedofilia do ponto de vista do direito canónico não prescreve. E se se provar que os envolvidos nas denúncias são culpados e foram pedófilos, devem ser obrigados a deixar o sacerdócio. No entanto, também acho que devem ter apoio psicológico. Já as vítimas, a Igreja deve apoiá-las psicológica e materialmente.

 

MS – Do seu conhecimento da estrutura da Igreja, acredita que isso vai realmente acontecer? 

AB – Ouça, felizmente eu observo que muitos episcopados estão agora a tomar consciência da tragédia. Por exemplo, o episcopado francês, o alemão…criaram comissões independentes para se saber o que, entretanto, tem acontecido e depois o Papa Francisco também convocou todos os Presidentes das Conferências Episcopais do mundo para em fevereiro no Vaticano tomar medidas. Depois é preciso julgar também na sociedade civil. Colaborar com justiça civil.

 

MS – Mas se há informação que se deve procurar nos arquivos isso significa que já alguém teve a coragem de denunciar e nada aconteceu, não é verdade?

AB – Ora bem, quem encobriu deve ser julgado e tem que ser punido. E é o que o Papa Francisco tem feito. O Papa acabou por destituir de dioceses bispos que encobriram.

 

MS- Mas houve quem dissesse que o próprio Papa Francisco também tinha encoberto.

AB – Sim, mas isso foi uma célebre carta de um Sr. chamado Viganó que, entretanto, foi julgado e obrigado a restituir 2 milhões de euros que tinha desviado.

 

MS – Padre Anselmo Borges os danos que a Igreja (instituição) sofreu, com estas revelações recorrentes, vão ser recuperáveis?

AB- Vão, vão… vamos lá ver, apesar de tudo, há mais bem feito pela Igreja do que mal. A Igreja vai recuperar a confiança das pessoas. Até para ajudar que as crianças, em todas as circunstâncias e em todos os países, sejam tratadas com dignidade.

Já agora também lhe quero dizer que acho muito importante a Igreja reconciliar-se com a sexualidade – passe a ver a sexualidade de forma positiva e não diabolizada. Isto também contribuiu para todo este mal-estar. Acho também essencial que a preparação dos futuros padres tenha mais presença feminina e se faça uma avaliação psicológica para aferir da sua maturidade afetiva, emocional e até sexual.

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