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Chegou o tão esperado verão acompanhado de muito sol e calor, a convidar para momentos de lazer nas muitas e diversas esplanadas que se encontram por toda parte. Com a entrada na segunda fase da recuperação da economia, desde que se deu o lockdown em março, o Governo Provincial do Ontário e a Câmara Municipal de Toronto deram luz verde aos restaurantes, com muitas restrições e normas, para reabrirem as suas esplanadas. Para tal, a Câmara de Toronto suspendeu o imposto das mesmas até 2021 e inclusive está na iminência de implantar o programa CaféTO para facilitar a abertura de novas esplanadas em áreas que antes não eram permitidas e/ou nem autorizadas e, deste modo, auxiliar os restaurantes e bares fazerem face ao prejuízo verificado d urante os últimos meses devido à pandemia. Esta semana o jornal Milénio Stadium abordou quatro restaurantes da comunidade para saber como estão a lidar com as novas normas e restrições relativas à restauração e outros pontos considerados imperativos.

 

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Patio Churrasqueira Martins – Foto: Carmo Monteiro
  • Carlos Martins – Churrasqueira Martins

Como estão a lidar com a pandemia?

Isto está mau… não só para nós como para todos. Estamos a aprender a viver com esta nova realidade.

Que mudanças foram necessárias fazer ou como se adaptaram a esta nova realidade?

Para nós, a nova realidade a nível de higiene não alterou muito porque para nós foi sempre uma prioridade, mesmo antes da pandemia, mas claro que agora ainda somos mais exigentes! Fizemos um investimento numa esplanada extra e só pedimos a Deus que haja bom tempo e que não chova, porque senão não podemos estar abertos e não ganhamos para pagar todo o investimento que fazemos nas encomendas de peixe e carnes frescas, o alugar da estrutura da esplanada e dos empregados.

A nível financeiro, o investimento está a valer a pena? E qual é o feedback dos clientes?

A Churrasqueira Martins tem que agradecer a todos os clientes, quer da comunidade portuguesa como de todas as outras, pois graças a todos estamos a trabalhar razoavelmente bem. Alguns clientes queixam-se das novas normas, mas a maioria aceita-as bem.

Que previsão faz para o futuro na restauração?

Olhe, vou-lhe dizer uma coisa… isto vai ficar mal. Os preços dos produtos subiram ridiculamente, está tudo mais caro e vão ficar ainda mais. Francamente, hoje não abriria um restaurante, mas é o que tenho, é a minha vida, mas se não tivesse, sinceramente, também não era agora que abria.


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Patio Bairrada Churrasqueira em Toronto. Foto: Carmo Monteiro

 

  • Denis Pires – Bairrada Churrasqueira

Como estão a lidar com a pandemia?

Estamos a lidar da melhor maneira possível dentro das normas e circunstâncias como todos os outros restaurantes e negócios. Nota-se que uma parte dos clientes habituais ainda não voltaram porque ainda estão receosos ou porque ainda estão em casa e por isso têm mais tempo para cozinhar. Inclusive e infelizmente no início da pandemia tivemos que dispensar 90% dos nossos empregados e agora alguns não querem voltar porque estão com medo e nós respeitamos isso…, mas mesmo assim tentamos ser positivos.

Que mudanças foram necessárias fazer ou como se adaptaram a esta nova realidade?

Nós fizemos o que manda a lei, na esplanada retirámos mesas para metade da nossa capacidade e separámos as que ficaram com dois metros entre elas com o máximo de seis lugares por mesa – claro que aceitamos grupos maiores, mas têm que ficar em mesas separadas; na parte fechada tirámos a maioria das mesas para colocar fitas no chão que indicam por onde as pessoas têm que passar para a esplanada; colocámos letreiros com as nossas condições e regulamentos impostos por lei; as nossas ementas passaram a ser descartáveis; temos dispensadores sanitários nas entradas e encorajamos os clientes para sempre que saiam e voltem para a esplanada ou da mesa que desinfetem as mãos; não temos serviço de bar e não podem estar mais que duas pessoas no balcão do take-out; cada mesa recebe uma lista descartável com os regulamentos assim que os clientes se sentam a quem pedimos que leiam cuidadosamente; a higienização das mesas é rigorosamente feita antes dos clientes se sentarem e depois que se forem embora; substituímos os frascos de sal, pimenta, ketchup, mostarda etc. por pacotes individuais; quando nos pedem palhas, estas são manuseadas com uma pinça; como agora as crianças estão limitadas aos seus lugares, ou seja, não podem andar a correr pela esplanada como antigamente, e para fazer face a esse desafio para os pais, nós temos placemats (toalhetes de mesa) para as crianças colorirem com marcadores que também fornecemos e todos os empregados usam máscaras.

A nível financeiro, o investimento está a valer a pena? E qual é o feedback dos clientes?

Nós estamos a fazer de tudo para que os clientes se sintam confortáveis, que tenham confiança e se sintam seguros com o serviço que prestamos. O nosso investimento nos nossos três restaurantes foi feito a pensar na saúde dos nossos clientes e mesmo assim ainda não temos a casa cheia, e, portanto, ainda não está a compensar e estamos no limite. Desde que a pandemia começou as despesas não pararam e estamos a entrar numa fase assustadora e por vezes as pessoas não têm noção disso. Infelizmente ainda há muitas pessoas que acham só porque temos um negócio que somos ricos e não é nada disso, com casa aberta, cheia ou vazia, as despesas são sempre as mesmas e estamos a trabalhar e a esforçar-nos para sobreviver como todos, porque algo como estamos a viver altera a vida de toda gente e de todos os negócios.

Que previsão faz para o futuro na restauração?

Eu prevejo que alguns restaurantes se vão aguentar, mas no geral vai ser difícil porque depois de fazerem as contas entre o investimento que estão a fazer e resultado desse investimento, vão chegar à conclusão que não vale a pena estarem abertos pois é arriscado e se volta a vir uma nova onda de infetados vai ser muito difícil recuperar e vai haver quem não consiga recuperar. Nós tentamos ter uma posição positiva e queremos acreditar que as coisas vão melhorar, contudo o futuro é assustador.

Espero que o nosso trabalho árduo seja recompensado e que fiquemos por aqui durante alguns anos.


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Patio do Mercado Negro em Toronto. Foto: Carmo Monteiro

 

  • Carlos Oliveira – Mercado Negro

Como estão a lidar com a pandemia?

Está a ser muito difícil, devido à Covid-19 e à severidade da situação que está a afetar os negócios abertos ao público. Neste momento é difícil lidar com a pandemia porque há demasiadas restrições e toda a gente tem uma opinião diferente. O nosso dia a dia é passado com medo de podermos estar a cometer erros e andamos constantemente a perguntarmo-nos “será que fizemos a sanitização correta?”, “será que as mesas ainda têm seis pés entre elas?”, etc… e basta, a qualquer momento, haver a notícia que uma pessoa ficou infetada com a Covid-19 num estabelecimento para fechar os outros todos. Isto é difícil de gerir não só para nós como também para os meus colegas na restauração. Acho que passar por esta nova realidade nunca passou pela cabeça de ninguém.

Que mudanças foram necessárias fazer ou como se adaptaram a esta nova realidade?

Todas as mudanças que estão estipuladas pela lei. A nossa esplanada tem licença para 105 pessoas, mas agora só podemos receber metade da capacidade e para isso tivemos que tirar as mesas e as outras estão distanciadas entre elas com os seis pés. O nosso dia começa por desinfetar tudo e repetimos esse processo sempre que alguém chega e quando sai. As ementas agora são descartáveis, tivemos que reformular a lista de vinhos e agora está em capas de plástico que têm que ser desinfetadas sempre que forem usadas por um cliente, etc. São muitas normas, pequenos detalhes que acarretam custos que não tínhamos antes. As pessoas não têm noção o quanto custa usar a máscara durante horas ao sol e que por causa do uso excessivo de produtos de higienização estamos a ganhar infeções e irritações cutâneas nas mãos, que é muito doloroso.

A nível financeiro, o investimento está a valer a pena? E qual é o feedback dos clientes?

Claro que estamos contentes por estarmos de volta e a trabalhar, mas é difícil e está a ser um desafio aguentar com os encargos financeiros. Neste momento “está ela por ela”. Só está a valer a pena porque tenho a casa aberta e isto a fazer dinheiro para fazer face às despesas, coisa que não fiz durante alguns meses quando isto começou. O que muitas pessoas não entendem é que, e é um fator muito importante, abrimos todos os dias de manhã sem saber como vai estar o tempo… todos os dias os empregados telefonam-me a saber se podem vir trabalhar de manhã ou à tarde e só respondo depois de olhar para o céu. Não importa se tenho a esplanada com 100 ou 50 pessoas, a equipa das mesas é a mesma e que mais uma vez agrava os custos. Eu não posso reduzir os empregados porque depois isso vai-se refletir na qualidade do nosso serviço… e para nós é importante manter a qualidade. As pessoas gostam de vir aqui porque é uma experiência diferente, pela maneira como servimos a comida. Outro fator muito importante e que é muito desmotivador que é o preço dos produtos, tudo aumentou muito!

Em relação ao feedback dos clientes… temos clientes que não estão preocupados com a Covid-19 e são muito flexíveis, temos clientes que nos pedem para usar as máscaras, temos clientes que não compreendem as regras, em particular o facto das mesas não poderem ter mais que seis pessoas… temos de tudo um pouco. Mas ainda faltam aqueles clientes que gostam de apreciar bons vinhos ao som de música e de estar no meio do barulho, esses ainda não estão a frequentar os restaurantes, porque sabemos que no fundo todos temos um pouco de medo de apanhar a Covid-19.

Que previsão faz para o futuro na restauração?

Para já temos as esplanadas até fins de agosto… a pergunta é: caso isto continuar como está agora, o que vamos fazer depois? O meu restaurante só tem capacidade para 50 pessoas, se tiver que reduzir para metade, eu não posso manter a casa aberta e fecho o Mercado Negro… e não deve ser só o meu caso, há muitos restaurantes pequenos como o meu. Penso que seja este o futuro da restauração.


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Patio do Restaurante Kapital em Toronto. Foto Carmo Monteiro

 

  • Daniela da Silva – Kapital Restaurant & Grill

Como estão a lidar com a pandemia?

A adaptação na primeira semana no início da pandemia foi complicada e difícil, porque tivemos que mudar tudo, inclusivamente a maneira como interagimos com os clientes e isso ainda custou mais. Entretanto já passaram três meses e já estamos habituados com as novas regras.

Que mudanças foram necessárias fazer ou como se adaptaram a esta nova realidade?

Nós não tínhamos esplanada, mas dado a autorização de se poder fazer uma, para ir buscar os empregados que estavam em casa e porque havia muita procura dos nossos clientes habituais decidimos fazer este investimento. Nós tivemos muitos telefonemas e mensagens de clientes a perguntar quando é que íamos reabrir e não queríamos que eles pensassem que os estávamos a abandonar… nós queríamos abrir, mas tínhamos que ter a certa que ia valer a pena. Neste momento, a esplanada e o take-out estão a trabalhar bem desde a primeira semana. Implantámos e seguimos rigorosamente todas as regras de higienização impostas pelo Governo. Também já estamos preparados caso deixem abrir os restaurantes – retirámos algumas mesas e as outras já têm a distância obrigatória entre elas e instalámos alguns separadores em acrílico.

A nível financeiro, o investimento está a valer a pena? E qual é o feedback dos clientes?

O investimento está a valer a pena. Nós estamos a ter uma boa resposta dos clientes desde a primeira semana, não só dos clientes habituais como novos, que são aqueles que vão a passar na estrada e reparam na esplanada e que depois decidem parar.

Que previsão faz para o futuro na restauração?

Estamos positivos e, como todos, queremos continuar abertos a servir os nossos clientes e a comunidade.

Carmo Monteiro/MS

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