Peter Fonseca quer solução para os low-skill workers
“Espero que esta moção seja um caminho ou uma porta para os carpinteiros, pedreiros, etc. – os chamados low-skill workers – conseguirem vir para o Canadá”
Peter Fonseca, MP de Mississauga
Peter Fonseca, MP de Mississauga, apresentou a 31 de outubro uma moção no Parlamento que propõe uma alternativa para os low-skill workers da construção civil. A moção pretende criar um projeto piloto semelhante ao que foi criado para as províncias atlânticas onde estes trabalhadores vão estar aptos a receber a residência permanente.
Entre julho de 2017 e abril de 2018, a economia destas quatro províncias cresceu 1.5% e foram criados 16,000 postos de trabalho. Os postos de trabalho criados foram a tempo inteiro e segundo o governo foram atribuídas 9,000 residências permanentes.
As últimas estatísticas dão-nos conta que em Ontário a construção civil emprega atualmente mais de 400,000 trabalhadores, a maioria no sector da construção residencial (30%) e de novas casas (21%). Na próxima década estima-se que 87.300 trabalhadores vão entrar na reforma, o que corresponde a cerca de 20% da força de trabalho de construção geral em toda a província de Ontário.
A moção 190 apresentada por Peter Fonseca teve o apoio dos três principais partidos da oposição e vai ser avaliada por um Comité durante os próximos seis meses.
Milénio Stadium: A 31 de outubro apresentou uma moção no Parlamento em Otava. De que é que trata essa moção?
Peter Fonseca: O Parlamento tem 338 membros e de vez em quando há um sorteio e alguns de nós têm a oportunidade de apresentar uma moção ou uma lei. Eu tive essa sorte e apresentei a moção 190 que é baseada numa outra moção que foi apresentada por um membro do Parlamento daquela área e que foi bem-sucedida. Estou a falar do projeto piloto para as províncias do Atlântico que foi apresentado pela Alaina Lockhart e que entrou em vigor em janeiro de 2017. Achei que era uma boa oportunidade para a nossa comunidade e para o sector da construção civil. Espero que esta moção seja um caminho ou uma porta para os carpinteiros, pedreiros, etc. – os chamados low-skill workers – conseguirem vir para o Canadá.
Esta moção vai ser agora revista por um Comité que vai avaliar se a moção tem boas hipóteses para ser aprovada e só depois é que poderá chegar aos ministros do trabalho e da imigração.
MS: E quanto tempo é que esta moção pode demorar a ser avaliada?
PF: No máximo seis meses. Mas tenho estado em contacto permanente que alguns dos membros desse Comité que me garantiram que iriam começar a avaliar a moção antes dos seis meses.
MS: Quantos trabalhadores é que beneficiaram do projeto piloto para as províncias do Atlântico?
PF: O projeto piloto ainda está a receber trabalhadores. No caso deste projeto piloto do Atlântico os empregadores é que têm a responsabilidade de encontrar o candidato que é bom para a empresa deles. Há também a possibilidade de eles trazerem a sua família. Acaba por beneficiar o empregador, a província e a economia.
O problema é que até aqui os low-skill workers não tinham acesso à residência permanente, a minha moção propõe exatamente isso. Eles ficariam com residência permanente, podiam trazer a família e mais tarde poderiam tentar obter a cidadania.
MS: Quais são as necessidades da província de Ontário a nível de “low skill workers”?
PF: Tenho ouvido empresários, sindicatos e líderes comunitários e já ouvi muitos números diferentes. No ramo da construção civil fala-se em dezenas de milhares de trabalhadores, mas há estudos que sugerem que não há uma necessidade assim tão grande.
MS: Quais são os requisitos que os trabalhadores têm de preencher para concorrer ao projeto piloto das províncias do Atlântico?
PF: Primeiro têm de corresponder às necessidades do empregador naquele ramo. Depois têm de ter registo criminal limpo e provarem que são saudáveis. Não têm de dominar nenhuma das línguas oficiais do Canadá até porque depois têm a oportunidade de aprender.
MS: Acha que esta moção que propôs é a solução para os low-skill workers?
PF: Acho que sim porque não estamos a formar o número suficiente no Canadá. Os canadianos não fazem carreira neste sector e o “temporary foreign workers” não é suficiente porque os trabalhadores são temporários. Além do mais quando alguém vem para cá trabalhar durante dois ou três anos acaba por levar as suas poupanças para o seu país de origem, o que não é bom para a nossa economia.
MS: O Ministro Federal da Imigração anunciou recentemente que o Canadá precisa de 350,000 imigrantes até 2021. Alguns deles vão trabalhar no sector da construção civil?
PF: Alguns vão para a construção, mas normalmente não é fácil encontrar pedreiros e carpinteiros. Somos um país novo, temos 151 anos, estamos em grande crescimento em termos de população e de economia. Eu moro em Mississauga e só agora é que as estradas que foram construídas há cerca de 40 anos estão a ser renovadas. E nós precisamos destes trabalhadores da construção para continuar com este ciclo.
MS: Há quem sugira que os indocumentados poderiam ser incluídos neste projeto piloto.
PF: Este projeto piloto não é para os indocumentados, eles estão ilegais e já se encontram no país.
MS: Se por acaso esta moção for chumbada, o que é que se segue?
PF: Eu tenho esperança e gostava que o Comité que está a avaliar esta moção tivesse alguma sensibilidade. Quando apresentei a moção no Parlamento tive o apoio dos três principais partidos da oposição – PC, NDP e os verdes. Temos obras um pouco por toda a cidade de Toronto e se calhar elas podiam ser concluídas mais cedo se tivéssemos mais trabalhadores. Mas ainda temos muito trabalho pela frente e não podemos desistir.
Poderia ter apresentado outro tipo de moção, mas achei que esta era importante para a comunidade e para o nosso país.
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