Comunidade

“Estamos a tentar encontrar uma solução justa [para os indocumentados]”, Ministro Federal da Imigração

O Governo Federal organizou sábado (5) uma Town Hall sobre imigração na Oakwood Village Library, localizada na área de Eglinton-Lawrence. O encontro juntou Ahmed Hussen, Ministro da Imigração Federal e três membros do Parlamento.

O encontro durou uma hora e meia e contou com a presença de Carolyn Bennett, membro do Parlamento pela área de Toronto- St. Paul’s; Julie Dzerowicz, membro do Parlamento pela área de Davenport e Marco Mendicino, membro do Parlamento pela área de Eglinton-Lawrence.

A biblioteca foi pequena para tanta gente e o moderador fez questão de explicar no início do debate que o painel de convidados só ia responder a questões colocadas por escrito. A comunidade iraniana violou várias vezes esta regra e interrompeu o debate para perguntar ao Ministro da Imigração por que razão é que as aplicações para obtenção de residência permanente estavam atrasadas.

Ahmed Hussen explicou que o facto do Irão não ter uma Embaixada no Canadá tornava os processos muito difíceis mas garantiu que não quer “manter as pessoas empatadas ou em limbos”. A comunidade iraniana representada ostentava cartazes e vestia t-shirts onde reivindicava mais rapidez na conclusão dos processos.

Hussen fez questão de referir que o Governo não organiza debates desta natureza apenas em véspera de eleições. “Este ano não há eleições federais mas nós estamos aqui. A imigração não é acerca de números mas sim de pessoas”, disse.

No que toca às reivindicações da comunidade portuguesa, foram pedidos detalhes acerca do novo acordo de imigração que prevê a mobilidade de jovens entre o Canadá e Portugal e soluções para os indocumentados portugueses.

O Ministro da Imigração Federal, Ahmed Hussen, e o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas no Exterior, José Luís Carneiro, assinaram na última quinta-feira (3) este acordo em Otava no âmbito da visita oficial do PM de Portugal ao Canadá.

Sobre o novo acordo, o Ministro da Imigração referiu que vai permitir que 2000 jovens passam estudar ou trabalhar em ambos os países. O acordo entra em vigor em 2019 e inclui jovens dos 18 aos 35 anos.

Existem três categorias do programa International Experience Canada (IEC) a que os jovens se podem candidatar: Working Holiday, International Co-op e Young Professional.

O participante do Working Holiday recebe uma permissão de trabalho aberta para ajudar com o custos da viagem, que lhe permite trabalhar em qualquer lugar do Canadá e para mais de um empregador.

O participante do International Co-op recebe permissão de trabalho específica de um empregador para estágio remunerado, que lhe permite ganhar experiência direcionada em seu campo de estudo.

O participante do Young Professional recebe uma permissão de trabalho específica de um empregador para obter uma experiência de trabalho profissional direcionada que esteja dentro de sua área de estudo ou plano de carreira.

O Canadá já assinou 33 acordos de imigração deste género e para Hussed esta é uma oportunidade única. “Graças a este acordo os jovens vão ter a oportunidade de conhecer uma cultura diferente ao mesmo tempo que aumentam o seu currículo académico”, explicou.

Sobre a questão dos indocumentados, Hussen negou a existência de um projeto piloto mas garantiu que o assunto não está esquecido. “Estamos a tentar encontrar uma solução justa. Estas pessoas violaram várias regras, temos que tratá-los todos da mesma forma. O sector da construção civil não pode ter um tratamento diferenciado”, justificou.

Julie Dzerowicz, membro do Parlamento pela área de Davenport, disse que os indocumentados são agora o principal assunto na área que representa, a área com mais portugueses do país. “É importante encontrarmos uma solução clara e justa para os estes trabalhadores”, sublinhou.

Dzerowicz incentivou ainda os imigrantes a melhorarem o seu inglês e adiantou que alguns dos cursos até são gratuitos. “Eu sou filha de imigrantes, a minha mãe é mexicana e o meu pai é ucraniano e eles sempre acreditaram no potencial da educação”, avançou.

O Comité dos Trabalhadores Indocumentados (UWC) esteve representado através de Manuel Alexandre e António Letra que no final do encontro partilhavam um misto de emoções. “Estou contente porque finalmente o Canadá assinou um acordo com Portugal mas em relação aos indocumentados o Governo continua a repetir que está a trabalhar numa solução e até aqui nada. Mas nós vamos continuar a pressionar o Governo sobre esta matéria, doa a quem doer”, referiu.

Alexandre fez um balanço positivo da visita oficial do PM de Portugal ao Canadá mas deixou criticas à deputada de Davenport e ao Governo Federal. “Pelo menos o Costa e o Trudeau já falam em indocumentados. Não estou contente com o trabalho da Dzerowicz e acho que este town hall é salazarista. Hoje tentaram calar-nos, em Brampton foi completamente diferente, não precisámos de escrever as nossas questões, bastava falarmos”, criticou.

O líder do Comité voltou a sublinhar que o nível de inglês exigido para obter a residência permanente deveria ser revisto. “Em Brampton para conduzir um táxi não é preciso falar inglês mas para pregar um prego é preciso ter inglês de nível cinco. Isto está errado e o Governo tem de entender isto”, adiantou.

António Rebelo é brasileiro e questiona os critérios para a entrada de brasileiros no Canadá. “Os brasileiros têm que saber falar inglês e ser ricos. Assim não podemos trabalhar na construção civil, o que não faz sentido porque 35% da mão-de-obra do sector é ilegal. Acho que este debate foi uma tentativa falhada porque não chegou em lugar nenhum. Os indocumentados vão continuar ilegais”, afirmou.

António Letra defendeu que o town hall foi “um começo, como se costuma dizer, a semente foi lançada à terra e agora temos que esperar que ela cresça”. Em relação ao novo acordo de mobilidade para jovens, Letra acredita que é uma mais-valia. “É um plus, os portugueses vão poder vir cá e colher conhecimento intelectual e cultural e vice-versa”, disse.

Em declarações ao Milénio Stadium Dzerowicz prometeu reunir em breve com o governo para se inteirar acerca do novo acordo de mobilidade e logo que possível irá divulgar os pormenores.

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