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Dundas West Festival – “BIA tem que liderar”

AnaBela Taborda é a representante do BIA – Business Improvement Area – que inclui o Little Portugal. Por aquelas ruas, entre a Shaw e a Landsowne, passa realmente muita da história da comunidade portuguesa residente em Toronto. Na semana em que o Milénio dedica grande parte das suas páginas ao futuro da comunidade entendemos importante ouvir a sua opinião.

Milénio Stadium – Sei que houve, recentemente, contactos entre o BIA e a ACAPO para se estabelecer uma eventual parceria entre as duas instituições. Quer contar-nos como surgiu essa ideia e qual foi a vossa proposta para uma eventual colaboração com a ACAPO, nomeadamente, nas comemorações do Dia de Portugal?

AnaBela Taborda – A ACAPO aproximou-se do BIA para pedir o estabelecimento de uma parceria durante o Dundas West Festival de forma a poderem proporcionar à comunidade portuguesa um palco com música 100% portuguesa e programada por eles durante a semana de Portugal. O BIA fez uma proposta à ACAPO e estamos à espera de resposta da mesma. No passado, já houve várias tentativas de colaboração, porque o Dundas West Festival é um festival da zona e não de uma etnia só, mas seria bom haver uma cooperação. Na realidade não depende de nós.  O BIA – Business Improvement Area – tem responsabilidade da área que vai desde a Shaw até à Landsdowne e abrange todos os comerciantes da zona, de todas as nacionalidades e não uma comunidade específica. No entanto, chamando-se Little Portugal e estando numa área que historicamente foi dedicada a Portugal, temos todo o orgulho em manter e desenvolver ações para continuar a divulgar Portugal e a sua cultura. Temos imensas iniciativas para este ano e para os próximos, numa tentativa de não deixar fugir a imagem portuguesa. Durante o Dundas West Festival temos três palcos – um deles, o Heritage Stage, cuja programação é organizada pelo Hélder Pereira com conteúdo, maioritariamente, português. No ano passado para além de crianças, tivemos várias bandas portuguesas, para além do Arsenal do Minho e da Luso-CanTuna. Tentamos, portanto, ter o máximo de conteúdo português. Ao longo de todo o percurso, temos comerciantes portugueses (e não só…) que trazem os seus produtos para a rua para dar a conhecer a cultura portuguesa a quem passa. E isto é o que continuaremos a fazer, de forma a que possamos, mais e mais, retratar e divulgar a cultura portuguesa.

MS – Mas AnaBela em relação à vossa proposta dirigida à ACAPO… ainda não têm a resposta, é isso?

AT – Ainda não temos a resposta, não

MS – E a vossa proposta iria em que sentido?

AT – Era só no sentido de uma cooperação. Nós estamos debaixo das regras da cidade de Toronto e dos seus vários departamentos. Podemos fazer o festival desde que o façamos de acordo com as regras que eles estipulam. Entre outras, temos que ter polícia, recolha de lixo, temos que obedecer a horários, obedecer a estipulações de controle de som, ter zonas livres para passagem de veículos de emergência, caso seja necessário, o cumprimento das regras é vigiado pelos inspectores da cidade. Como tal, quando entramos em parceria seja lá com quem for, é necessário que essas mesmas regras sejam também aceites. Daí que, o BIA tem que liderar o projecto todo. Deixamos que os organizadores dos palcos façam a sua própria programação, mas nós damos o último aval a essa mesma programação. Não podemos arriscar não termos autorização para podermos organizar o festival nos anos seguintes.

MS – Mas a vossa proposta de cooperação incluía a Parada de Portugal?

AT – Não! A Parada não faz parte do pedido de cooperação. É completamente separada. A ACAPO aí lidera do início ao fim. Talvez no futuro aconteça, (Parada organizada em parceria BIA/ACAPO), mas para este ano não havia o mínimo de hipótese. Foi falado, sem dúvida, mas para podermos continuar com o festival, na mesma altura da Parada, a parte logística é bastante mais complicada. Para que isso possa acontecer, todo o processo tem de ser bem estudado, principalmente ao nível da parte logística.

MS – Mas então qual seria a vantagem, de parte a parte, de se estabelecer uma parceria com a ACAPO?

AT – A ACAPO poderia proporcionar à comunidade Portuguesa um palco com música 100% portuguesa e programada por eles durante a semana de Portugal. O BIA mostrou interesse pois seria mais uma forma de propagar música portuguesa e trazer mais audiência ao festival.

MS – A informação que me chegou foi que o BIA, em contrapartida, exigia, por exemplo, controlar os patrocínios que a ACAPO viesse a conseguir…

AT – Nós fizemos a proposta por escrito, mas não houve conversa nenhuma, queremos que durante o festival – e apenas durante o festival, estamos a falar de um dia e meio – tudo o que se passa aqui na rua seja gerido pelo BIA. Porquê? Primeiro que tudo o BIA lida com dinheiro dos contribuintes (taxpayers) e isto é um ponto muito importante, temos de prestar contas de tudo o que é gasto. Gostaríamos de entrar numa parceria, se a ACAPO quiser e estiver de acordo com a nossa proposta, mas como a responsabilidade do que se passa durante esse dia e meio é do BIA, temos de ter a certeza que todos os custos estão cobertos, portanto todas verbas que são diretamente relacionadas com o Dundas West Festival são geridas pelo BIA. Só e apenas. E isto para proteger o taxpayer. O dinheiro não é nosso. O BIA, para além do mais tem open books, tem auditorias e, estamos a tentar gerir todo o processo e sem surpresas desagradáveis. No que diz respeito a dinheiro e ao público somos super cuidadosos. Não estou a insinuar que somos os únicos que sabemos gerir, mas sim que no caso do Dundas West Fest a responsabilidade é totalmente do BIA e como tal temos de liderar todo o processo.

MS – Falando agora com a AnaBela Taborda, não como representante do BIA, mas como portuguesa, como é que vê o futuro da promoção da cultura portuguesa em Toronto? O futuro passa pela ACAPO ou nem por isso?

AT – É uma excelente pergunta e é uma pergunta que é uma faca de dois gumes… para a qual eu não tenho, realmente, resposta.

MS – Mas a AnaBela acha que a comunidade portuguesa está desunida?

AT – Eu penso que, até certo ponto, estamos. Estamos desunidos. Falta abraçarmo-nos uns aos outros. Falta-nos termos uma casa única e não várias, talvez uma casa (Portugal) com vários quartos que representem os vários clubes. Penso que essa era a função da ACAPO unir todas as organizações e honestamente penso que voltará a fazê-lo.

Madalena Balça

 

 

 

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