Comunidade

Bailão quer melhorar rede de transportes públicos

“O metro da baixa é a prioridade número um para a cidade. Localmente o planeamento das rotas de autocarro, tais como a Dufferin, são de extrema importância”

 

Ana Bailão, responsável pela pasta de planeamento da autarquia de Toronto

Nas últimas semanas Toronto teve um dos maiores nevões dos últimos anos e muitos foram os passageiros que se queixaram nas redes sociais de atrasos e de falhas na rede do TTC, a empresa de transportes públicos da cidade. Fomos tentar saber quais são os planos para melhorar os transportes públicos da cidade e tentamos obter respostas através do CEO e do Chair do grupo, mas até ao fecho desta edição tal não foi possível.

Em 2017 o TTC transportou 533,2 milhões de passageiros. Segundo a empresa, em 85% das viagens realizadas dentro da GTA, a área metropolitana de Toronto, os passageiros optam por transportes públicos. As estatísticas em relação ao transporte de passageiros em 2018 ainda não foram disponibilizadas pela empresa no seu site oficial. No entanto, quando comparamos 2017 com anos anteriores é possível perceber que o número de passageiros registou uma pequena descida. Em 2015 cerca de 537,6 milhões de passageiros escolherem o TTC para se transportar, enquanto que em 2016 o número foi de 538,1 milhões.

A rede do TTC tem a particularidade de ser a terceira maior rede de transportes públicos da América do Norte, logo depois de Nova Iorque e México. Em 2014 o atual presidente da Câmara Municipal de Toronto, John Tory, prometeu avançar com o SmartTrack, uma rede que iria revolucionar o sector e em 2017 os torontonianos assistiram à inauguração da extensão de uma das quatro linhas de metro, algo que não acontecia há cerca de dez anos.

Ana Bailão, a luso-canadiana que é vice-presidência da autarquia e agora também responsável pela pasta de planeamento, garante que vai melhorar o sistema de transportes públicos e informa que depois do orçamento municipal ser aprovado vêm aí novidades.

Milénio Stadium: Acha que o serviço do TTC é eficiente?

Ana Bailão: Sou utilizadora dos transportes públicos diariamente e acredito que é um sistema que necessita de investimento tanto nas operações do dia-a-dia assim como na expansão do sistema.

 

MS: Como é a viagem em transportes públicos até à Câmara Municipal de Toronto?

AB: Da minha casa até à Câmara significa caminhar até ao metro e depois uma viagem na linha 2- Bloor-Danforth e depois a mudança na estação St. George para a linha 1- Young-University e ir até à estação de St. Patrick. Na maioria dos dias demora entre 25 a 30 minutos e é bem mais agradável do que conduzir. Mas também há dias bem complicados, especialmente quando o metro tem problemas na sinalização e por vezes a concentração de passageiros nas estações e nas carruagens se traduzem em atrasos e em paralisações.

MS: Agora que é responsável pela pasta do planeamento, quais são as suas propostas ao nível do trânsito e dos transportes públicos?

AB: A pasta do planeamento não lida com questões diárias do trânsito ou por exemplo de manutenção. O que se lida é com o crescimento e planeamento do sistema para responder ao crescimento da cidade. Na minha opinião este trabalho não tem sido feito da melhor forma, portanto vamos ter que melhorar isso bastante. O metro da baixa – downtown relief line- é a prioridade número um para a cidade. Localmente o planeamento das rotas de autocarro, tais como a Dufferin, são de extrema importância.

 

MS: A partir de abril os bilhetes vão aumentar 10%.

AB: É uma medida necessária. Convém notar que temos agora um passe para utentes com rendimentos baixos, crianças com menos de 12 anos não pagam e o programa “Hop on Hop off” de duas horas.

 

MS: Recentemente introduziu autocarros rápidos na Dufferin Street, uma das áreas críticas da cidade onde vivem bastantes portugueses. Teve o resultado que pretendia?

AB: Esta rota de autocarros tem muitas dificuldades e está a sofrer bastante crescimento ao longo da rota. As medidas foram necessárias. O feedback que tenho recebido do serviço de autocarros rápidos tem sido muito bom, mas ainda não estou satisfeita. O trabalho continua. O TTC já está novamente a estudar que outras medidas têm que ser tomadas para melhorar o serviço e responder ao crescimento.

 

MS: Agora representa um bairro com 107 mil habitantes. Na St. Clair o congestionamento é uma das principais críticas dos habitantes.

AB: Temos um projeto de mais de $200 milhões para o alargamento da St. Clair na área da Old Weston Road e o prolongamento da Davenport. É um projeto prioritário.

 

MS: Se o TTC não for eficiente, as pessoas vão acabar por recorrer ao carro o que vai aumentar os níveis de poluição. Sente que é responsabilidade do Estado assegurar o futuro das próximas gerações?

AB: Todos os níveis de governo têm, na minha opinião, a responsabilidade de criar um sistema seguro, sustentável e acessível onde pessoas e bens se possam movimentar.

 

MS: O SmartTrack é um projeto ambicioso. Acha que é a solução para o problema do trânsito?

AB: O trânsito precisa de um network e o SmartTrack vai ser uma peça chave nessa rede.

 

MS: Acha que o nível de investimento no TTC deveria ser maior?

AB: Sim, particularmente do governo provincial que até aos anos 90 pagava por 50% das despesas operacionais do TTC.

 

MS: A autarquia vai investir $1 milhão para reduzir a sobrelotação em algumas rotas. Que rotas é que são essas e quando é que podemos começar a ver resultados?

AB: As rotas serão divulgadas depois de o orçamento estar aprovado.

 

MS: Nos últimos dias a cidade enfrentou um grande nevão, o que condicionou bastante o TTC e o trânsito em geral.

AB: Há dez anos que não tínhamos um nevão desta natureza…

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