Associação Cultural 25 de Abril de Toronto celebrou data feliz
A Associação Cultural 25 de Abril de Toronto fez a sua data feliz: foi o primeiro aniversário desde que faleceu Carlos Morgadinho, um dos seus fundadores. A efeméride foi assinalada na New Casa Abril, em Oakwood, e depois de o trompetista Leo Silva tocar os hinos do Canadá e Portugal, foi a vez de se ouvir a voz do tenor Miguel Domingos.
O escritor e fotógrafo Fernando Penim Redondo foi o convidado especial de Portugal, autor do livro “Crónicas de um Tenente” que acaba de ser lançado e inclui fotografias tiradas na Guiné-Bissau em 1968, quando era tenente.
A viúva e o filho de Carlos Morgadinho marcaram presença no aniversário da Associação Cultural 25 de Abril e recordaram o homem que sempre acreditou nos ideais de abril. Em entrevista ao Milénio Stadium, Rogério Vieira, presidente da Associação, lamentou a morte de Carlos Morgadinho e garantiu que faz muita falta à associação. “Ele foi uma perda muito grande porque era um apaixonado por esta associação e pela escrita. Já eu gosto mais de ler do que escrever e tenho muito pouco tempo para este projeto. Mas a nossa missão é dar continuidade e é o que estamos a tentar fazer”, disse. Vieira tinha 17 anos quando eclodiu a Revolução dos Cravos em 1974, mas recorda-se quando os pais prometeram ir a Fátima se os filhos não fossem para a Guerra Colonial. “Apesar de sermos jovens tínhamos consciência de que aquela guerra não fazia sentido. E íamos para a tropa e não tínhamos nenhuma garantia de que voltávamos vivos porque em 11 anos de guerra morreram cerca de 10,000 jovens e alguns eram casados e tinham filhos”, contou. O presidente garante que é patriota, mas confessa que está a ficar cansado do voluntariado. “Considero-me patriota porque em 34 anos de Canadá, há 32 que estou envolvido com a comunidade portuguesa, a tentar defender aquilo que é nosso. Mas eu também tenho o meu trabalho e a minha família – acho que é tempo de outros abraçarem este projeto”, explicou. Em 2018, Fernando Penim Redondo regressou à Guiné e parte do seu acervo fotográfico faz agora parte de um museu. “Este livro tem mais de 20 fotografias da Guiné, mas eu não fotografei a guerra, fotografei guineenses. No ano passado fez 50 anos que eu tinha embarcado para a Guiné e tive oportunidade de organizar duas -exposições. Levei 47 ampliações e o museu etnográfico de lá pediu-me para ficar com as fotografias porque têm um grande valor documental”, informou.
Redondo é apologista de que a memória coletiva deve ser preservada e que as próximas gerações têm de saber como funcionou a ditadura portuguesa. “Todo o passado deve poder ser mostrado em termos museológicos por isso não me oponho à criação de um Museu Salazar em Santa Comba Dão. E sou defensor de que o Forte de Santo António da Barra, em Cascais, onde Salazar caiu da cadeira, também deveria ser transformado num museu, em vez de ser vendido pelo Estado”, justificou.
Redondo agora é colecionador de máquinas fotográficas e está a tentar criar um museu. “Tenho quase 500 máquinas fotográficas e gostava de doar este equipamento para um museu porque, pelo menos Lisboa, não existe nada do género. Estou em conversações com várias Câmaras e espero que cheguemos a bom porto”, assegurou.
A noite terminou com Miguel Domingos que cantou “E Depois do Adeus” de Paulo de Carvalho e com a atuação da Luso-Can Tuna cujo repertório incluiu a nova música “Parte tudo”.
Joana Leal/MS
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