Editorial

Doar ou Não Doar

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Como se a Covid e o clima não estivessem já a criar dilemas que cheguem, o escândalo que envolve uma organização de caridade está a retirar o foco da nossa nova vida normal e está a colocar o holofote sob a questão de doar às organizações de caridade.

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Cartoon by Stella Jurgen

No seu núcleo, o conceito de caridade é nobre e apresenta oportunidades para contribuir para a sociedade, de forma a diminuir as desigualdades para aqueles que poderão não ser tão afortunados quanto nós.

O caso do WE Charity está a gerar um verão de descontentamento entre os canadianos, colocando o atual governo minoritário numa ribalta negativa e à qual poderá até não sobreviver.

O caso WE Charity é apenas o mais recente numa série de escândalos políticos relacionados com o conflito de interesses e será interessante ver se o voto dos canadianos será numa perspetiva de perdão ou se vão sepultar o Robin Hood que tem estado a oferecer dinheiro desde março. A teia de organizações criada por Kielburgers para ocultar movimentos de fundos monetários de empresas com ou sem fins lucrativos, criou um efeito bola de neve de confusão e desconfiança para os apoiantes de caridade. O emaranhado de mensagens dos fundadores e a amnésia demonstrada pelos funcionários do Governo envolvidos resultaram num comité federal judiciário a investigar todos os assuntos relacionados com o WE. O labirinto criado para esconder a verdade, juntamente com a atitude de que a maçã não está podre, tem como resultado a desconfiança por parte de muitos apoiantes de organizações de caridade. A todos aqueles que continuam a lutar por fins de caridade, a complexidade do WE irá dificultar o processo habitual. A caridade assume muitas formas, desde doar para o Banco Alimentar onde, semanalmente, recebem 20,000 clientes, a dar uma sopa a um vizinho com fome. Com o aumento da pobreza, prevê-se que a necessidade de olharmos uns pelos outros não irá diminuir nos próximos tempos. Para que a sociedade funcione e para que as abordagens radicais de muitos terminem, a entrega de serviços aos pobres terá que ser alterada. 

Grandes organizações de caridade têm-se transformado em corporações sem a supervisão adequada, onde os doadores não compreendem o seu funcionamento. É fundamental existir transparência para garantir que aqueles que doam sabem aquilo que os seus fundos apoiam. Está na altura de impedir que as organizações de caridade criem uma existência baseada no serviço próprio, com salários elevados, sem outro objetivo senão enriquecer-se.

O Governo, encarregado do nosso dinheiro, deve ser responsabilizado e o eleitorado tem de enviar uma mensagem forte de que o código de ética deve ser reforçado e que os políticos privilegiados que infringem a lei têm que ser punidos.

À medida que a instituição de caridade Magellan embarca no caminho de construir um lar para os mais vulneráveis, os desafios de apelar por fundos serão muitos. Os diretores do Magellan são voluntários e doadores. Precisamos que a comunidade insista sobre a gestão e transparência mas, ao mesmo tempo, abrace as necessidades de uma comunidade. Venha e vamos fazer isto acontecer.

Obrigado.


Editorial in English

To Give or Not to Give

To Give or Not to Give As if Covid and the weather didn’t provide enough heat, a major scandal regarding a charity is taking the focus from our new-normal life and placing the spotlight on charitable giving.

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Cartoon by Stella Jurgen

At its heart, the concept of charity is noble and presents opportunities to give back to society to flatten the curve for those who may not be as fortunate as we are.

The WE Charity affair is stocking a summer of discontent among Canadians, placing the current minority government within a negative limelight which they may not be able to survive.

WE Charity is just the latest in a series of political scandals related to conflict of interest and it will be interesting to see if Canadian voters will be in a forgiving mood again and will bury Robin Hood who has been giving away money since March. The cobweb of organizations created by the Kielburgers to conceal movements of funds from for profit to non-profit corporations has created a snowball effect of doubt and confusion for charity supporters. The entanglement of messages by the founders and the amnesia shown by government officials involved resulted in a federal judiciary committee investigating the affairs of WE. The labyrinth created to conceal the truth coupled with an attitude that the apple is not rotten has resulted in a loss of confidence across many of the supporters of charities. For those fighting to continue charitable work, the complexity of WE will make it difficult to proceed normally. Charity comes in many forms, from giving to a Food Bank, where 20,000 people are now weekly clients, to giving a bowl of soup to a hungry neighbour. The need to look after each other as poverty is growing will not wane for a while. Delivery of services to the poor will have to change if society is to function and if we expect radical approaches by many to end.

Large charities have become broad corporations without proper oversight where donors do not understand how they operate. Clarity is required to ensure those who give know what their funds support. It’s time to stop charitable organizations form an existence where a self-serving high salaried culture exists for no other purpose than enriching themselves.

Governments entrusted with our money should be held accountable and until the electorate sends a strong message that the code of ethics is to be enforced and privileged politicians who break the law need to be punished.

As Magellan Charities embarks on the path of building a home for the most vulnerable, the challenges of appealing for funds will be many. The Directors of Magellan are volunteers and donors. We need the community to insist on governance and clarity but simultaneously embrace the needs of an entire community. Come along and let’s make it happen.

Thank you.

Manuel DaCosta

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