Editorial

Desporto – Diversão ou Escravatura?

Em 2014, na América do Norte, o negócio do desporto valia 60.5 biliões de dólares. Estima-se que irá chegar aos 73.5 biliões de dólares em 2019. Em cinco anos houve um crescimento de 20% e o principal motivo é o aumento da receita dos contratos de direitos dos media, que prevê ultrapassar as receitas de bilheteira, tornando-se o maior segmento da indústria desportiva.

Em comparação, hoje em dia, globalmente a indústria desportiva tem um valor que vai dos $480 aos $620 biliões.
A indústria desportiva tornou-se num negócio que, para entreter mais, faz o intercâmbio de seres humanos e os espectadores, mais exigentes, vivem enfeitiçados com a natureza competitiva do seu desporto favorito.
O futebol é, de longe, o desporto número um no mundo. Algumas estimativas sugerem que tem um valor de $500 biliões, mas pode ter até $1.3 triliões, devido a negociações não declaradas e dissimuladas por parte das empresas de gestão desportiva e dos agentes que hoje controlam o negócio do desporto.

Estes agentes e agências tornaram-se superestrelas que, em conjunto com os donos das equipas (SAD’s), trocam uma mercadoria com o nome de ser humano, como se fossem uma ação ou título.

Este editorial foca-se sobretudo no futebol, como o maior desporto do mundo, que atrai fãs fanáticos que são encorajados pelos clubes de apoio, o que em troca gera negócio. As 20 equipas de futebol mais valiosas do mundo combinam um valor de $1.69 biliões. Este aumento de valores resulta do crescimento da receita. Na época 2016-2017, as 20 equipas principais ganharam uma média de $428M, 40% mais do que nos cinco anos anteriores. Estes ganhos, juntamente com a receita das bilheteiras, devem-se às vendas de mercadorias, comida e trocas e/ou vendas de jogadores. Em 2017, os quatro jogadores mais bem pagos eram o Cristiano Ronaldo, LeBron James, Lionel Messi e Roger Federer. A maioria só ouve falar do top de jogadores para elevar o perfil das equipas, resultando em mais vendas e num valor mais elevado para a equipa. O elenco de jogadores de apoio, mesmo que bem pagos, estão ali para apoiar a “estrela” da equipa.

A visão global da indústria desportiva demonstra que existe pouca lealdade por parte dos jogadores, donos e agentes para com as cidades/países onde jogam. É um trabalho de vigaristas, perpetuado por uma indústria que alimenta muitos carrascos, numa sociedade que serve desporto medíocre a clientes insatisfeitos. E, tal como dizem, “temos sempre o próximo ano”, o problema é que no próximo ano tudo vai continuar igual. A saga do Kawhi Leonard é um exemplo perfeito de um jogador que desempenhou um papel digno de um ator e a cidade acreditou. Ele nunca teve a intenção de ficar em Toronto e, na verdade, foi forçado a assinar com Toronto. Esta charada fez com que milhares de pessoas lhe implorassem para ficar e os políticos atropelavam-se para o impressionar. Sim, ganhámos a taça, mas perdemos a nossa dignidade. Algum jogador merece este tipo de bajulação? Um pouco mais de sofisticação teria reconhecido as suas verdadeiras intenções desde o início. Não existe lealdade no desporto.
É um negócio egoísta que se pode comparar aos antigos dias de escravatura e à troca de animais e outros bens em feiras. Neste caso, os seres humanos são os itens a serem negociados e as pessoas que espalham o fanatismo do desporto apoiam os donos e os gestores egoístas a completarem as transações.

As pessoas jovens devem praticar desporto e tentarem melhorar-se a si próprias. Infelizmente, cada vez mais surge na alma a ganância que evoca visões de estrelato e dos dólares que o acompanham. Estas são meras fantasias que irão desapontar 99% daqueles que tentarem viver neste mundo de ilusões. Terminarei por repetir uma publicação que, na minha opinião, descreve o negócio do desporto: “Pessoas falsas são simpáticas apenas quando é conveniente, porque têm uma agenda escondida.”

A agenda escondida és tu.

Manuel DaCosta

Cartoon: Stella Jurgen

Sports – Fun or Slavery?

The business of sports in North America was worth $60.5 billion in 2014. It is expected to reach $73.5 billion in 2019. In five years, has been a growth of about 20% and the biggest reason for such growth are projected increases in revenue from media rights deals which predicted to surpass gate revenues as the sports industry largest segment.

In comparison, today’s global sports industry is worth between 480 and 620 billion dollars.
The sports industry has become a business which trades in human beings and animals in order to entertain more and more, demanding spectators infatuated with the competitive nature of their favourite sport.

Soccer is by far the #1 sport in the world. Some estimates suggest a value of $500 billion but could be as high as $1.3 trillion because of unreported and underhanded dealing by sports management companies and agents who today control the business of sports.

These agents and agencies have become superstars who together with team ownership (SAD’s) trade a commodity called human beings as if they were a stock or a bond.

This editorial will focus mostly on soccer as it is the biggest sport in the world attracting fanatical fans who are encouraged by supportive clubs, which in turn generates business. The 20 most valuable soccer teams in the world are worth an average of $1.69 billion. This surge in values has been the result of revenue growth. The top 20 teams earned an average of $428M in 2016-2017, up more 40% than five years ago. These earnings, in addition to gate receipts, are due to merchandise sales, food and trading of players. In 2017, the top 4 players in earnings were Cristiano Ronaldo, LeBron James, Lionel Messi and Roger Federer. Most only hear about the top players to raise the team’s profile, resulting in more sales and added value to teams. The supporting cast of players, while well paid, are there to support the “star” of the team.

An overview of the sports industry shows that there is little loyalty of players, owners and agents to cities/countries they play in. it’s a con job perpetrated by an industry that feeds many hangers in a society that feeds mediocre sports to unsatisfied clients. As they say, “there is always next year”, except next year will be the same. The Kawhi Leonard saga is a perfect example of a player who perpetrated an acting job on a city and the entire charade had thousands of people begging him to stay and politicians falling over each other to impress him. Yes, we won the cup but lost our dignity. Is any player worth this type of adulation? A little more sophistication would have recognized his true intentions right from the start. There is no loyalty in sports.

It’s a self-serving business comparable to the old days of slavery and the bartering at fairs for animals and other items. In this case human beings are the item being negotiated and people who spread the fanaticism of sports, support greedy owners and managers in completing the deals.

Young people should be in sports and try to improve themselves. Unfortunately, more and more greediness enters the psyche and conjures up visions of superstardom and dollars that go with it. These are merely illusions that will disappoint 99% of those who try to live within this illusionary world. I will end by repeating a post which, in my mind, describes the business of sport: “Fake people are only nice when it’s convenient for they usually have a hidden agenda”.

The hidden agenda is you.

Manuel DaCosta

Cartoon: Stella Jurgen

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