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22 DE JANEIRO DE 2021

Está disponível mais uma edição do Milénio Stadium!

Edição 1520 – 21 DE JANEIRO DE 2021

 

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No outro dia, enquanto via um filme de guerra antigo, tornou-se evidente que os homens que combatiam não tinham todos a mesma importância no que diz respeito a viver e morrer. Os comandantes da guerra nunca eram os primeiros na linha da frente. Esse trabalho pertencia aos soldados de patentes inferiores que, muito provavelmente, iriam morrer. Mais tarde, seriam reconhecidos pelos comandantes como heróis que deram a sua vida por uma boa causa. O comandante voltaria a fumar o seu charuto sabendo que existiriam mais soldados dispostos a morrer sob comando. É bom brincar a Deus e decidir quem vive e quem morre. A guerra à Covid-19 tem vários componentes semelhantes, particularmente agora que contratámos comandantes de guerra para garantir que a vacina, ainda a ser materializada, é distribuída e injetada com eficácia militar. Na minha perspetiva, os cidadãos deste país ainda têm um longo caminho de espera até que este plano dê frutos e, entretanto, as decisões entre viver e morrer estão a ser tomadas pelas instituições médicas. Apesar de o planeamento ser importante em todos os aspetos, é também imperativo que nos seja retratada a realidade da situação para que as falsas esperanças não se tornem numa realidade do jogo político.
Já há alguns meses que uma das expressões mais utilizadas é “trabalhadores da linha da frente”. Muitas vezes, estes heróis são referidos como tal devido ao trabalho que desempenham. Embora devam ser feitos elogios a estes indivíduos, é essencial compreender quem são os trabalhadores da linha da frente para compreender a forma como a sociedade hoje funciona. Os trabalhadores mencionados frequentemente são enfermeiros, médicos, bombeiros e paramédicos, mas então e todos aqueles que deveriam ser considerados e de que ninguém fala? São muitos os que fazem diferença na sociedade, na melhoria dos outros, e que diariamente saem à rua de todos os países para fazer o trabalho de Deus. Pense nos pais que estão confinados às suas casas, a tomar conta dos seus filhos e dos mais idosos, pense naqueles que dormem na rua e no que aconteceria se bons samaritanos não lhes providenciassem conforto todos os dias? Pense nos estranhos com palavras generosas para aqueles que nunca as ouvem. Pense em professores, coletores de lixo, auxiliares de cozinha, políticos e muitos outros que fazem o seu trabalho sabendo que são um componente necessário para a sobrevivência. Alguns podem questionar-se porquê os políticos quando muitos estão a ser criticados pelo trabalho que estão a desenvolver. Tem de se lhes dar crédito por aguentarem as pressões diárias de governar numa atmosfera de incerteza. Não são especialistas nem educadores e dependem do conselho de muitos que têm pouca experiência na vida das ruas e, portanto, não compreendem o cidadão comum. Muitas vezes, o desafio assustador de cuidar dos doentes e dos pobres recai nas mãos de pessoas que nunca foram marginalizadas ou sofreram com fome, sendo assim, como é que podem compreender? Vamos honrar todos os componentes da sociedade que, sem pensarem neles próprios primeiro, se colocam à frente das questões que nos afligem.
O legado desta pandemia poderá ser o tumulto da saúde mental e o despertar racial. Esta guerra tem sido disputada durante vários anos, mas é agora acentuada. O medo da perda de liberdades civis está a conduzir a uma insurreição de muitos que temem que a perda de poder crie um vácuo que será preenchido por agentes políticos e não pelo cidadão comum. A falácia do poder é que este não se pode perder nem ser conquistado. É um conceito precetivo com o qual ocupámos o nosso cérebro. As lideranças da linha da frente, com uma visão de pensamento hierárquico, agravam o conceito de poder, com a mensagem sugerindo que seguir as suas ações fará a diferença na sociedade, sem ter em conta o facto de que os seguidores tentam atingir os seus resultados com violência. Martin Luther King foi um trabalhador da linha da frente, orando a milhares de pessoas frases maravilhosas enquanto tentava fazer a igualdade chegar a todos. As pessoas tornaram-no num herói, mas onde estão os resultados hoje? O movimento Black Lives Matter assumiu a batuta do herói, reivindicando igualdade social e um protesto não-violento. São esses os trabalhadores da linha da frente que queremos alcançar? 80 milhões de americanos pensam que não. Abraçar todos os que lideram a sociedade para o conforto irá atingir os resultados que precisamos e conduzir-nos-á até onde precisamos de ir. Vamos todos ser trabalhadores da linha da frente, sem a necessidade de sermos aclamados como heróis.

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