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15 DE JANEIRO DE 2021

Está disponível mais uma edição do Milénio Stadium!

Edição 1519 – 15 DE JANEIRO DE 2021

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Com os ventos frios a varrerem o solo canadiano somos abraçados por um sentimento de incerteza em relação às nossas vidas. Mais do que nunca, permanecem questões sobre o que o amanhã nos trará, a incerteza está na ordem do dia e a frustração está a afetar a maioria dos que sentem que não estão a ser liderados de forma adequada e não estão a ser esclarecidos pelos órgãos políticos. Os níveis de frustração estão a atingir o seu auge, à medida que os cidadãos estão a desprezar a liderança política e estão a tomar medidas pelas próprias mãos. Queixas que antes não passavam de aborrecimentos do coração tornaram-se, para muitos, decisões entre a vida e a morte. Para muitos, colocar comida na mesa e proporcionar qualidade de vida tornou-se impossível e sem alternativas para uma situação melhor no futuro. O mundo está num estado caótico e, de muitas formas, as atitudes sugerem que é cada um por si, sem consideração pelos seus vizinhos.
A OMS pediu ao Canadá que partilhasse as vacinas com países mais pobres e o Canadá recusou. E porque é que um país como o Canadá deveria dizer sim antes de olhar pelos seus próprios cidadãos? Estaremos melhor posicionados para ajudar, tal como outros países fortes e democratas, depois de estarmos economicamente estáveis, aí poderemos partilhar a nossa riqueza. Infelizmente a democracia transformou-se a ela própria numa forma de governar através de leis de emergência, atribuindo poder a indivíduos intelectualmente inferiores a quem lhe falta um treino adequado na administração dos seus cidadãos. Porém, este é o tipo de pessoas que atraímos para o sistema político.
Existe uma guerra no vento. É uma guerra que será disputada para preservar ideais e conquistar aspirações futuras. Quem irá disputar esta guerra? Todos aqueles que se importam com o mundo em que vivem e com a qualidade da sustentabilidade que visualizam. Esta guerra não será uma de anarquia, mas sim de desgaste, onde as vítimas serão os nossos líderes políticos. Como pagamento por erros e pela governação fraca serão tratados com dureza por aqueles que são suficientemente inteligentes para fazer o seu voto valer. Sem contar com os regimes que tornam os seus cidadãos subservientes e desprovidos de oportunidades para se fazerem ouvir, as democracias no mundo estão a viver um falso sentido de segurança. Por toda a parte está a espalhar-se uma corrente de raiva que, num futuro não muito distante, irá ferver até à superfície. A insurreição será carregada pela gente comum. Abanem a cabeça aqueles que acreditam que a manifestação no edifício do Capitólio nos EUA foi um ataque à sociedade livre. Esta foi uma mensagem para o sistema político estar ciente de que as vozes das pessoas têm de ser ouvidas. Por mais que o protesto tenho sido um sinal do quão revoltadas estão as pessoas e de que certas vozes não estão a ser ouvidas, foi um dia histórico em que os cidadãos se apoderaram de parte do país que construíram e disseram “chega”. Foi um mau dia que tinha de acontecer e a guerra de sedição continuará em muitas frentes.
Os últimos dias, ao caminhar por Lisboa, têm desafiado o sentido sobre aquilo que o mundo se tornou. Embora existam muitos rostos de insubordinação, existem muitos outros de resignação percebendo que as coisas só irão piorar. São poucos aqueles que se sentam ao colo de Fernando Pessoa para tirar uma fotografia e a cada esquina notas de música vazias, onde um chapéu no chão é a esperança da próxima refeição. Este é o pano de fundo de onde os ventos de guerra irão surgir. Somos todos iguais, mas alguns mais que outros. A pobreza e o desespero podem ser o que os ventos frios carregarão para as nossas almas e talvez decidindo que a vida não é assim tão importante. Talvez não seja assim tão triste ir para um lugar onde, eternamente, ninguém nos julgará e estaremos em paz. Olhei para o rosto cansado e preocupado da minha mãe, para os olhos vazios do meu sogro que, repentinamente, na quarta-feira decidiu que não havia mais nada para dar a esta vida e recebi a notícia da morte da querida mãe da Maria do Carmo e, de repente, percebi que, se não tivermos cuidado, as notas musicais vazias a subir e descer as ruas do Chiado serão o futuro para todos nós.
Tanto para a Maria, quanto para a Cristina – choramos com vocês as vossas perdas.
Fique bem na sua guerra.

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