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O bom, o mau e o caricato

Humberta Araujo

A visita do primeiro-ministro António Costa, serviu, entre outros, para mostrar que, o jornalismo a sério e a opinião crítica, cujo intuito é o de esclarecer e promover a discussão, não são fáceis nesta comunidade, para mal democracia.
Por isso, continuamos o caminho traçado, ao trazer nesta edição os vários ângulos, as opiniões e as reportagens jornalísticas.

O bom: Nesta visita, realço o que de positivo ela trouxe ao sector económico, ao permitir contatos e troca de ideias, entre governos e empresariado, no âmbito do acordo económico entre o Canadá e a União Europeia: o (CETA). Esta oportunidade de relações, acolhida pelo “Economic Club”, deu voz, uma vez mais, a muitos do costume. Espera-se, contudo, que tenha facilitado permuta de oportunidades, para novos empresários/as, que procuram ocasiões de negócio, sem continuarmos a privilegiar sempre aos mesmos, pois de papel higiênico a cores, acho que estamos já bem apetrechados/as, obrigada!

Os resultados práticos desta abertura de mercados estão aí, e um dos que mereceu mesmo visita ministerial, foi a Frulact Group, uma empresa agroalimentar portuguesa. Associada à Kingston Economic Development Corporation, (KEDCO), a Frulact é não só um investimento, com possibilidades de expansão, mas também uma aposta política, que pretende calar as vozes do descontentamento em Kingston. De realçar, que os governos federal e provincial, contribuíram até ao momento, com $6 milhões de dólares para a Frulact.

Portugal foi acolhido calorosamente, sendo notório o facto, de o atual governo canadiano, apostar fortemente na possibilidade que Portugal oferece, como porta de entrada na Europa. Não foi por acaso, que o Ministro do Comércio Internacional, François-Philippe Champagne, discursou durante 25 minutos, a enfatizar as “benfeitorias” deste relacionamento com Portugal, através do CETA.

Positivo, em termos de esclarecimento, foi a posição do Ministro da Imigração, Ahmed Hassen, quanto ao PP e indocumentados. Hassen, confirmou que soluções estão a ser estudadas, mas que há que ter em conta, que as respostas são multifacetadas, porque não podem estar centradas só na solução para os trabalhadores da construção, mas também para os milhares de indocumentados/as noutras profissões. Já o Secretário de Estado das Comunidades, em conversa com o Milénio, dizia mesmo haver muita confusão nesta matéria, e que se está a dar passos muito positivos para simplificar os processos de candidatura, relaxando as exigências no campo da proficiência da língua inglesa, a favor da experiência profissional.

Positiva também foi a assinatura do acordo de mobilidade jovem, que vai permitir a entrada anual de 2000 jovens portugueses no Canadá e vice-versa. Portugal é o 35° país a fazer parte deste programa, sendo o único cuja idade limite está nos 25 anos, enquanto os outros países vão até aos 30/ 35 anos. Uma boa oportunidade para os/as jovens ganharem experiência, mas também um risco, especialmente para Portugal, que tem visto muitos cérebros jovens a abandonar o país. Para o Canadá, é a inovação e a criatividade jovem que está em causa, e que pode transformar-se em residência permanente. Todavia, ainda não há datas nem regulamentos, para pôr em prática este programa, para Portugal. Positivo espero, seja a imagem de paridade, que a comitiva levou consigo: o elevado número de mulheres em posições de poder no Canadá, uma lição para os governos portugueses.

O Mau: O esquecimento da comunidade portuguesa em Toronto, das muitas instituições culturais e sociais, da sua juventude e idosos. Esta foi uma visita, sem dúvida, de caráter político e económico, e diria mesmo elitista. Para além de uma grande confusão, quanto a questões protocolares, os organizadores portugueses de lá e de cá, esqueceram-se de celebrar o trabalho do imigrante comum, que dá centenas de horas voluntárias para manter vivas a cultura e a língua portuguesas, sendo o principal embaixador da portugalidade no Canadá, e que no anonimato constrói relações, “comercializando” e ”publicitando” o Portugal de hoje.
Negativo também o facto de António Costa, trazer consigo o presidente do governo regional dos Açores, Vasco Cordeiro, a região portuguesa, que mais contribuiu com homens e mulheres para este país, sem lhe dar o valor devido. Costa, perdeu uma das muitas ocasiões, para falar da contribuição das regiões autónomas no desenvolvimento das relações entre países, ao, por exemplo, preferir dar importância à TAP e à Air Canada, esquecendo por completo, uma companhia, que daqui nunca arredou pé, mesmo em tempos difíceis: a SATA.

O caricato: Bom, claro, o apagão nas instalações da LIUNA. Não porque o mau tempo fez das suas, mas muito simplesmente, porque ninguém entende como é que uma organização, que pretende ser topo de gama, não tenha um gerador para casos de emergência.
Obrigado, thank you, merci monsieur le premier ministre, António Costa.

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