Comunidade

Nossa Senhora do Monte celebrada em Toronto

A Casa da Madeira Community Centre de Toronto realizou nos passados dias 18 e 19 de agosto, a grandiosa festa anual em honra da Nossa Senhora do Monte, a padroeira dos madeirenses.

O bom tempo e a fé atraíram centenas de pessoas ao Madeira Park, onde não faltaram jovens e as tradicionais iguarias da gastronomia madeirense. Alguns optaram por acampar ou por se deslocar em autocaravana para aproveitarem ao máximo o fim-de-semana. O Madeira Park foi comprado em 1963 e a nível musical participaram Emily Cabral, New Touch e Décio Gonçalves.

No sábado fizeram o cortejo e a tradicional romagem de ofertas para o bazar ao som da Banda Lira Portuguesa de Brampton e depois foi a vez do Rancho Folclórico da Casa da Madeira atuar.

A Nossa Senhora do Monte foi celebrada com missa e procissão de velas no menu não faltaram as famosas espetadas madeirenses, o bolo do caco e as malassadas. A Romaria de Nossa Senhora do Monte data aos primórdios da colonização da ilha da Madeira e é sem dúvida o maior e mais concorrido arraial cristão da ilha.

Em declarações ao Milénio Stadium, Salomé Gonçalves, presidente da assembleia geral da Casa da Madeira, disse que “esta festa é especial, aqui e na Madeira. Julgo que ao ar livre será a maior festa da comunidade portuguesa de Toronto”.

Zélia Faria nasceu na Madeira e desde 1971 que vem à festa da Nossa Senhora do Monte celebrar a sua fé. Albino Moreira não é madeirense, mas todos os anos vem ao Madeira Park. “Gosto muito de participar na procissão e de conviver com os meus amigos”, contou. Desde que se reformou João Severiano passa os seus dias entre a Madeira e o Canadá e quando cá está faz questão de vir à Nossa Senhora do Monte. “Eu sou um homem de fé e esta santa é milagreira, por isso é que temos sempre bom tempo nesta altura”, explicou.

São várias as lendas associadas a este grande arraial, são exemplo disso a Lenda da Aparição de Nossa Senhora a uma Pastorinha, dos Huguenotes ou Calvinistas Franceses e a lenda da Ribeira das Cales, entre outras.

As festas iniciam-se com as tradicionais novenas, uma sequência de nove missas realizadas em honra de padroeira, que tem a particularidade de se iniciar com a Ladainha a Nossa Senhora, uma oração que consiste em invocações curtas e respostas repetidas, que tradicionalmente são feitas através do canto e que em muitas paróquias, particularmente nesta, ainda são pronunciadas em latim.

Na Madeira, estas novenas são organizadas em diferentes sítios da freguesia e cada local faz o seu melhor, nomeadamente através da decoração da igreja e do arraial.

Nesta grande festa popular, o Monte é enfeitado com os tradicionais corredores de flores coloridos e não faltam as barracas de comes e bebes, os tradicionais colares de rebuçados, os bonecos de massa e todas as outras atrações típicas dos arraiais madeirenses. A festa dura a noite toda e quem vai ao Monte tem que visitar a Igreja e rezar à Nossa Senhora do Monte.

A Nossa Senhora do Monte e a Igreja, com a sua soberba escadaria, assumem-se como o grande ex-líbris de toda a festa.

Lenda da Aparição de Nossa Senhora a uma Pastorinha

Não existem documentos que fixem a data exata da lendária e miraculosa aparição da Virgem a uma humilde pastorinha no local, também lendário, do Terreiro da Luta.

Conta-se que no final do século XV, entre outubro de 1477 e outubro de 1945 a cerca de 1 quilómetro acima da igreja de Nossa Senhora do Monte, na localidade do Terreiro da Luta, uma pastorinha brincava durante a tarde, quando uma senhora apareceu e lhe ofereceu uma merenda. A pastorinha, muito satisfeita, contou o sucedido à sua família, que não acreditou na sua história, por ser improvável que naquela mata deserta e tão afastada da povoação aparecesse uma senhora. Na tarde do outro dia, a menina voltou para o local onde a senhora voltou a dar-lhe merenda, e a pastorinha contou novamente à família.

No dia seguinte, à hora indicada pela pastorinha, o seu pai foi de modo oculto observar a cena. Foi quando viu sobre uma pedra uma pequena imagem de Maria Santíssima e, à sua frente, a inocente pastorinha que se apressou a dizer-lhe que era aquela imagem a senhora de quem lhe falava.

O pai, perplexo, não ousou tocar a imagem e comunicou o facto à autoridade, que mandou colocar a imagem na Capela da Encarnação, ermida mandada construir por Adão Gonçalves Ferreira em 1470, próxima da atual igreja de Nossa Senhora do Monte. Deu-se, desde então, este nome àquela veneranda imagem.

Atualmente podemos ver na entrada principal da Igreja de Nossa Senhora do Monte um azulejo alusivo a esta lenda.

Lenda dos Huguenotes ou Calvinistas Franceses

Em Outubro de 1566, estando ausente em Lisboa, o 5º Capitão-Donatário do Funchal, Simão Gonçalves da Câmara, aportaram à Madeira, em onze navios, cerca de mil e duzentos homens, corsários franceses da religião de Calvino que invadiram, saquearam e roubaram a nossa ilha.

A Igreja de Nossa Senhora do Monte também sofreu os danos cometidos por essa terrível pirataria.

Segundo refere Gaspar Frutuoso em “Saudades da Terra” – “Os hereges franceses, nas suas fúrias de destruição foram à Igreja de Nossa Senhora do Monte, e um deles pegando na imagem da Virgem despiu-a, atirando-a, pelos degraus de pedra, para a despedaçar. Porém, os degraus fizeram-se em pedaços e a imagem ficou intacta.

Arremessando com fúria a Imagem aos degraus, pela terceira vez, uma lasca de pedra viva saltou, penetrando no coração do herege que ali morreu instantaneamente”.

Lenda da Ribeira das Cales

A Ribeira das Cales localizada a meio caminho para o Poiso e a uma altitude de 1980 metros, pertence, ainda, à área territorial da freguesia de Nossa Senhora do Monte.

A água que corria nesta ribeira, em volume caudaloso, era aproveitada para rega dos campos ressequidos e, até mesmo, para uso domiciliário e doméstico. Esta água era, assim, desviada, em parte, por levadas que vinham de grandes distâncias até chegar ao destino desejado pelo captor.

Refere a lenda que, inexplicavelmente e de súbito, a água daquela ribeira e da nascente, que a abastecia, secou.

A população do Monte juntou-se e levou, em romagem, a milagrosa imagem da Senhora do Monte, até à nascente da ribeira, onde água se sumira, e eis que o milagre se operou: a água apareceu de novo, em volume caudaloso, que as gentes canalizaram em “cales” até às levadas, voltando o vigor e a frescura às culturas hortícolas das fazendas do Monte. Desde então ficou designada por “Ribeira das Cales”.

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