Comunidade

Media comunitários para onde caminhamos?

A imprensa escrita atravessa um dos momentos mais críticos da sua história. O debate não é novo e tem vindo a ganhar força com o fácil acesso aos conteúdos a que acedemos na internet. Desde que surgiram no panorama mundial, os media já enfrentaram várias revoluções e cada um, de certa forma, tem conseguido readaptar-se aos novos desafios que se impõem. Todos os fenómenos novos têm repercussões, algumas demoram mais tempo a manifestar-se, ou melhor dizendo, serem avaliados. Senão veja-se o recente debate em torno das fake news, as chamadas notícias falsas. A facilidade com que cada um cria conteúdos online e os dissemina, através das redes sociais, por exemplo, fez-nos perceber que esse é um caminho perigoso que põe em causa a espinha dorsal dos media – a credibilidade.

Posto isto, por cá, em Toronto, os desafios são ainda maiores na medida em que existem dúvidas em como comunicar para as novas gerações portuguesas. Se por um lado há os que dominam a língua, outros já só falam inglês. O início desta viagem começou na década de 50, quando existia uma tremenda avidez de informação na língua mãe. E porque para entender o presente e traçar caminhos para o futuro, é essencial ir a fundo nesta caminhada, o “Milénio Stadium” foi investigar e traz-lhe parte da história, ou uma versão dos factos, se preferir.

A cultura portuguesa em Toronto foi veiculada através destes media, desde jornais, a rádios e mais recentemente, televisões. Afinal, qual é que deve ser o nosso modelo comunicacional? Os media deveriam ter feito melhor ou pura e simplesmente fez-se o possível com as escassas ferramentas que existiam? Tentámos ouvir as várias frentes da história e infelizmente não conseguimos chegar à fala com algumas das peças que poderiam ter sido importantes para desconstruir este pedaço da história portuguesa do outro lado do Atlântico. E hoje, para onde caminhamos? O que é que deve ser o jornalismo comunitário?

Correio Português à frente do seu tempo

O primeiro jornal português surgiu em Toronto há cerca de 55 anos. Corria o ano de 1963 quando o “Correio Português” apareceu pelas mãos de António Ribeiro e Maria Alice Ribeiro. O jornal era quinzenal e tinha alguns colaboradores, é o caso de Armando Viegas, um lisboeta que emigrou em 1965 e que hoje tem 71 anos.
Em declarações ao Milénio Stadium, Viegas disse-nos que fazia um pouco de tudo. “Era colaborador, mas para além do jornal tinha outro emprego. Lembro-me que quando íamos distribuir os jornais normalmente jantávamos juntos. E se fosse preciso ajudava a colocar as letras na tábua, naquele tempo era assim”, revelou.
Viegas fala sobre o casal Ribeiro, como haveriam de ficar conhecidos, com saudade. “Eles eram extraordinários, o António escrevia muito bem e a Maria Alice era uma mulher com uma escrita eufórica”, adianta. Alexandre Franco, fundador do “Stadium”, hoje “Milénio Stadium”, também foi colaborador do “Correio Português” e reconhece o talento do casal. “Era um jornal bem estruturado. O António tinha muito jeito para pôr as ideias no papel, mas a Maria Alice era quem comandava o barco. Eles foram gigantes no jornalismo luso-canadiano”, sublinhou.

A primeira vaga de imigrantes era sobretudo açoriana e tinha baixos níveis de literacia. “Nos finais da década de 60 a comunidade era saudosista. Escrevia-se em português e sobre Portugal. O Canadá tinha pouco destaque no nosso jornal. Tínhamos muita publicidade e eram os próprios empresários que vinham ter connosco”, explicou Viegas.

Maria Alice Ribeiro chegou a publicar um livro (obra pode ser consultada na Galeria dos Pioneiros Portugueses)

Maria Alice Ribeiro publicou em 1990 o livro “O Canadá e a presença portuguesa”, onde falava sobre a importância dos jornais comunitários. “Os jornais portugueses no Canadá desempenham uma função importante para os filhos aqui nascidos, são o elo de ligação com a cultura, a história, as tradições e a língua dos seus pais e avós”, escreveu na altura.
Ribeiro acreditava que a imprensa tinha um papel importante na preservação da história portuguesa. “Os jornais fazem parte dos registos vitais e contínuos das comunidades. São como os arquivos da sua história e da vivência deste povo destemido que sulcou os oceanos a partir dos princípios do séc. XV”, aportando à Ilha Verde no nordeste canadiano”, como se pode ler na obra.
Tivemos acesso a dois exemplares da época, que podem aliás ser consultados na Galeria dos Pioneiros Portugueses, e em relação à imprensa de hoje salta-nos à vista a existência de uma secção reservada aos leitores onde estes colocavam perguntas ao jornal. As notícias do Canadá surgiam sob a forma de comunicados do Governo e a maioria esmagadora das notícias eram dedicadas a Portugal.

Bill Moniz, antigo jornalista da OMNI, um canal multicultural com um departamento português, reconhece o pioneirismo do casal Ribeiro, mas acredita que o jornal estava à frente do seu tempo. “Naquela altura as pessoas estavam preocupadas com a sobrevivência. O objectivo dos primeiros imigrantes portugueses era arranjar um bom trabalho, comprar casa e carro. Acho que não tinham sede cultural, apesar de haver uma grande fome de notícias de Portugal”, admitiu.

Receitas elevadas de publicidade

José Henrique Neves foi um dos colaboradores do “Jornal Português”, um título que apareceu em 1968. Ao nosso jornal Neves disse que naquele tempo os comerciantes procuravam muito os jornais. “Os jornais eram bem aceites pela comunidade e os empresários da época, através da publicidade, conseguiam divulgar os novos produtos. Digamos que a relação era boa para ambas as partes”, sugeriu.

Neves lamenta a falta de profissionais na área e a curta duração do jornal. “Cheguei a ser relações públicas, mas tenho que ser honesto e dizer que éramos uns amadores, comparados com o jornal do casal Ribeiro. E a verdade é que o nosso jornal acabou por durar pouco tempo”, contou.

O “Jornal Português” foi fundado pelo Padre Alberto Cunha e o diretor era Fernando Pedrosa. Cunha foi uma figura marcante da comunidade portuguesa em Toronto, é a ele que se deve aqui o início das comemorações do Senhor Santo Cristo e de outras festas religiosas. Domingos Marques chegou a colaborar com o “Jornal Português”. “Os jornais de Portugal vinham duas vezes por semana, comprávamos e recortávamos as notícias. O imigrante português procurava notícias de Portugal, a comunidade local não lhe interessava. Os jornais eram mensais ou bissemanais, não eram como hoje”, contou.

Instabilidade na imprensa escrita

Marques diz que a história dos jornais era semelhante à dos clubes. “Quando alguém era derrotado nas eleições para a direção acabava por se chatear e criava outro. Mas as pessoas não liam jornais, há 50 anos os imigrantes eram analfabetos, os preçários nas montras das lojas na Dundas ou na Augusta tinham erros ortográficos”, informou.
Durante o período salazarista, os jornais eram submetidos ao crivo da censura, o que acabava por condicionar os conteúdos que chegavam cá. “Naqueles anos praticamente não tínhamos acesso a notícias dos Açores e da Madeira. Os jornais eram poucos, tínhamos “O Século”; o “Diário de Notícias” e a “Bola”. A censura não permitia a publicação de notícias da guerra colonial, por exemplo”, explicou.

Censura nos jornais da época

No pós-25 de abril sopram os ventos da liberdade e emerge um novo fenómeno. Em 1975 Domingos Marques funda com um grupo de estudantes universitários o “Comunidade”. “Naquela altura os portugueses desconheciam os seus direitos e não falavam inglês. Na College e na Dundas viviam muitos portugueses e as pessoas eram muito católicas e só sabiam o que o padre lhes ensinava. Nós traduzíamos a informação e tínhamos muitos voluntários”, revelou.

Um ano antes, em 1974, João Carvalho fundou o “Jornal Açoreano”, influenciado pelos movimentos separatistas que eram comuns na época. Com a descolonização, centenas de retornados escolhem o Canadá para viver e os jornais pululam por toda a parte. Fernando Cruz Gomes foi um dos grandes impulsionadores da imprensa destes anos. “Ele dedicou a vida ao jornalismo e criou muitos jornais. Hoje ainda temos o ABC News (1970) e o Voice (1982). Mas o Voice foi fundado pelo António Baptista e pelo Fernando Cruz Gomes”, relatou Domingos Marques.

Embora tenha feito carreira na televisão, Bill Moniz chegou a colaborar com a imprensa. “Na década de 70 houve uma explosão de jornais e de revistas comunitárias. Colaborei com o “Novo Mundo”, escrevia crónicas de crítica social com algum humor à mistura. Mais tarde, em 1975, comecei a escrever para o “Comunidade”, era um jornal que queria retratar a realidade de uma forma crua, o bom e o mau”, disse.

Mais tarde, em 1983, aparece o “Sol Português”, outro dos títulos que ainda hoje existe. O “Sol Português” foi fundado por Luís Tavares mas acabou por ser comprado por António Perinú, atual proprietário. Perinú, tal como Cruz Gomes, também enfrenta problemas de saúde e recusou-se a prestar declarações.

Bill Moniz entrou para a OMNI em 1989 e acredita que foi recrutado devido ao seu background. “Era assistente social de menores e foi talvez uma das melhores experiências da minha vida. Tive a oportunidade de desenvolver programas voltados para os problemas da comunidade portuguesa. Na altura a discriminação, a violência doméstica, o racismo e a homossexualidade eram assuntos tabu. Foi um trabalho pioneiro e acho que teve algum impacto”, explicou.

Apesar de estar na televisão, Moniz acompanhava a imprensa portuguesa. “Sempre utilizei os jornais como fonte de informação e eles eram sobretudo voltados para eventos comunitários. Ainda hoje penso que não há abertura para grande investigação devido à falta de verbas. Como em qualquer outra comunidade, temos assuntos controversos que mereciam ser investigados”, referiu.
O luso-canadiano, natural da ilha do Pico, dos Açores, produziu e realizou o “Primeiro Carteiro no Canadá”, um documentário inspirado na história de Pedro da Silva, o primeiro carteiro oficial do Canadá. Moniz defende que a imprensa portuguesa deveria ser bilingue. “Acho que há muitos jovens luso-canadianos que estão interessados em conhecer Portugal e a sua cultura, mas infelizmente alguns não dominam o português. Agora há quase que um orgulho em ser português e o próprio turismo reflete isso – Portugal está na moda”, sustentou.

Sobre a onda de programas e de televisões comunitárias, Moniz acha que a televisão continua a ser uma arma de comunicação muito poderosa. “Este meio audiovisual continua a informar, a entreter e a influenciar o público. Na nossa comunidade acho que cada um faz o melhor que pode com os recursos financeiros e humanos que tem. E fazer televisão é muito caro”, contou.

Aumento de produção portuguesa a caminho

Depois de estar extinto durante anos, a OMNI reabriu o departamento português em 2017, uma mudança que o antigo jornalista vê com bons olhos. “A OMNI sofreu uma grande reestruturação e o canal português não sobreviveu aos cortes. Mas fico satisfeito por terem mudado de ideias e se for criado um novo canal, como se prevê, a produção portuguesa vai aumentar ainda mais”, informou.

Bill Moniz reformou-se em 2005 mas continua a colaborar com o programa “Nós Portugueses”, que é emitido na OMNI. “Gostava de continuar a fazer projetos televisivos, mais do que programação semanal. Continuo interessado em histórias canadianas que tenham a presença de portugueses. Desde o séc. XV que os portugueses estão presentes na história deste país e acho que ainda há muito por explorar neste campo”, vaticinou.

Hoje Bill Moniz passa os dias entre os Açores e o Canadá mas confessa que tem um desejo arrojado. “Deveríamos tentar abraçar o Canadá. Porque não ter programação dedicada a este país? Não sei qual a receita, mas acho que deveríamos ir por aqui. Os jornais estão a morrer, mas também se dizia o mesmo da rádio quanto a televisão apareceu”, afirmou.

Em meio século de vida, Toronto viu nascer dezenas de publicações periódicas portuguesas. “Correio Português”; “Jornal Português”; “Novo Mundo”; “The Portuguese Post”; “Sol Português”; “Voice”; “ABC”; “Team”; “9 ilhas” e “Correio da Manhã Canadá” e “Milénio Stadium”. Alguns desapareceram, mas outros sobreviveram ao tempo.

Hoje em Toronto, na comunidade portuguesa, existem oito jornais, cinco revistas, quatro estações de rádio e sete televisões. Da área da imprensa escrita, tentámos falar com António Perinú (Sol Português); Fernando Cruz Gomes (ABC News) e Eduardo Vieira (Correio da Manhã Canadá) mas, apesar da insistência, não conseguimos obter declarações de nenhum deles.

“Milénio Stadium” pioneiro na cobertura de desporto

O Milénio Stadium foi fundado em 1990 por Alexandre Franco e Margarida Mil-homens. “Nos anos 90 a comunidade portuguesa estava repleta de atividades desportivas. Tínhamos o First Portuguese e a Liga Luso-Canadiana. Primeiro começámos por ser Stadium, mais tarde acabámos por juntar notícias desportivas com generalistas e surgiu o Milénio Stadium”, avançou Alexandre Franco.

Inicialmente o jornal era escrito em português mas a dada altura começaram a incluir artigos em inglês. “Um dia um empresário disse-me que estava disposto a investir em nós se fossemos um jornal em inglês. E isso ficou-me na cabeça e então comecei a introduzir o inglês. Aliás acho que este é o caminho que a imprensa comunitária deve seguir porque alguns luso-canadianos não dominam o português”, explicou.

Franco defende que para trabalhar neste nicho é preciso divulgar os eventos comunitários e em simultâneo a informação de Portugal. “Penso que temos jornais a mais. Dois jornais comunitários são suficientes, acho que o Sol Português não se conseguiu adaptar à realidade e estagnou”, opinou.

Franco reconhece que o seu grande objectivo foi conseguido.

“O Milénio Stadium foi o jornal que mais se dedicou ao desporto. Muito mais tarde o Eduardo Vieira criou o “Team” [2007] mas acho que nunca se conseguiu impor. Durou pouco tempo”, explicou.

Necessidades específicas da comunidade açoriana

Questionado pelo Milénio Stadium sobre os períodos mais marcantes da sua carreira como jornalista, Alexandre Franco recorda os terramotos dos Açores e as guerras entre clubes. “75% da nossa comunidade é oriunda dos Açores e naquela altura eles viviam os terramotos com muita apreensão. Afinal era lá que estavam os seus familiares. Recordo-me também das guerras entre clubes que ainda hoje existem”, referiu.

Em 1994 Daciel Fernandes fundou o jornal “9 Ilhas”. Seis anos depois Jack Prazeres e Oswaldo Santos criaram o “Portuguese Post”. O último jornal a ser criado foi o Correio da Manhã Canadá que surgiu em 2012 pelas mãos de António Passarinho e Eduardo Vieira.

Falta de profissionais qualificados

Oswaldo Santos começou a trabalhar como jornalista no Diário de Notícias. No Canadá chegou a ser correspondente do jornal lisboeta e a cobertura dos Jogos Olímpicos de Montreal de 1976 foi o último trabalho que fez para o DN. Mais tarde escreveu para o “Sol Português”, o “Portuguese Post” e o “Correio da Manhã Canadá”. Oswaldo deixa críticas aos proprietários dos media portugueses. “Eles eram proprietários de jornais, mas também podiam ser de mercearias ou de outra coisa qualquer. Eu tinha sempre outro trabalho porque aquilo parecia o bailinho da Madeira, um dia um indivíduo zangava-se e nós ficávamos sem trabalho”, contou.

Oswaldo defende que o “Portuguese Post” tinha uma grande ligação a um sindicato. “No nosso tempo só eu e o Fernando Cruz Gomes é que tínhamos carteira profissional. Escolhi o nome do jornal e o departamento de comunicação da LiUNA
Local 183 fazia o Construction News – a página das notícias da construção. Tínhamos artigos em português, em inglês e em francês. Hoje todos os jornais vão aos mesmos eventos comunitários e publicam as mesmas fotografias, acho que se podia fazer melhor”, disse.
Em 2017 o Milénio Stadium foi comprado por Manuel DaCosta, um empresário luso-canadiano proprietário do grupo de comunicação MDC. Para além do jornal, o grupo tem várias plataformas – Camões Radio, Camões TV e website.

Diversidade de conteúdos

O empresário explicou-nos o que esteve na génese da compra. “Na minha opinião a comunidade tem uma oferta fraca, há assuntos preocupantes que não são discutidos pelos nossos media. Recentemente fomos processados porque denunciámos um caso que lesou dezenas de luso-canadianos em centenas de milhares dólares”, avança.
A Camões Radio foi criada em 2013 e atualmente emite em AM e está na internet. “Estamos sobretudo na internet, aliás, acredito que este é o futuro. Acho que torna este veículo de comunicação mais flexível e com um alcance geográfico muito superior”, disse.

m 2017 a Camões TV começou a dar os primeiros passos no youtube e em 2018 chegou a três canais do cabo. “A televisão é um veículo mais apelativo aos jovens e para já temos uma hora semanal aos domingos. Mas depois de consolidarmos o projeto o nosso objetivo é crescer”, revelou.

Em 2018 o Milénio assinou uma parceria com o Jornal de Notícias, um dos mais conceituados do país. “Esta sinergia ajuda-nos a crescer e já foi copiada por outros meios de comunicação das comunidades portuguesas que estão espalhadas por todo o mundo. Mas nós fomos os primeiros a tomar esta iniciativa. Com as nossas quatro plataformas conseguimos chegar a mais pessoas”, justificou.

DaCosta defende que a concorrência favorece a comunidade. “Fico muito satisfeito por estarmos a ser copiados, finalmente a nossa comunidade começa agora a ter acesso a conteúdos diferentes. Em alguns media a dependência económica fala mais alto e a informação acaba por ser sacrificada para não ofender patrocinadores”, adiantou.

Os lives têm impulsionado a partilha de conteúdos na comunidade. “O fator tempo real gera interesse e sem dúvida que conseguimos chegar a mais pessoas. Este fenómeno é novo no campo da comunicação e no futuro há-de ser estudado nas universidades”, explicou.

Pedro Ferreira, IT do grupo MDC, explica as vantagens de live. “Fizemos a cobertura do mundial, a partir de um restaurante localizado na St. Clair, e chegámos a 4 mil visualizações em menos de duas semanas. Para a nossa realidade são números incríveis”, informou.

Os números ajudam a perceber o fenómeno. “No primeiro jogo da seleção, em que Portugal defrontou a Espanha, o nosso live, em cinco minutos, alcançou 7 mil e 500 pessoas e tivemos mais de 350 reações”, contou o IT.

DaCosta ainda não está onde quer, mas já começa a ver melhorias. “Temos pequenas conquistas, mas precisamos de jovens corajosos, dinâmicos e com visão. Hoje alguns dos nossos media estão a ser dominados por empresários que não defendem os interesses da nossa comunidade. É uma situação que infelizmente já aconteceu no passado, mas quem defende a nossa cultura tem que ser apoiado”, sublinhou.

Para Portugal o empresário luso-canadiano deixa uma mensagem. “Gostava que soubessem que nós existimos e que trabalhamos muito mais do que eles para preservar o que resta da cultura portuguesa no Canadá. Já é tempo de criar uma estratégia conjunta para defender as comunidades na diáspora”, justificou.

CHIN Radio – a mais antiga

No panorama das rádios, a CHIN Radio é a mais antiga da comunidade. Dario Amaral é vice-presidente de programas da CHIN Radio/TV e está satisfeito com a oferta. “Penso que o público português tem tido uma boa oferta de conteúdos, quer a nível de rádio quer a nível de imprensa escrita. Fazemos o melhor possível com as nossas limitações. Só em Toronto temos três frequências e uma delas exige que transmitamos em 23 línguas por semana”, disse.

Para Amaral, o futuro deve ser “sobretudo em português, até porque em inglês existem muitas opções” e “os jornais vão deixar de ser gratuitos porque os custos com impressão são cada vez mais elevados”.

A CHIN Radio tem 48 anos e no departamento português da CHIN Radio trabalham 12 pessoas. Dario acredita que a concorrência “é saudável desde que seja leal” e diz que “um único órgão de comunicação social seria perigoso”.

Dario sublinha a solidez da CHIN e afasta as visões mais pessimistas. “Contrariamente ao que alguns velhos do restelo vaticinam, acho que a comunidade portuguesa ainda tem muitos anos pela frente”, garantiu.

FPTV – a primeira televisão comunitária

A CIRV Radio foi fundada em 1986 por Frank Alvarez, o mesmo empresário que criou a FPTV, a primeira televisão portuguesa em Toronto. Em entrevista ao Milénio Stadium, Jorge Neves, director de programação portuguesa da CIRV Radio, lamenta a falta de qualidade dos media comunitários no geral. “A comunicação social portuguesa tem crescido muito no Canadá, o que não é sinónimo de qualidade. É preciso apostar em profissionais qualificados, a maioria dos media é liderada por pessoas que não têm conhecimentos sobre este sector”, explicou.

Na sua ótica, a dimensão do mercado condiciona a qualidade do produto final. “A comunidade é pequena e isso faz com que os interesses afetem a qualidade dos conteúdos. Não se pensa fora da caixa, os eventos são quase sempre organizados da mesma forma”, criticou.

A CIRV Radio emite em 12 línguas e o departamento português emprega entre 15 a 25 pessoas. Neves também partilha da opinião que a língua maioritária deve ser o português e informa que alguns dos seus ouvintes têm dificuldade com o inglês.

O responsável acusa ainda o Consulado Português de Toronto de não apostar “o suficiente na divulgação da cultura portuguesa, nomeadamente na nova vaga da música” e faz um apelo à união. “Em vez de competirmos uns com os outros deveríamos trabalhar mais em conjunto. Faríamos projetos de maior envergadura e a comunidade só ganharia com isso”, justificou.

Jorge Neves vaticina ainda um futuro negro para a imprensa escrita. “Alguma da imprensa escrita vai fechar portas nos próximos anos. Acho que existem demasiados jornais que pouco ou nada adiantam em relação ao que foi feito no passado. É um caminho sem saída”, assegurou.

Medias comunitários atuais:

Jornais

ABC; Brasil News; Correio da Manhã Canadá; Jornal North News; Jornal de Toronto; Milénio Stadium; Sol Português; Voice;

Revistas

Amar; Discovery Magazine; Etc&tal; Senso Magazine; Wave Magazine;

Rádios

Camões Radio; CIRV Radio; CHIN Radio;

Televisões

Bailinho Português; Camões TV; CHIN TV; Correio da Manhã Canadá TV; Fptv; Gente da Nossa TV; Vozes da Lusofonia TV

Listagem:

Correio Português (1963) – Fundadores: Maria Alice e António Ribeiro
Jornal Português (1968) – Fundador: Padre Alberto Cunha
Novo Mundo (1970) – Fundador: António Pina Fernandes
ABC News (1970) – Fundador: Fernando Cruz Gomes
Jornal Açoreano (1974)  – Fundador: João Carvalho
Comunidade (1975) – Fundador: Domingos Marques
Voice (1982)  – Fundadores: António Baptista e Fernando Cruz Gomes
Sol Português (1983) – Fundador: Luís Tavares
Milénio Stadium (1990) – Fundadores: Alexandre Franco e Margarida Mil Homens
Nove Ilhas (1994)  – Fundador: Daciel Fernandes
Semanário (2000)  – Fundador: Jack Prazeres
Portuguese Post (2000)  – Fundadores: Jack Prazeres e Oswaldo Santos
Team (2007) – Fundador: Eduardo Vieira
Correio da Manhã Canadá (2012)  – Fundadores: António Passarinho e Eduardo Vieira

Joana Leal/MS

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