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Governo canadiano vai pressionar GM

A Unifor continua decidida a fazer com que a General Motors (GM) volte atrás na sua decisão de encerrar a fábrica de Oshawa no Canadá, o que deverá afetar mais de 2,000 trabalhadores diretos.

O Ministro Federal da Inovação, Ciência e Desenvolvimento Económico, Navdeep Bains reuniu esta semana em Detroit com Doug Ford, o Premier de Ontário, e com o grupo GM para tentar encontrar uma solução para evitar o encerramento da estrutura e parece que chegaram a um consenso.

O Milénio Stadium sabe que os dois níveis de governo se comprometeram com a Unifor a pressionar a GM para encontrar uma solução de longo termo para a fábrica. Ao nosso jornal o sindicato, que representa 310,000 trabalhadores, quase 30,000 do sector automóvel, assegura que vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para manter a fábrica aberta.

Aqui fica a entrevista com Paulo Ribeiro, representante nacional da Unifor há mais de uma década. Na altura ainda não existia acordo entre os dois níveis de governo.

 

 

 

MS: Na última semana a Unifor teve várias reuniões com a GM em Detroit. Podemos saber como é que correram?

Paulo Ribeiro: As reuniões não foram exatamente como estávamos à espera porque o nosso objectivo era garantir que a fábrica da GM de Oshawa continuasse aberta até 2020, altura em que termina o contrato coletivo que assinámos e isso ainda não aconteceu. Mas a Unifor não vai desistir e vamos continuar a fazer pressão, a todos os níveis, para que a fábrica não encerre.

 

MS: Qual é o estado de espírito na fábrica?

Paulo Ribeiro: Na fábrica vive-se um ambiente pesado e de desilusão. Os trabalhadores acham que dedicaram uma vida à GM e que agora não mereciam ser tratados desta forma. A GM tem andado a mentir, por exemplo ao nível de promessas de emprego. Alguns são muito jovens para se reformar e ao mesmo tempo são velhos para começar uma nova carreira.

 

MS: A ideia de que a fábrica não é viável não o convence.

Paulo Ribeiro: Acho que a ganância económica é que está a fazer com que prefiram produzir carros e carrinhas no México por um custo menor.

Há pouco tempo a GM anunciou os lucros de 2018 e nos primeiros nove meses do ano o grupo teve lucros na ordem dos 6 mil milhões de dólares. E apesar de ainda não terem anunciado os resultados dos últimos três meses do ano, já avançaram que os lucros ultrapassaram, em média, os 8 mil milhões de dólares.

A fábrica de Oshawa é uma das mais lucrativas da GM por isso não faz nenhum sentido encerrá-la, até porque ao longo dos anos ganhámos vários prémios de qualidade.

 

MS: O presidente da Unifor, o luso-canadiano Jerry Dias, foi bastante duro em relação ao silêncio do governo, sobretudo ao nível provincial.

Paulo Ribeiro: Em relação ao governo provincial é lamentável que o Premier tenha atirado a toalha ao chão logo no dia do anúncio. Doug Ford não fez o mínimo esforço para manter a fábrica de Oshawa aberta e não entende o impacto que esta decisão pode ter na economia da província. Mas talvez seja a sua agenda anti-sindical que o obriga a tomar estas decisões…

Em relação ao governo Federal as primeiras expectativas foram interessantes. Tivemos uma reunião com o Justin Trudeau na qual ele se comprometeu a tentar reverter a decisão.

 

MS: Doug Ford foi a Detroit para assistir à Feira Automóvel daquela cidade e anunciou que ia reunir com a GM para tentar negociar um pacote de benefícios para os trabalhadores que vão ser afetados por este encerramento.

Paulo Ribeiro: A Unifor não está disposta a negociar o encerramento da fábrica, mas não fico surpreendido com as declarações de Doug Ford. Ele está apenas a atirar a toalha ao chão mais uma vez.

O que seria muito bem-vindo era o envolvimento dos dois níveis de governo para impedir o encerramento da estrutura…

 

 

MS: Na sexta-feira fizeram uma manifestação em Windsor.

Paulo Ribeiro: Eu estive na manifestação e o nosso objectivo foi enviar uma mensagem clara. Já que os potenciais investidores da GM estavam reunidos nos escritórios do grupo que estão localizados do outro lado do rio em Detroit. Eles como investidores deviam ser os primeiros a exigir explicações para o encerramento da estrutura do Canadá e de outras dos EUA.

 

MS: A GM garante que mais de 2,500 trabalhadores são elegíveis para a reforma e propõe alguns benefícios vantajosos. Cerca de $3,500 por mês e cerca de $20,000 na compra de um carro GM. Se de fato o encerramento se vier a confirmar, estas condições agradam à Unifor?

Paulo Ribeiro: Essa é uma das muitas mentiras da GM. Este número não é real porque cada trabalhador precisa de 30 anos de casa para ter direito à reforma completa. Alguns deles se aceitassem este pacote teriam direito a uma reforma de $500 ou $600 por mês e ninguém consegue sobreviver no Canadá com uma reforma deste valor.

O que sabemos é que pouco mais de 400 trabalhadores é que têm direito à reforma completa, essa é que é a verdade.

 

MS: As negociações vão continuar ao longo das próximas semanas. Estão confiantes?

Paulo Ribeiro: Vamos continuar com ações de protesto e vamos continuar a pressionar os dois níveis de governo para que a fábrica de Oshawa continue aberta.

Já solicitámos uma reunião com o primeiro-ministro do Canadá e com a GM e estamos a aguardar uma resposta.

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