Comunidade

Canadianos comemoram Dia do Canadá no Centennial Park

Este ano as comemorações do dia do Canadá em Toronto ficaram marcadas pela ocorrência de 11 tiroteios. Um facto que nos faz pensar sobre a segurança deste país. Mas nem este clima afastou os canadianos e não só do Centennial Park. Durante três dias – sábado (30), domingo (1) e segunda (2) – centenas de pessoas passaram por Etobicoke para festejar o dia do Canadá. O festival de costelas foi uma das grandes atrações do parque que, durante todo o dia, teve filas. Ao todo foram cerca de uma dúzia os restaurantes que disputaram o prémio de melhor costeleta, ou melhor dizendo, de melhor molho já que este é o grande segredo.

Em 2017 passaram por este parque cerca de 100 mil pessoas durante três dias. No dia do Canadá, o Centennial Parque teve três palcos principais e a música refletia a diversidade cultural a que o Canadá nos habituou. A nossa equipa de reportagem encontrou uma luso-canadiana a trabalhar no festival. Kesia Lousada é filha de pais portugueses, naturais da ilha de São Jorge, nos Açores, e diz que está dividida entre os dois países. “Adoro Portugal, mas a verdade é que também amo o Canadá. Este país tem muita liberdade e cá há muita tolerância. Já Portugal é bastante mais conservador. Na escola tinha colegas de diferentes grupos étnicos e sempre nos demos bem com as nossas diferenças. Essa é a magia do Canadá”, explicou.

Kesia explicou-nos que sempre que um cliente que marque vários golos tem a possibilidade de ganhar bandeiras ou bolas de futebol. Enquanto fizemos a reportagem ninguém conseguiu a proeza e Kesia confessou que estava desapontada com o afastamento de Portugal do mundial. “Fiquei muito triste porque estava a torcer por eles. Mas quem sabe se da próxima vez a nossa seleção ganha”, admitiu.

Kesia visitou Portugal em 2010 e sonha com o dia em que vai voltar. “Gosto muito da carne guisada e do feijão assado. Portugal faz parte da minha vida, mas sinto que o Canadá vai ser sempre a minha casa”, avançou.

Jacqueline Emmerson estava no local a promover um produto português – o vinho verde. “O vinho Gazela não é novo no Canadá, mas eles mudaram o design das garrafas e então algumas pessoas pensam que é uma marca nova”, explicou.

Segundo Emmerson, tanto os portugueses como os canadianos gostam muito de Gazela. “Este vinho verde não é demasiado seco nem demasiado doce. É muito bom com saladas e com aperitivos. É um vinho espetacular que tem uma cor amarelada e notas de citrinos e frutos tropicais”, garantiu.

Como a maioria dos canadianos, Emmerson tem orgulho nas suas origens. “O meu pai nasceu no Canadá, mas a minha mãe é natural da Sérvia. Aqui valorizamos muito a liberdade de expressão e a diversidade cultural. É muito bom crescer com duas culturas em casa”, referiu.

Jacqueline adora Toronto, mas reconhece que ainda há aspectos que podem ser melhorados no Canadá. “Gosto muito do Quebec mas adoro Toronto.  Tem sempre muitas actividades a acontecer e eu gosto desta efervescência cultural. Há sempre espaço para melhorar, tal como em todos os países, penso que ainda podemos ser mais tolerantes, sobretudo para os novos imigrantes. Mas tenho muito orgulho em ser canadiana”, afirmou.

Annitti Persons veio de propósito a Toronto para festejar esta data especial. “Sou de Newfoundland e fico muito feliz por ser canadiana. Somos muito humildes e temos muita liberdade. Diria que essas são as nossas grandes características, a liberdade de expressão e a liberdade cultural”, justificou.

Pearsons trabalha na área da saúde e acha que neste sector o governo tem de fazer mais. “Os nossos sem abrigo deviam ser mais bem tratados. Na área das dependências também ainda há muito a melhorar. O nosso serviço de saúde também podia ser mais amplo, essa é uma das nossas grandes bandeiras e sinceramente espero que com o novo governo conservador continue a perceber que não queremos ser como os EUA, a saúde não pode ser privatizada”, contou.

Sobre o facto do Canadá ser um dos poucos países no mundo que ainda tem as fronteiras abertas, Pearsons tem uma posição forte sobre esta matéria. “Não quero ser mal interpretada, tenho muita compaixão pelos imigrantes e compreendo que venham para cá à procura de uma vida melhor. Mas acho que não podemos permitir que todos entrem. Nós precisamos deles, mas as regras deveriam ser mais apertadas”, opinou.

No entanto, a funcionária pública garante que nem tudo são rosas neste país. “Nós também temos aprendido algumas lições, é o caso dos aborígenes. Os índios foram os primeiros a colonizar este país e durante muito tempo o Canadá discriminou-os. Aos poucos estamos a tentar corrigir os nossos erros, mas sem dúvida que é uma grande mancha na nossa história”, lamentou.

Muitos vestiram-se a rigor para expressar o seu patriotismo e, apesar dos 40 graus, não faltaram t-shirts, bonés e bandeiras. No final da noite todos os caminhos iam dar ao fogo de artifício e alguns até fizeram questão de subir uma montanha, junto ao parque, para ter uma vista privilegiada. Este ano o Canadá celebrou 151 anos de vida e às dez em ponto da noite reparámos que o fogo acontecia, ao mesmo tempo, em várias áreas da cidade.

 

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