Comunidade

Bancos portugueses mantêm elo de ligação com o país

Montepio Geral

O Montepio Geral chegou a Toronto em 1998. É um dos bancos portugueses com representação em Toronto há mais tempo e Elisa Medina Silva é a Chief Representative do Escritório de Representação do Montepio Geral no Canadá desde 2005.

Ao contrário dos outros bancos portugueses com representação no Canadá, o Montepio Geral não está presente em Montreal. Para Elisa Medina Silva, o Escritório de Representação do Montepio Geral de Toronto “é o elo de ligação entre os clientes no Canadá e os balcões da Instituição em Portugal”.

Questionada pelo nosso jornal acerca das dúvidas dos seus clientes, a Chief Representative diz que “a diferença do sector bancário entre Portugal e o Canadá é o que causa sempre mais dúvidas. Por exemplo lá o cartão multibanco tem uma anuidade, o que na banca canadiana não existe”.

Apesar de terem a conta corrente num banco canadiano, os portugueses continuam a ver vantagens em manter uma conta aberta num banco português. “Quando os portugueses vão de férias a Portugal preferem utilizar as contas sediadas numa Instituição portuguesa, uma vez que as despesas são menores”, justificou

Nos últimos anos o Montepio Geral de Toronto tem conquistado novos clientes. “Temos dois tipos de clientes – os portugueses e os outros grupos étnicos. O segmento dos que não são portugueses é cada vez mais comum, uma vez que investem em Portugal comprando imóveis, e uma mais valia estabelecer uma relação com uma instituição portuguesa”, contou.

O Escritório de Representação do Montepio Geral de Toronto está localizado no 1286 da Dundas Street West e funciona cinco dias por semana.

Santander Totta & Caixa Geral de Depósitos

O banco Santander Totta está presente no Canadá desde dezembro de 1982 e tem dois balcões em duas províncias. Em Toronto têm três funcionários e estão localizados no 1110 da Dundas Street West. Em Montreal, no Quebec, empregam dois funcionários e estão no 4245 na Boulevard St Laurent.

Contactado pelo Milénio Stadium, o Santander Totta de Toronto recusou-se a prestar declarações.

O último banco português a instalar-se cá foi a Caixa Geral de Depósitos (CGD) que chegou em 2011. O banco do Estado português está representado em Toronto no 425 da University Avenue.

O BPI e o antigo BES também tentaram expandir o grupo para a América do Norte, mas a estratégia não resultou e ambas as dependências acabaram por encerrar.

Abaixo pode ler a entrevista com Marisol Ribeiro, a representante da CGD para o Canadá.

 

Entrevista com Marisol Ribeiro, representante da CGD para o Canadá

Milénio Stadium: Porque é que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) só chegou a Toronto em 2011?

Marisol Ribeiro: A internacionalização de qualquer empresa decorre de um conjunto de análises prévias e de cumprimento de requisitos legais. Acredito que tudo tem um tempo e, em Junho de 2011, a CGD reuniu as condições necessárias à abertura do Escritório de Representação no Canadá. O Canadá tem uma das maiores, mais dinâmicas e integradas comunidades portuguesas no estrangeiro. Oficialmente, existem 420 mil portugueses e lusodescendentes no Canadá, segundo os censos de 2011, mas calcula-se que existam, no total, cerca de 550 mil, estando a grande maioria na Província do Ontário. As relações económicas entre Portugal e o Canadá são também bastantes relevantes para as empresas portuguesas e para a nossa economia. De acordo com os dados do Banco de Portugal, no período de 2013-2017, as exportações portuguesas de bens e serviços para o Canadá cresceram à taxa média anual de 14%. No mesmo período, as nossas importações de bens e serviços do Canadá cresceram a uma taxa média anual de 14,5%. O Canadá ocupou o 22.º lugar no ranking de clientes das exportações portuguesas de bens em 2017, sendo que, ao nível das importações, o Canadá posicionou-se no 38.º lugar no respetivo ranking de fornecedores em 2017. Pelo que poderemos dizer que é um mercado muito apetecível para as empresas portuguesas. Representa 36,9 milhões de consumidores, num país com um PIB que cresceu, em 2017, na ordem dos 3%. Estas são também razões que justificam uma presença forte da CGD no Canadá.

MS: Qual é o vosso perfil de cliente e quais são as principais dúvidas?

MR: Sendo a CGD um banco com mais de 140 anos de história, os nossos clientes são muito diferentes entre si. Temos clientes com os mais variados perfis de investimento, desde os mais conservadores aos mais arrojados. No entanto, por norma, os clientes não residentes tendem a ter um perfil de investimento entre o conservador e o equilibrado.

A entrada em vigor do CETA (Acordo Abrangente Económico e de Comércio) entre o Canadá e a União Europeia, desde finais de 2017, veio abolir algumas das barreiras comerciais, o que tem facilitado o acesso das empresas portuguesas a este mercado. São inúmeras as questões colocadas pelos clientes, sendo que as mais frequentes são: quais as operações bancárias que um Escritório de Representação faz; qual a documentação necessária para abrir conta em Portugal; quais os documentos necessários para recorrer ao crédito em Portugal, sendo residente no Canadá; como consultar e obter extratos da conta; como utilizar os canais de acesso à distância, nomeadamente o serviço Caixadirecta.

MS: Quais são os serviços que a CGD disponibiliza aos portugueses da diáspora?

No Escritório de Representação, efetuamos o acompanhamento especializado dos portugueses aqui residentes. Somos também o ponto de contacto com a CGD no apoio à internacionalização de empresas que pretendem entrar neste mercado. A CGD está presente numa plataforma internacional que nos permite apoiar igualmente particulares e empresas. Estamos nos cinco continentes presentes em 22 países. A marca CGD é uma referência no mercado financeiro português. Reflete os valores e atributos que a distinguem e singularizam; anos de história, confiança, solidez e presença permanente ao lado das famílias e das empresas, como parceiro de crescimento e de desenvolvimento sustentado. Mas um Escritório de Representação tem um âmbito de atuação diferente do de uma agência bancária.

Não desenvolvemos atividade bancária, não somos o balcão de um banco. Ainda assim, somos um importante ponto de ligação entre os clientes e as suas agências. Aqui podem obter informações sobre produtos e serviços da Caixa dirigidos quer a particulares, quer a empresas em Portugal, tais como: acompanhamento e apoio aos clientes residentes no Canadá; apresentação da oferta de produtos e serviços da Caixa; facilitação da relação dos clientes da CGD com as respetivas agências em Portugal; encaminhamento para as agências em Portugal de toda a documentação necessária à relação com os clientes; apoio e colaboração à comunidade portuguesa, através de representação institucional e atribuição de patrocínios às atividades mais significativas. Queremos estar próximos da comunidade portuguesa no Canadá.  Próximos dos que vieram para o Canadá há algumas décadas, mas também daqueles que nos últimos anos têm procurado este país para estudar, trabalhar e expandir os seus negócios.

MS: A Marisol Ribeiro é representante para o Canadá desde quando?

MR: Sou colaboradora da Caixa há mais de 20 anos, mas iniciei funções no Escritório de Representação em Maio de 2016. Aquando da inauguração, em 2011, a representação era assegurada pela minha colega Ana Ochoa.

MS: Em Montreal, o escritório presta o mesmo tipo de serviços de Toronto?

MR: Em Montreal não dispomos de espaço próprio, ms sendo Montreal o segundo município mais populoso do Canadá, é também onde se encontra a segunda maior comunidade portuguesa. Dado que um dos nossos objetivos é estarmos próximo da comunidade portuguesa, temos vindo a efetuar deslocações regulares a essa cidade, por norma, uma vez por trimestre, para apoiar, informar, esclarecer dúvidas, promover os nossos produtos e serviços e ligar assim os clientes às suas agências em Portugal. Efetuamos o apoio aos nossos clientes num local bem conhecido da comunidade portuguesa de Montreal – A Missão de Santa Cruz, com a qual temos ao longo dos anos desenvolvido uma excelente relação.

MS: O número de clientes tem vindo a aumentar?

MR: Como em todas as atividades, existe um fluxo natural de entrada e saída de clientes mas todos os anos temos vindo a captar novos clientes.

MS: Quais são as vossas moradas no Canadá, horário de funcionamento e número de funcionários.

MR: A nossa morada e contactos estão disponíveis no site oficial da Caixa Geral de Depósitos: www.cgd.pt, mas também nas páginas do Blue Guia, quer em suporte papel, quer através do site www.blueguia.com. O Escritório de Representação está situado na 425, University Ave. Suite 100, Toronto, ON, mesmo em frente ao Consulado Geral de Portugal em Toronto. Estamos disponíveis através dos seguintes contactos: Tel.: +1 416 260 2839, Fax +1 416 260 1329 e email [email protected]. Atualmente, temos um número de empregados adequados para o volume do Escritório. Somos duas colaboradoras, mas está previsto um reforço para 2019.

9- A CGD apoia a Semana de Portugal?

O Escritório da CGD tem vindo a apoiar as semanas culturais de algumas associações, assim como a Semana de Portugal, no seguimento de análise dos programas e pedidos efetuados pelas entidades organizadores. Historicamente, a CGD tem apoiado a Semana de Portugal, em Toronto e em Montreal. Este ano, estivemos presentes no Festival Português de Montreal, que nos apresentou o projeto logo no início do ano. Não marcámos presença na Semana de Portugal em Toronto, dado que não fomos contactados pela organização. Para a CGD, é fundamental manter e reforçar a proximidade com a comunidade portuguesa no Canadá e é nesse sentido que temos vindo e vamos continuar a desenvolver a nossa atividade.

 

IC Savings

Embora não seja um banco português, uma parte do capital social do IC Savings é português e a cooperativa trabalha com bancos e com clientes portugueses. Segundo AnaBela Taborda, gerente de balcão do IC Savings da Dundas Street West, a cooperativa trabalha com dois bancos portugueses, permitindo assim transferências mais baratas para Portugal. “Penso que a grande vantagem para os nossos clientes é que eles podem negociar com estas 2 instituições o câmbio a que o dinheiro vai ser depositado. O nosso serviço é disponibilizado em português e ajudamos os clientes com todo o tipo de papelada. Nós somos uma cooperativa comunitária e por isso apoiamos a comunidade”, disse Taborda ao Milénio Stadium.

O IC Savings tem seis localizações em Toronto e 80% dos clientes do balcão da Dundas Street West são de origem portuguesa. AnaBela é gerente desde 2011 e nos últimos anos tem assistido a um maior escrutínio por parte de Portugal. “Não sei se foi a crise, mas o governo português quer saber quais os rendimentos dos nossos clientes. Como vocês sabem ambos os governos têm acordos bilaterais e os departamentos financeiros trocam informação entre si”, disse.

A média de idades dos clientes portugueses é superior a 50 anos e agora cada vez mais jovens procuram o IC Savings. “Os idosos estão a abandonar a baixa de Toronto, agora são os mais novos que querem morar cá, portugueses e não só”, informou.

Se o consumidor o ditar, Taborda admite a possibilidade de expandir a natureza destes acordos com os bancos portugueses, mas para já não é uma prioridade. “Antigamente milhões de dólares atravessavam a fronteira e as pessoas investiam muito em Portugal porque as condições eram fantásticas. Hoje o cenário é muito diferente e devido à forma como os bancos portugueses têm atuado, os portugueses acabam por preferir ter o dinheiro no Canadá. Em Portugal os juros são muito baixos e às vezes não compensa a despesa de manutenção de conta. O próprio reconhecimento de assinaturas desencoraja as pessoas a fazerem a transferência de conta”, explicou.

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