Canadá

Bata Shoe Museum estuda sapatos que os portugueses levaram para Goa

Sonja Bata começou a colecionar sapatos em 1940. A colecionadora e filantropa morreu este ano, mas para trás fica a maior coleção de sapatos e artefactos do mundo.

A sua paixão por design e história fez com que conseguisse reunir mais de 1000 sapatos e mais de 13,000 artefactos no Bata Shoe Museum (BSM).

Segundo Elizabeth Semmelhack, curadora sénior do BSM, o Museu não possui nenhum sapato português, mas Semmelhack acredita que os portugueses levaram o chopine para Goa e para o Brasil. “Tenho procurado perceber a origem do salto alto nos homens e nas mulheres. Os chopines foram muito importantes na época do Renascimento, sobretudo na Península Ibérica. Este tipo de sapato, com plataforma no centro da sola, era um símbolo de maturidade em Portugal e Espanha, daí que as mulheres recebessem um par quando casavam. Quero saber como as filhas do rei levaram os chopines para Goa, que mais tarde chegaram também ao Novo Mundo, nomeadamente Brasil”, revelou ao nosso jornal.

Sonja nasceu em Zurique, na Suíça, e apesar de ter começado a estudar arquitetura, acabou por interromper o curso. A sua vida mudou quando conheceu Thomas Bata, herdeiro de um império da indústria do calçado na antiga Checoslováquia. Os dois decidiram casar e emigrar para o Canadá em 1946, depois da Segunda Guerra Mundial, quando a empresa de Bata foi nacionalizada pelo regime comunista.

Uma vez na América do Norte, Sonja começou a acompanhar o marido em viagens de negócios a diferentes continentes. E foi assim que desenvolveu uma grande paixão por sapatos e começou a colecionar exemplares de todo o mundo, alguns deles bastante raros.

O BSM está localizado em Toronto no Bloor Street Culture Corridor, uma área que concentra mais de uma dezena de museus e instituições culturais. O acervo do BSM percorre 4,500 anos da história da humanidade e o atual edifício, em forma de caixa de sapatos, foi projetado pelo conceituado arquiteto Raymond Moriyama em meados dos anos 90.

O BSM tem várias coleções permanentes, uma delas inclui sapatos de celebridades como Marilyn Monroe, Elvis Presley e John Lennon. No meio da coleção encontramos também sapatos da Rainha Vitória e da bailarina canadiana Karen Kain.

Através desta mostra podemos viajar no tempo e voltar às civilizações egípcia, grega e romana. Mais do que imaginar podemos ver como os reis e as rainhas calçavam no Renascimento ou no Barroco nas cortes europeias.

O calçado é fundamental para entender a cultura de cada povo no seu tempo. Através dos sapatos podemos perceber as profissões, o estatuto social e até o estado civil. Se numa fase inicial o sapato servia sobretudo para proteger os pés, a evolução dos tempos revela que a decoração está cada vez mais presente nesta indústria. A utilização do ouro como elemento decorativo remonta à Idade do Bronze e aqui também podemos encontrar sapatos decorados com este metal que eram utilizados pelos membros mais importantes de algumas tribos em África.

O Canadá também está bem representado com mais de 90 pares de mocassins e botas que são utilizados pelos povos indígenas em alguns sítios remotos da América do Norte. Segundo o que apurámos só 4% da coleção é que está exposta ao público e o museu está sempre a receber novas exposições, é o caso de “A arte dos sapatos”, de Manolo Blahnik. A mostra é uma retrospetiva íntima dos 45 anos de carreira de uma das figuras mais influentes da moda e já passou por Milão, São Petersburgo, Praga e Madrid.

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