CanadáComunidade

Trabalhadores da construção preocupados com tensão entre sindicatos

Joana Leal

A LiUNA promete lutar para que o Governo volta atrás na Proposta de Lei 31 que sugere que os trabalhadores na área da cofragem sejam representados pelos Carpinteiros e não pela LiUNA. A Labourers’ International Union of North America (LiUNA) organizou sexta-feira (13) uma conferência de imprensa na sede do Ontario Provincial District Council (OPDC) em Oakville.
Joseph Mancinelli, vice-presidente da LiUNA, mostrou o seu descontentamento e acusou o governo de interferir onde não deve. “Ficamos chateados e zangados quando o Governo interfere em assuntos que não são da sua competência. E porquê agora? O Governo não tem o direito de afetar a vida de milhares de membros e das suas famílias”, disse.

A LiUNA promete lutar pelos direitos dos membros e ir até às últimas instâncias. “Vamos lutar quer seja no Supremo Tribunal ou no período das eleições, esta é nossa mensagem para os liberais”, referiu.
Os trabalhadores na área da cofragem são representados pela LiUNA e pelos Carpinteiros – United Brotherhood of Carpenters and Joiners (UBCJ) desde os anos 70, altura em que foi assinado um acordo coletivo.
Segundo Jack Oliveira, Business Manager da OPDC e da LiUNA 183, o volte-face aconteceu quando em 2016 o Carpenters District Council of Ontario (CDC) apresentou uma queixa. “Os carpinteiros disseram que existia um efeito prejudicial no sector provincial da construção industrial, comercial ou institucional (ICI) e o governo decidiu investigar o caso através do mediador laboral Kevin Burkett”, explicou.
Burkett sugere no relatório que “havia uma potencial fricção” entre LiUNA e CDC e avançava com duas recomendações: “retirar o poder de negociações da LiUNA na Área Metropolitana de Toronto e região central de Ontário e dar à CDC a possibilidade de organizar todas as forças laborais, contrariando assim o que tinha sido definido no ICI para o sudoeste de Ontário”.

A LiUNA não concordou com as recomendações do relatório e pediu uma revisão.
O Governo nomeou um segundo mediador laboral, desta vez Michael Mitchell. Apesar do nome reunir consenso, a LiUNA diz que o Ministro do Trabalho “restringiu o seu mandato para recomendar como modificar a Lei de Relações Laborais de forma a retirar os direitos de negociação à LiUNA e criar regras especiais para os Carpinteiros”, disse Mancinelli.
Na conferência de imprensa de sexta-feira, Mancinelli alertou ainda para a possibilidade de “milhares de trabalhadores correrem o risco de vir a ficar com uma pensão parcial e de terem de recomeçar da estaca zero noutro sindicato”.
O Milénio Stadium foi tentar perceber como os membros reagiram a esta notícia. “Estou preocupado, tenho 50 anos e toda a minha vida trabalhei. Não entendo nada destas guerras mas achava que no fim da vida tinha direito à minha reforma”, disse-nos um dos membros da LiUNA que se recusou a ser identificado.
Preocupação semelhante tem outro dos membros com quem falámos. “Se o acordo estava a funcionar bem para nós porque é que o Governo decidiu interferir? O que é que nos vai acontecer se formos para os Carpinteiros? E os nossos descontos, vão por água abaixo?”, lamentou outro membro da LiUNA que tem 40 anos.
Mancinelli deixou um conselho aos membros. “Fiquem calmos porque nós estamos a tratar disto. Nós não estamos habituados a perder e não vai ser agora que isso vai acontecer”, assegurou.

O vice-presidente do maior sindicato da América do Norte adianta ainda que o projeto de lei “pode ser uma vingança [dos Carpinteiros]” e acusa os liberais de estarem “desesperados por votos porque esta decisão cheira a favoritismo político”.
Um dos efeitos colaterais desta decisão poderá ser a diminuição de fundos para apoiar a comunidade portuguesa. “Nós investimos todos os anos milhares de dólares em causas sociais e se perdermos muitos membros é óbvio que não vamos poder continuar a fazê-lo na mesma escala. Isto afecta a comunidade portuguesa e não só”, revelou o Business Manager da 183.

O Milénio Stadium tentou obter uma reação do Sindicato dos Carpinteiros e num comunicado enviado ao nosso jornal a resposta veio de Tony Iannuzzi, Executive Secretary Treasurer of Carpenters’ District Council of Ontario. “Estou perturbado e chocado com os comentários enganosos que o vice-presidente da LiUNA fez”, sublinhou.

Iannuzzi refuta as acusações de Mancinelli e garante que houve consulta pública para a alteração da lei das relações laborais. “Após reclamações, o governo realizou duas consultas com especialistas. Tudo o que o projeto de lei 31 faz é colocar em prática as recomendações desses especialistas para esta indústria”, explicou.
Iannuzzi destaca ainda que a nova proposta de lei “não afeta de forma alguma a construção residencial” e “não força ninguém a mudar de sindicato”.
Tentámos obter uma reação do ministro do Trabalho e Kevin Fynn desmente as acusações de tratamento preferencial e garante que “está apenas a seguir o conselho dos especialistas – o Sr. Burkett e o Sr. Mitchell – que sugeriram várias emendas à Lei de Relações Laborais”.
Contactámos também a MP de Davenport Cristina Martins mas até ao fecho desta edição não obtivemos resposta.
A LiUNA vai continuar a pressionar o governo e já agendou uma manifestação para a próxima segunda-feira (23) que deverá decorrer na University Avenue em Toronto.

Redes Sociais - Comentários

Artigos relacionados

Back to top button

 

O Facebook/Instagram bloqueou os orgão de comunicação social no Canadá.

Quer receber a edição semanal e as newsletters editoriais no seu e-mail?

 

Mais próximo. Mais dinâmico. Mais atual.
www.mileniostadium.com
O mesmo de sempre, mas melhor!

 

SUBSCREVER