Brasil

Detetado vírus nas gengivas de pacientes que morreram de covid-19 no Brasil

epa09090355 Medical staff works in the Intensive Care Unit (ICU) of the hospital of Clinicas, in Porto Alegre, Brazil, 21 March 2021 (Issued 22 March 2021). The Brazilian government asked to help the medical industry to find solutions to the shortage of supplies for the intubation of patients with Covid-19, a disease that already leaves nearly 300,000 dead in the country. EPA/Marcelo Oliveira

Um grupo de cientistas brasileiros detetou, pela primeira vez, a presença do novo coronavírus nas gengivas de alguns pacientes que morreram em decorrência da covid-19, informaram na quinta-feira fontes académicas.

A descoberta é resultado de um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e foi publicada na revista “Journal of Oral Microbiology”.

“A presença do SARS-CoV-2 no tecido periodontal pode ser um dos fatores que contribuem para a presença desse vírus na saliva de pacientes infetados”, indicou Bruno Matuck, um dos autores da investigação, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Outros vírus já haviam sido identificados anteriormente no tecido gengival, como herpes, Epstein-Barr ou citomegalovírus.

Com base nisso, cientistas brasileiros levantaram a hipótese de que o novo coronavírus, devido ao seu alto índice de infeção em comparação com outros patógenos respiratórios, poderia reproduzir-se na cavidade bocal e, assim, aparecer na saliva.

Para comprovar essa hipótese, os cientistas recolheram amostras das glândulas salivares, das gengivas e do trato respiratório superior, assim como das papilas gustativas, de sete pacientes que morreram por complicações relacionadas à covid-19.

As análises clínicas confirmaram a presença do SARS-CoV-2 no tecido periodontal de cinco das sete vítimas mortais, em alguns casos até 24 dias após a manifestação dos primeiros sintomas da doença.

“Essas descobertas mostram que o tecido periodontal parece ser um alvo para o SARS-CoV-2, e pode contribuir, por muito tempo, para o seu aparecimento em amostras de saliva”, explicou Matuck.

No entanto, o estudo destaca que a presença do vírus na saliva por um longo período “não significa que as partículas de RNA viral sejam infecciosas por todo esse tempo”.

“Outros estudos demonstram que a capacidade de contágio do vírus diminui com o tempo e atinge o seu pico em 15 dias”, afirmou o coordenador da investigação, Luiz Fernando Ferraz.

Por outro lado, a deteção do novo coronavírus nas gengivas também corrobora, segundo o relatório, que a inflação desse tecido (periodontite) aumenta o risco de desenvolver um quadro grave de covid-19.

“Uma vez que o SARS-CoV-2 infeta o tecido periodontal, a maior secreção de fluido gengival eleva a carga do vírus na saliva”, explicou Matuck.

O Brasil, país que atualmente mais regista casos e mortes por covid-19, vive o pior momento da pandemia, com uma média de quase 2300 mortes por dia e grande parte do seu sistema público de saúde em colapso ou perto dessa situação.

Em apenas treze meses de pandemia, o país já registou mais de 300 mil mortes e 12,2 milhões de infetados.

JN

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