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Rainha da Névoa

Localizada na fronteira entre o Canadá e Estados Unidos, Niagara Falls (ou Cataratas do Niágara) estão entre as maiores cascatas do mundo. Com três quedas de até 57 metros de altura cada, é a 4ª maior em fluxo de água – em média 168 mil m³ a cada minuto.

Descoberta por Samuel de Champlain, em 1604, estas cataratas registaram o primeiro período de turismo no século XIX, tornando-se a principal fonte de renda da sociedade da época. Com o final da Segunda Guerra Mundial, o local testemunhou a segunda e definitiva “onda” turística, uma vez que as pessoas passaram a ir de carro até à região.

A década de 1940 foi marcada pelo desenvolvimento urbano de ambos os lados da fronteira, que usou da expansão territorial para a construção de rodovias e pontes nos arredores das cataratas.

Foi em outubro de 1829 que Sam Patch, um aventureiro, “o pulador de Yankee”, tornou-se a primeira pessoa a decidir lançar-se – e sobreviver – às ferozes quedas canadianas do Niágara. Esse momento tornou-se o primeiro daquela que seria uma espécie de “corrida” entre aqueles que buscavam o prestígio mundial através de atitudes insanas como a de Patch. Durante muitos anos, Niagara Falls foi o palco de todos os tipos de tentativas.

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Annie Taylor ganhou o apelido de “rainha da névoa” e tornou-se a primeira mulher a descer as Cataratas do Niágara num barril.

A primeira corajosa

Para Annie Edson, viver tornou-se uma verdadeira aventura – infelizmente nada boa. Nascida em Auburn, Nova York, em 24 de outubro de 1838, ela foi uma de 11 filhos do casal Merrick e Lucretia Edson, que administravam um pequeno e próspero negócio de moagem na região de Finger Lakes.

Desde pequena, Annie mostrava ser uma jovem com espírito livre e sonhador, que nutria uma verdadeira fascinação por histórias de aventura. Enquanto estudava para se tornar professora, o pai faleceu sem a ver acabar o curso. Aos 18 anos, ela acabou por se casar com David Taylor, o irmão de um velho amigo de infância, de quem adotou o sobrenome.

O seu primeiro e único filho morreu durante a infância, seguido pelo marido. Sozinha e com mais dívidas do que poderia contar, a mulher entrou num processo de viver de cidade em cidade, à procura de um meio para se garantir financeiramente – uma vez que o pequeno negócio familiar havia terminado com a morte do seu pai.

Na sua passagem pela cidade Chattanooga (Tennessee, EUA), Annie perdeu a casa num incêndio avassalador, e então decidiu mudar-se para a Carolina do Sul, mas quase morreu durante um terramoto. Quando ela achou que nada mais a abalaria, ainda foi abordada por ladrões que lhe apontaram uma arma à cabeça e exigiram os únicos $800 que ela tinha escondido no seu vestido.

Foi durante a Exposição Panamericana de 1901, em Buffalo (EUA), que Annie leu sobre a crescente popularidade das Cataratas do Niágara. De repente, ocorreu-lhe descer as cascatas dentro de um barril. Para ela, algo drástico era a única maneira de atrair fama e dinheiro, garantindo que não passasse os seus últimos anos na miséria. Pobre, viúva e de aparência frágil, Annie sabia que não existia muito espaço para ela numa nação industrial em contínua expansão.

Lançar-se em águas traiçoeiras e de uma altura tão grande não parecia algo tão terrível assim, afinal a vida já havia provado por diversas vezes que ela era uma sobrevivente. Durante a feira Panamericana, Annie abordou os repórteres e contou sobre o que faria. Contudo, temendo não ser levada a sério, ela alegou que tinha 40 anos.

A mulher contratou Frank Russel para ser o seu agente e convencer os funcionários das cataratas a permitirem que ela saltasse do local num barril selado. Com o consentimento deles, Annie projetou a própria embarcação: desenhou um diagrama e confecionou um protótipo em papelão e cordel.

Depois de vários atrasos, aparentemente porque ninguém queria ter o nome vinculado a uma missão suicida, o barril ficou pronto. Pesado como uma bigorna para que se mantivesse na vertical ao longo de seu percurso, era todo acolchoado por dentro e feito de carvalho puro, preso por 10 aros de ferro reforçados.

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Annie foi resgatada das cataratas apenas 20 minutos depois pela equipa que a aguardava.

Os frutos da queda

Em 24 de outubro 1901, no seu 63o aniversário, Annie Taylor foi selada dentro do seu barril, nas margens do lado canadiano das cataratas – onde existe a maior queda. Com oxigénio suficiente para uma hora de trajeto (demorou bem menos que isso), a mulher foi lançada à própria sorte nas águas. “Senti como se estivesse a ser sufocada, mas decidi ser corajosa”, declarou ela. Depois de ser agitado e revirado pela força da correnteza, o barril parou por um momento, depois mergulhou na queda. A descida durou segundos, porém

Com um corte na cabeça e inconsciente por conta do impacto, foi por pouco que ela sobreviveu – Annie quase morreu asfixiada. Em terra firme, ela foi entrevistada pela multidão de repórteres que a esperavam e, nesse momento, Annie Taylor ganhou o apelido de “rainha da névoa” e tornou-se a primeira mulher a descer as Cataratas do Niágara num barril.

FYI/Kika

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