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Novas restrições Impacto nas pessoas e nas empresas

O Governo de Ontário anunciou na passada sexta-feira (16) uma lista de novas restrições que pretendem travar o número diário de casos de COVID-19 e de hospitalizações que está a ameaçar a capacidade dos cuidados intensivos dos hospitais da província. Depois de admitir que a província já tinha as restrições mais duras da América do Norte, o Premier Doug Ford disse que agora era preciso fazer ainda mais.

O Milénio Stadium compilou uma lista das novas restrições que revelam como a vida de pessoas e de empresas vai mudar enquanto os casos diários e os internamentos não diminuírem em Ontário. A propósito da nova regra que as autoridades de saúde de Toronto e Peel impuseram esta semana para encerrar um local de trabalho sempre que cinco ou mais funcionários testem positivo, o nosso jornal tentou chegar à fala com vários empresários portugueses, mas nenhum deles aceitou comentar a medida. Na terça-feira (20) as duas cidades anunciaram que sempre que cinco ou mais funcionários testem positivo num local de trabalho, a empresa vai ser obrigada a encerrar durante 10 dias para conter a transmissão do vírus. Já os funcionários vão cumprir uma quarentena de 14 dias. A ordem entra vigor esta sexta-feira (23) e as autoridades de saúde explicam que a medida é necessária porque os surtos em locais de trabalho são cada mais frequentes. As duas autoridades de saúde estão a pressionar o Governo de Ontário para assegurar os paid sick days para garantir que as pessoas não têm de escolher entre fazer quarentena ou pôr comida na mesa.

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Cristina Da Costa, proprietária do Restaurante Flor de Sal, Cândido Faria, corretor de imóveis da REMAX e Joan Sheppard é professora no ensino básico. Créditos: DR.

Cândido Faria é corretor de imóveis da REMAX e já tem saudades de apertar a mão a um cliente antes e depois de fechar um negócio. “Agora trabalhamos com máscaras e fazemos distância social para garantirmos que o nosso local de trabalho é seguro. Antes íamos visitar uma casa com um cliente no mesmo carro, mas agora isso já não é possível. A nossa rotina transformou-se no preenchimento de formulários para perceber se o cliente tem sintomas de COVID-19, se viajou recentemente, se teve contato próximo com alguém que está infetado, etc. Já não há apertos de mão…”, contou.

Felizmente para o luso-canadiano a compra e venda de casas é uma área de atividade essencial, mas o corretor de imóveis percebe a frustração de alguns empresários. “É muito difícil estar a operar sem um plano. Os empresários sabem em cima da hora se podem abrir ou se têm de encerrar. Estou solidário com esses empresários, é um período muito difícil”, disse.

Faria trabalha sobretudo na GTA e diz que os portugueses, apesar de tudo, preferem visitas em pessoa. “Tenho alguns clientes que preferem marcar uma videoconferência em vez de virem até ao escritório, mas os portugueses são diferentes, ainda preferem vir até cá. Claro que seguimos todos os protocolos de segurança, desde uso de máscara, distância física, higienização das mãos, preenchimento de um questionário, etc.”, explicou.

Com escritório localizado no 1192 da St Clair Ave W, o corretor de imóveis diz que pouco mudou nas estradas desde que entrámos num confinamento mais apertado. “Apesar dos avisos acho que o trânsito está semelhante. As pessoas continuam a sair de casa, sobretudo quando temos bom tempo”, opinou. Sobre as recentes notícias sobre o aumento do preço médio de uma casa em Toronto, Faria garante que continua a existir procura no mercado e que as casas continuam a sair.

Joan Sheppard é professora no ensino básico e confessa que ficou aliviada quando recebeu a primeira dose da vacina. “Consegui agendar a vacina e já tomei a primeira dose, agora estou a aguardar que me liguem para agendar a segunda dose. Confesso que fiquei muito mais descansada porque sou professora numa escola em Mississauga numa área geográfica que é considerada um hot spot devido ao elevado número de casos de COVID-19”, informou.

Sheppard contou-nos que ficou ansiosa quando teve de voltar para as aulas este ano porque muitos dos alunos não cumpriam a distância social e a sua preocupação aumentou quando a escola onde trabalha teve um surto de COVID-19. Sobre as novas restrições que o Governo de Ontário anunciou na sexta-feira (16) a professora está dividida. “Não sei se as medidas vão resultar porque no fim de semana fui ao Costco e o parque de estacionamento estava cheio. Mas antes o centro comercial próximo da minha casa estava sempre cheio e agora o parque está vazio. Por isso não sei, mas espero que resultem. Pessoalmente durante as outras vagas da pandemia já não saía muito de casa, mas concordo com as restrições nas fronteiras com as outras províncias. Existem sempre pessoas que não cumprem e esta regra pode ajudar o governo a controlar esta terceira vaga”, explicou.

A professora concorda com o encerramento de locais de trabalho sempre que existam cinco ou mais casos positivos, mas defende que os trabalhadores essenciais precisam de paid sick days. “Tem de ser um esforço coletivo e se estas pessoas não podem receber a vacina elas precisam de uma alternativa para não irem trabalhar doentes porque precisam de pagar as suas contas. Espero que o governo volte atrás na sua decisão e institua paid sick days”, disse.

Cristina da Costa está num dos ramos mais atingidos pela crise provocada pela pandemia. Com as sucessivas restrições e confinamentos a indústria da restauração atravessa um período difícil. A proprietária do Flor de Sal, um restaurante localizado na 501 Davenport Rd, acha que a lista de novas restrições anunciada recentemente não traz grandes mudanças e não compreende as novas regras para as grandes superfícies comerciais. “O governo diz-nos que existem agora alguns produtos que não podemos comprar porque não são essenciais. Acho que é para nos cegar ainda mais e criar mais confusão. Qual é o problema de o Dollarama vender fraldas durante esta vaga?”, disse.

A empresária antecipa mais falências na restauração devido às ações do governo. “Este setor está em apuros e cada vez mais bares e restaurantes vão encerrar a porta porque não geram receitas suficientes para pagar as despesas. É vergonhoso para os nossos governadores estarem a fazer isto com uma indústria que fornece um serviço tão necessário à comunidade. As falências vão continuar…”, lamentou.

Sobre as restrições nas fronteiras com as outras províncias, a empresária acha que deviam ter sido impostas mais cedo e reitera que os trabalhadores essenciais precisam da vacina. “Infelizmente já estamos a ver as consequências de não ter fechado as fronteiras mais cedo. O governo perdeu o controlo total e não percebo porque só o fizeram agora. Concordo em absoluto que os trabalhadores essenciais precisam de ser vacinados porque eles têm mais probabilidades de testarem positivo devido ao contato diário com pessoas. Eles precisam da vacina o mais rápido possível!”, adiantou.

Viagem interprovincial: A província instalou postos de contro em todas as fronteiras interprovinciais. O acesso às províncias de Ontário, Manitoba e Quebec está proibido a não ser que se trate do transporte de bens essenciais, alguém que tenha de se deslocar de uma província para a outra para trabalhar ou por motivos de saúde. Quem não obedecer corre o risco de fazer a viagem em vão, por isso se não tem um bom motivo para viajar o melhor é ficar em casa.

Pedido para ficar em casa: O confinamento, que entrou em vigor a 8 de abril, foi estendido por mais duas semanas. Se não voltar a ser prolongado, o confinamento mantém-se até 20 de maio. Os próprios empregadores são aconselhados a manter os trabalhadores em teletrabalho caso seja possível. As exceções são saídas para ir ao supermercado, à farmácia, a um hospital, trabalho essencial e exercício físico.

Capacidade de retalho reduzida: As lojas não essenciais podem abrir no máximo às 7H e fechar no máximo às 20H, incluindo lojas de materiais de construção, venda de bebidas alcoólicas e lojas que fazem curbside pickup. Supermercados, mercearias, lojas de conveniência e farmácias estão limitadas a operar a 25% da sua capacidade.

Construção não essencial: Segundo o governo todas as obras não essenciais foram fechadas, incluindo a construção de centros comerciais, hotéis e prédios de escritórios. Mais 200 inspetores foram contratados para se certificar que os locais de trabalho cumprem as regras de saúde pública, como máscara, distância física e verificação de temperatura.

Joana Leal/MS

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