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Kuala Lumpur, moderna e exótica

Não ser capaz de decifrar as palavras escritas, apesar do uso do mesmo alfabeto, é a lembrança mais marcante que guardo da minha viagem a Kuala Lumpur, a capital da Malásia. Tirando a Praça da Independência, que em malaio se diz Merdeka, não me lembro de conseguir ler mais nada! Para quem, como eu, que gosta de falar com as pessoas do país que visita, orientar-se nos transportes, ler os cartazes e outra informação, é frustrante ficar dependente de encontrar alguém que saiba inglês ou outra língua comum.

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Foi na histórica Praça da Independência que se hasteou pela primeira vez a bandeira malaia, assinalando o fim do colonialismo. Antigo campo relvado de críquete britânico, continua a ser o local das manifestações cívicas do país, nela se destacando o Sultan Abdul Samada, um edifício do Governo em estilo mourisco.

A cidade oferece uma mistura de influências coloniais britânicas, indianas, árabes, chinesas e malaias. Surpreende a arquitetura moderna de edifícios, praças e estátuas numa simbiose de elementos árabes que lhe conferem um exotismo atraente aos olhos ocidentais.

A Malásia é oficialmente um país islâmico e, maravilhou-me ver as mulheres caminhando em suas longas vestes coloridas, lembrando borboletas esvoaçantes. Muitas envergam saris em tecidos leves com bordados delicados, outros com padrões desenhados em cores harmoniosas, que as envolvem em seus passos curtos. Lenços ou véus a cobrir a cabeça conferem-lhes um ar enigmático, secreto, misterioso. Na cidade, sobressai a presença de mulheres em grupo.

As famosas Torres Gémeas Petronas, nome da companhia petrolífera nacional, obra do arquiteto argentino Cesar Pelli, são a principal atração da cidade. Inauguradas em 1999, continuam a ocupar o primeiro lugar do mundo em altura – 370 metros. Pode visitar-se a torre de observação no octogésimo sexto andar e, para os menos aventureiros, caminhar apenas na SkyBridge, a 170 metros de altura, nos quadragésimo primeiro e segundo andares. Integrada num complexo chamado KLCC (Kuala Lumpur City Centre), é espantoso detetar o luxo das marcas internacionais neste gigantesco centro comercial onde o gosto ocidental predomina.

Em Kuala Lumpur, visitei o Museu de Arte islâmica e o Museu Têxtil.  Este último dá-nos a conhecer a cultura da Malásia através dos trajes típicos dos povos que contribuíram de alguma forma para o desenvolvimento do país ao longo dos séculos. É curioso encontrar trajes típicos portugueses pois a nossa relevante presença em Malaca, no início do século XVI, não é esquecida pelos malaios.

No Museu de Arte Islâmica, apreciar a arquitetura do prédio vale por si só uma visita. As cúpulas e jardins em estilo árabe são de beleza ímpar. As preciosidades que nele se podem observar, todavia, deixam o visitante deslumbrado: versões antigas do Alcorão, indumentária de cerimónias religiosas, tapeçarias, joias preciosas e um acervo riquíssimo sobre a arquitetura das mesquitas e cidades islâmicas de todo o mundo.

Fazer uma visita a um templo hindu, dos muitos que há na cidade, foi algo que me despertou interesse. Junto às portas de acesso ao interior, vendem-se colares de flores de cores garridas e apelativas que muitos devotos adquirem antes de entrar. Ao deambular pelo templo – onde não se observa o silêncio que normalmente associo a um lugar de culto -, e ver pessoas sentadas pelo chão, conversando em grupo, fez-me refletir nos modos diferentes como cada cultura pratica a sua religião.

De Kuala Lumpur vou guardar memórias da modernidade da cidade, dos verdejantes jardins com flores exóticas, das cúpulas dos templos, dos mercados com frutas frescas apetitosas – mas em particular nunca esquecerei um momento de surpresa e emoção. Num espetáculo de música e dança ao ar livre a que estava, por puro acaso, a assistir com a amiga com quem viajei, reconhecemos de repente uma melodia popular algarvia – “Tia Anica do Loulé”, dançada no palco por jovens malaios. Não resistimos a abrir caminho para perto do palco, atrapalhando as pessoas à nossa frente, e registar um momento inesperado de cultura portuguesa na longínqua capital da Malásia.

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Imagens cedidas por Manuela Marujo

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