Açores

Mais de 30 mil diabéticos nos Açores

O número de diabéticos nos Açores tem seguido uma tendência de aumento ao longo dos anos e urge uma mudança de hábitos e comportamentos entre a população para combater este crescimento, a par de uma maior aposta na prevenção da doença e não no tratamento.

A opinião é do especialista em endocrinologia Rui César que, em declarações ao Diário dos Açores, a propósito do Dia Mundial da Diabetes que hoje se assinala, afirma que haverá mais de 30 mil açorianos com esta doença crónica.

“[O número de diabéticos] tem aumentado e muito. Estimámos, há 30 anos, que haveria na Região três mil diabéticos, mas neste momento são mais de 30 mil”, alerta o médico. Mas o número pode ainda ser muito superior: “A Organização Mundial de Saúde e a Federação Internacional de Diabetes dizem que por cada diabético diagnosticado há um por diagnosticar. Indo ao encontro desta ideia, e tendo em conta que nos Açores há 19 mil diabéticos registados na Direcção Regional da Saúde, quer isso dizer que poderiam ser 40 mil os açorianos com diabetes”.

Rui César é, no entanto, mais positivo em relação aos números, considerando que são entre 30 a 40% os diabéticos por diagnosticar nos Açores, pelo que o número não chegará aos 40 mil. Mesmo assim, é uma realidade preocupante.

“É um cenário muito preocupante, para uma população adulta de 155 a 160 mil pessoas, segundo os últimos censos. Além disso, para lá deste quinto de população – 20% – que sofre de diabetes, há ainda outros 20% que são pré- diabéticos”, alerta o endocrinologista.

A diabetes é uma doença crónica caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar no sangue, que provoca a deterioração dos vasos sanguíneos. Entre as consequências que acarreta, está o maior risco de se desenvolverem doenças cardiovasculares, como o enfarte agudo do miocárdio ou a angina de peito, insuficiência renal ou cegueira.

Segundo o Observatório da Diabetes em Portugal, há no país 1 milhão de pessoas diabéticas e outras 500 mil que não sabem que têm a doença. A nível mundial, cerca de 500 milhões de pessoas estão diagnosticadas com diabetes, um número que se prevê aumentar exponencialmente nos próximos anos.

Segundo explica Rui César ao Diário dos Açores, a doença tem mais probabilidade de se manifestar nas pessoas com mais idade. “A partir dos 60 anos, entre 27 a 30% das pessoas são diabéticas. Há, portanto uma prevalência muito aumentada a partir desta idade”, frisa.

Aposta na prevenção e não no tratamento

O médico do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada alerta ainda para o facto de a diabetes ser um “problema de saúde pública”, defendendo que a tutela tem que apostar na prevenção.

“O hospital, nomeadamente o nosso serviço de Endocrinologia e Nutrição, dá resposta especializada na tentativa de tentar minorar as complicações da diabetes nos doentes, mas a tutela tem que apostar na prevenção e não no tratamento”, afirma, justificando que “o tratamento sai muito mais caro, tanto ao nível económico como ao nível do sofrimento por que as pessoas passam”.

“É preciso que as atitudes mudem” 

O especialista defende haver todo um conjunto de factores que devem mudar para alterar a prevalência da doença nos Açores, que vão desde a educação aos comportamentos da população. “É preciso que as atitudes das pessoas mudem; que as pessoas deixem de ser sedentárias e tenham uma actividade física diferente; que sejam educadas em termos de comportamentos alimentares”, refere.

“Há toda uma conduta que tem que ser mudada, senão as coisas vão piorar sistematicamente, seja na diabetes seja na obesidade, pois temos também muito mais obesidade na região do que há 20 anos”, acrescenta ainda Rui César.

Apesar das acções de sensibilização e informação que têm sido feitas ao longo dos anos, o médico lamenta haver ainda uma atitude de indiferença face à patologia: “as pessoas não querem saber. Há uma incultura muito grande, muita falta de instrução, e estamos muito longe de ver uma melhoria”.

Segundo salienta, “um dos grandes problemas da diabetes é não dar queixas nos primeiros anos. E por isso as pessoas não se apercebem o porquê de terem de mudar de hábitos de vida”. Exemplificando, o médico diz que “é como meter o lixo debaixo do tapete. A dada altura o tapete fica muito cheio e depois vê-se o que está por baixo”.

A propósito deste Dia Mundial da Diabetes, o endocrinologista deixa alguns conselhos aos açorianos: “Vamos todos fazer alguma coisa pela nossa saúde, porque sai muito mais barato para a comunidade e traz muito menos sofrimento. Temos que dar algo de nós mesmos e mudar de hábitos. Ter uma alimentação mais saudável, evitar alimentos açucarados ou engordurados, evitar passar mui- to tempo sentado ou deitado e fazer exercício físico, beber mais água, são todos comportamentos que devemos ter”, concluiu o especialista.

Campanha de sensibilização em Ponta Delgada

Assinalando a data, o Serviço de Endocrinologia e Nutrição, do hospital de Ponta Delgada, em colaboração com a Câmara Municipal de Ponta Delgada, a Associação do Diabético de São Miguel e Santa Maria, e o Lions Clube de S. Miguel, promove uma campanha de sensibilização, a realizar no lado norte da Matriz de Ponta Delgada, entre as 10h00 e as 14 horas. Uma iniciativa destinada a toda a população interessada, onde estarão presentes profissionais de saúde, médicos e nutricionistas, que ao longo da manhã, irão fazer a avaliação de alguns parâmetros como peso, tensão arterial e açúcar no sangue.

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