CDS diz que liberdade de expressão está ameaçada nos Açores

Os ataques à liberdade de expressão nos Açores já ultrapassaram a esfera política. A opinião é de Artur Lima, líder do CDS-PP/Açores, cuja bancada parlamentar vai promover, hoje, no Museu de Angra do Heroísmo, um debate sobre o tema.

“Nós queremos pôr na ordem do dia esta questão, que é muito importante. As pessoas dizem-nos à boca pequena que têm medo de falar, que têm medo de comentar, de denunciar, que têm medo de represálias e isso numa sociedade democrática não pode acontecer”, considerou o também presidente da bancada parlamentar centrista.

Artur Lima lembrou, a propósito, o caso que opôs recentemente a Câmara Municipal da Praia da Vitória a Félix Rodrigues, tendo considerado que esse processo, que vai ser analisado em tribunal, é uma das últimas provas de coação à liberdade de expressão nos Açores.

“Estes ataques à liberdade de expressão foram, em primeira instância, de ordem política, mas já começam a ultrapassar essa esfera. Agora basta ter uma opinião diferente. Já não há apenas perseguição política, há até perseguição científica”, afirmou.

De acordo com o líder do CDS-PP nos Açores, os jornais açorianos também correm o risco de ver a sua liberdade de expressão diminuída, nomeadamente devido ao modelo de apoios à imprensa privada instituído pelo Governo Regional.

“Considero que não há uma verdadeira liberdade de expressão sem uma imprensa verdadeiramente livre nos Açores. Isso só se conseguiria se os jornais tivessem apoios que lhes permitissem uma total independência, mas até por aí se tenta limitar a atividade dos jornais”, avançou o deputado centrista, que considera que o serviço público não está livre dessa coacção.

“Penso que é tempo de pensarmos que sociedade queremos deixar, nos Açores, para os nossos filhos”, disse.

O debate “Liberdade de expressão e sociedade democrática”, que é de entrada livre, decorre hoje no Museu de Angra do Heroísmo, pelas 20h30. A discussão conta com a participação da antiga deputada regional do Bloco de Esquerda, Zuraida Soares, de Armando Mendes, jornalista e chefe de redacção do Diário Insular, e de Arnaldo Ourique, especialista em direito constitucional autonómico.