Madeira

19 mulheres assassinadas nos últimos 15 anos na Madeira

Nos últimos 15 anos na Madeira foram assassinadas 19 mulheres, 14 fazem parte das estatísticas públicas e mais cinco foram mortas em 2017 e nunca foram assumidas como vítimas de violência doméstica. Nesse ano a UMAR fez uma denúncia nunca desmentida até hoje por qualquer autoridade.

Pelos dados publicados no primeiro semestre deste ano, a Comarca da Madeira já movimentava 554 processos de violência doméstica que representam números verdadeiramente assustadores. No final deste ano estes números vão aumentar e vamos continuar como una das regiões com mais violência doméstica denunciada.

Dados revelados esta manhã na conferência de imprensa promovida pelo secretariado regional da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR – Madeira).

Lembrando que “muitas vítimas, incluindo a deste ano no Jardim do Mar, foram barbaramente assassinadas por companheiros ou ex companheiros que não admitiram o fim de uma relação mantendo o pensamento ‘ou és minha ou não és de mais ninguém.’ como se algum ser humano pudesse ser dono de quem gosta”, Cássia Gouveia, a porta-voz da iniciativa realizada neste Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, abordou os resultados do OMA 2019 e dados da Região Autónoma da Madeira.

A juntar aos números inicialmente apontados, lembrou que “a UMAR tem um Observatório nacional das mulheres assassinadas com base nos casos que são publicados na comunicação social e do trabalho desenvolvido no corrente ano” concluindo “que entre 1 de Janeiro até 12 de Novembro, 28 mulheres foram assassinadas em Portugal, em contextos de intimidade ou relações familiares próximas. Outras 27, viram a sua vida ser atentada e 45 filhas/os ficaram sem as suas mães. Estes dados evidenciam uma média de 5 mulheres por mês, em Portugal, vítimas de formas de violência extrema, e que o número de femicídios registados (mais quatro), aumentou se comparado com período homólogo de 2018”, sublinhou.

Prosseguiu dizendo que “as mulheres são assassinadas, na esmagadora maioria, nas suas próprias casas, nas relações de intimidade presente ou passada, ou seja, por pessoas suas conhecidas e com quem mantêm ou mantiveram uma relação íntima. Verificamos ainda que o assassinato das mulheres ocorre em todo o seu ciclo de vida, o grupo etário que registou mais femicídios foi o das vítimas com idades compreendidas entre os 36 e os 50 anos (43%), e logo a seguir, o grupo etário das mulheres com idades superiores a 65 anos (21%). Na violência doméstica contra as mulheres, em grande parte de conhecimento geral, foi verificado que a maioria (71%) das mulheres assassinadas até à presente data, foi vítima de violência nessa relação. Neste sentido, em 71% das situações é muito provável que alguém próximo tivesse conhecimento de tal violência, vizinhos/as, amigos/as, familiares”, descreveu.

Na Madeira, lembrou que “este ano uma mulher foi assassinada. No entanto, foram feitas 11 queixas por violação ou tentativa de violação. E ainda, 2 queixas por violência doméstica sob a forma de ameaça de divulgação de imagens íntimas na internet”, apontou a dirigente da UMAR.

“Neste 25 de Novembro, Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, a UMAR relembra que as mulheres vítimas destes crimes são, não raras vezes, esquecidas! Mulheres que foram brutalmente assassinadas, por tentativa ou consumação, por aqueles com quem um dia pensaram poder ser felizes; mulheres que perderam a sua vida por dizerem não a uma relação violenta; mulheres que acabaram por ser silenciadas quando disseram basta. Mulheres que, por relação familiar próxima com outra vítima direta, foram assassinadas, como é o caso de uma ex sogra e de uma cunhada dos homicidas. Uma mãe que morreu às mãos de um filho. Uma menina que morreu às mãos do pai. Todas elas com dois aspetos comuns: são mulheres e tinham uma relação de proximidade com quem ousou tirar-lhes a vida! Infelizmente, ainda encontramos pessoas que tentam justificar o assassinato das mulheres devido a erros por elas cometidos, como se estas até pudessem merecer, tamanho castigo de morrer às mãos dos homens que escolheram para seus companheiros. A mentalidade que muitas vezes reina é a de que as mulheres devem ter cometido algum erro que levaram os homens a matá-las. Mesmo que tivessem cometido erros, não há direito de tirar a vida a alguém”, sentencia.

Para a UMAR “é urgente reforçar a necessidade da denúncia e intervenção por parte de toda a sociedade como forma de prevenção da sua reincidência e diminuição dos números de violência letal. Que sejam implementados programas de prevenção primária que assentem no combate aos mecanismos de desigualdade de género que estão na base da violência contra as mulheres no espaço doméstico, familiar e nas relações de intimidade”, sublinha.

Reclama por isso “que se faça justiça, que nem mais uma perca a vida às mãos de agressores.”

A terminar, Cássia Gouveia disse ser “necessário insistir no trabalho da prevenção em que a UMAR faz a sua parte, mas que é muito pouco para o muito que é preciso fazer para educarmos crianças, jovens e adultos para um novo conceito de cidadania onde os direitos humanos sejam a base da educação. Há muito trabalho que falta fazer e todas/os somos poucos para conseguir apagar estes números da nossa sociedade”, admitiu.

A dirigente do secretariado regional concluiu: “A UMAR está de luto e em luta pelas mulheres assassinadas”.

DN Madeira

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DN Madeira

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