Açores

Três emigrantes açorianos morrem de Covid-19 em Montreal

Morreu no dia 2 de abril último Guilherme da Costa Bilhete, comerciante muito conhecido na Cidade de Lagoa, de onde era originário.

A sua morte, devido à doença Covid-19, foi a primeira a acontecer na comunidade açoriana de Montreal. Pelo menos do que sabemos e estamos informados.

Guilherme Bilhete vivia no Centro de Alojamento de Cuidados de Longa Duração para pessoas idosas NotreDame de la Merci há cerca de um ano, por ter ficado impossibilitado de se mover pelos seus próprios meios, como resultado da sua incapacidade motora.

Foi ali, naquela residência, que Guilherme Bilhete contraiu a doença Covid- 19, vindo depois a falecer.

Diga-se, por ser verdade, que o antigo comerciante da Cidade de Lagoa (Rua do Porto, n°. 31, onde explorou uma casa de pasto durante 11 anos), aos 92 anos, era uma pessoa em perfeito estado de lucidez.

Família revoltada

Impedidos de visitar o marido e pai, a esposa (Alexandrina Botelho) e os quatro filhos (José Guilherme, Emanuel, João Paulo e Rui Jorge), viveram momentos angustiantes e dolorosos por não o poderem visitar em tão crítico momento, mercê das diretrizes emanadas pelas autoridades sanitárias.

«Estou revoltado por que não tivemos, sequer, maneira para vermos o meu pai antes de morrer. De protesto em protesto, não conseguimos chegar até ele. Primeiro estava tudo bem, mas não podíamos entrar porque o governo tinha imposto regras restritas. Mas que não nos preocupássemos que ele estava bem. E repetiram-nos isto durante alguns dias; fora os dias que nem pelo telefone conseguíamos chegar à fala com ninguém do Centro para saber novidades. Finalmente, passados mais um par de dias, dizem-nos que o meu pai tinha contraído a doença e que estava mal. Não levou muito tempo e logo depois telefonam-nos para dizer que ele tinha falecido! Eu nem queria acreditar. Ficámos todos furiosos. Então não é que nem nós, os filhos, nem a minha mãe, assistem ao fim de vida de meu pai?!…», palavras de Rui Jorge, um dos filhos do Senhor Bilhete, ainda em choque.

Na verdade, aquele Centro paramédico não esteve bem durante estas últimas semanas, ao ponto de ter feito manchete em tudo o que é órgão de Informação pela má gestão que fez da situação durante esta crise Coronavírus.

Lar polémico

No seu interior, para além da falta de higiene de que está acusado, o Centre de Notre-Dame de la Merci não controlou como devia o vaivém de funcionários, paramédicos, familiares, etc… Daí à contaminação quase generalizada foi um ápice.

Por isso, este Centro só à sua conta tem a pesada responsabilidade de cerca de 20 mortes!

Depois das denúncias do descalabro em que se vivia no interior da Residência Notre-Dame de la Merci, as entidades sanitárias e políticas da província puseram trancas à porta. Assim, instauraram primeiro um inquérito de maneira a conhecer-se o fundo do problema e, segundo, enviaram uma equipa de médicos e enfermeiros para «limpar» o que havia a limpar.

O inquérito decorre neste momento.

E por ser assim, o CHSLD (Centre d’hebergement et de soin de longue durée) de Notre-Dame de la Merci foi posto sob tutela das entidades sanitárias.

Mais duas vítimas

Mais recentemente, na sexta-feira passada, dia 10 de abril, morreu a Senhora Justina Benfeito, natural do Porto Formo- so (Ribeira Grande) e no Canadá há mais de 50 anos.

Se bem que já sofresse de Alzheimer e de cancro, o seu falecimento deu-se por causa do Covid-19, como nos confirmou o seu filho Arthur Benfeito, carteiro ao serviço dos Correios Canadianos e já nascido em Montreal.

A Senhora Justina Benfeito, mais o seu marido Artur, já falecido, formavam um casal assaz conhecido na comunidade, onde durante décadas exploraram a mercearia «Le Petit Portugal».

Entretanto e como curiosidade maior o facto da Senhora Justina, pessoa muita apreciada pela sua generosidade ao tempo da sua mercearia, quando ajudava quem mais necessitava, ser a avó de Meaghan Benfeito, a grande atleta canadiana, com medalhas olímpicas e mundiais no seu palmarés.

Recorde-se que Meaghan Benfeito já foi de resto agraciada pelo Governo dos Açores como resultado dos seus grandes feitos desportivos.

O outro açoriano a perecer, de quem apenas podemos acrescentar é que ele vivia também num centro para pessoas idosas e tinha ligações, por interposta pessoa, com um dirigente da Casa dos Açores.

Família em dificuldade

Outra informação de que dispomos neste momento é que uma família micaelense de nove pessoas, a viver no Oeste da Ilha de Montreal, está toda contaminada, com um dos elementos em estado grave… Também aqui estamos impedidos de revelar nomes.

Para terminar, resta-nos dizer que o filho de uma família natural dos Ginetes (Ponta Delgada), de 47 anos, trabalhador social num CLSC (Centre local de services communautaires), está contaminado. Porém, as perspetivas são animadoras quanto à sua cura.

Diário dos Açores

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Diário dos Açores

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