Pobreza em S. Miguel supera média nacional
O Diário dos Açores publica esta semana uma sínteses das intervenções apresentadas no Fórum sobre Economia e Sociedade, ocorrido na semana passada, com encerramento do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Vários oradores apresentaram as suas intervenções, por sectores, cujas sínteses publicamos a seguir, dada a sua importância e valor dos oradores.
A intervenção ligada ao desemprego coube ao Prof. Dr. Rolando Lalanda Gonçalves, da Universidade dos Açores, que fez a seguinte caracterização, em síntese:
“O desemprego na Região Autónoma dos Açores é característico de uma pequena economia insular aberta ao exterior, com uma estrutura empresarial privada caracterizada por pequenas empresas e com uma administração pública que detém um importante papel na criação de emprego (sobretudo qualificado).
Os principais desafios radicam numa dupla tendência: o crescente aumento da procura do primeiro emprego e o reforço do desemprego de longa duração.
Tal pode vir a constituir um factor repulsivo no que concerne à fixação de mão-de-obra (sobretudo a qualificada).
Estas duas tendências conjugam-se com uma profunda alteração da taxa de participação feminina, que quase duplicou nas últimas duas décadas.
Está-lhes também associada uma cada vez maior qualificação das jovens gerações, o que coloca sob pressão as tradicionais políticas públicas para o fomento do emprego (os clássicos estágios ou a oferta de formação com aparente maior empregabilidade).
Urge compreender melhor a articulação entre as políticas de recursos humanos, tanto no sector público como privado, e a geração de emprego (nas suas vertentes da estabilidade e da segurança), o que implica uma reformulação estratégica das políticas públicas de emprego.
As políticas educativas, mas sobretudo a estratégia de formação profissional, não podem estar ausentes numa equação que exige uma relação de exigência e responsabilidade dos diferentes actores económicos e sociais”.
O Prof. Dr. Fernando Diogo, da Universidade dos Açores, fez uma intervenção sobre a caracterização da pobreza nos Açores, de que resulta a seguinte síntese:
“Utilizando o RSI como proxi, conclui- se que a taxa de pobreza na RAA é superior à média nacional, tendo apresentado uma trajectória descendente até 2014, ano em que apresenta uma grande subida.
O maior valor da taxa nos Açores é explicado através de dados referentes ao emprego e à educação.
No que se refere ao primeiro caso, são salientados os baixos salários por contraponto ao conjunto do país e as características do mercado de trabalho nos Açores e para o segundo, releva-se a baixa escolaridade da população em idade activa e as dificuldades persistentes no insucesso escolar.
O RSI permite perceber que os Açores são extremamente heterogéneos em termos sociais, sendo que a pobreza se tende a concentrar na Ilha de S. Miguel.
O aumento da taxa de pobreza em 2014 é explicado com o grande crescimento do desemprego, em contraste com as baixas taxas de desemprego até aí registadas.
Por fim, releva-se que a situação está em grande mudança.
Neste aspecto é dada especial atenção à questão da taxa de actividade feminina, dado o grande impacto que a sua alteração tem sobre a constituição da pobreza nos Açores. Contudo, são também relevadas as persistências sociais, no emprego e na educação”.
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