Açores

Médico do Hospital de Angra diz que Serviço de Saúde não está preparado para lidar com a crise do coronavírus

Um médico do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira (HSEIT) fez uma publicação no Facebook onde defende que o Serviço Regional de Saúde (SRS) não está preparado para lidar com a crise do novo coronavírus (Covid-19).

O Diário Insular, da ilha Terceira, tentou contactar o médico pneumologista,, mas sem sucesso até ao fecho da última edição. Na publicação, o profissional de Saúde afirma ter sabido pela comunicação social que a capacidade do SRS teria sido reforçada para fazer face a possíveis casos de infecção.

Diz que, no mesmo dia, na sua enfermaria faltavam, por exemplo, dispositivos básicos de protecção entre camas da mesma sala (cortinas impermeáveis), que já tinham sido pedidas há meses.

Também adianta ter sabido pelos media que seria o HSEIT a assumir-se como hospital de referência na Região para receber os casos suspeitos de infecção por Covid-19.

Garante que a maioria dos profissionais do hospital, desde assistentes administrativos, operacionais e profissionais de saúde, incluindo médicos, não sabiam que o hospital seria indicado como referência e que comportamentos adoptar.

Falta de camas

O médico questiona a possibilidade de existirem 34 quartos de isolamento no HSEIT, onde diz haver escassez de camas para as situações do dia-a-dia. Sublinha que, nessa quinta-feira, existiam na verdade seis quartos de pressão negativa, mas que cinco estavam ocupados por doentes sem indicação para tal, por não se verificar vaga de internamento noutras camas de enfermaria convencional.

Contabilizou em todos os internamentos de adultos, naquele dia, 14 quartos com uma só cama, com algumas condições para realizar isolamento, mas 11 estavam ocupados.

Sublinha a diferença entre a realidade no terreno e os anúncios feitos pela secretaria regional da Saúde e reforça que as camas das áreas médicas onde trabalha estavam quase todas ocupadas.

O pneumologista refere ter tido de manter um doente internado no Serviço de Urgência por não haver cama disponível nas enfermarias das áreas médicas. Também terá recusado transferência de dois doentes dos Cuidados Intensivos por falta de camas.

Várias perguntas

Quando ao que se passou quando o hospital recebeu o primeiro caso suspeito de infecção por Covid-19, ironiza ao afirmar que a única coisa que correu bem foi não ser positivo. Questiona como é possível um hospital ser nomeado como referência sem sequer ter sido consultado e a racionalidade de, em caso de epidemia, promover evacuações aéreas de casos suspeitos.

Também pergunta como é possível ser este o único hospital, numa região arquipelágica. Pergunta quais serão os 34 quartos, quando há actualmente dificuldade para atribuir camas aos pacientes.

O pneumologista revela que a capacidade de ventilação mecânica invasiva está esgotada e que não houve qualquer reforço real de meios no hospital.

Acusa, por fim, os decisores políticos de viverem numa realidade virtual.

Hospital rejeita constrangimentos

O DI questionou o HSEIT sobre os vários problemas apontados pelo médico, com o hospital a garantir que “não existe qualquer constrangimento na capacidade de resposta do HSEIT, cuja articulação com a Direção Regional de Saúde, e demais entidades, tem sido eficaz e linear”.

“O Plano de Contingência para Infecções Emergentes – Infeção por Covid19, começou a ser delineado desde logo no dia 27 janeiro, e divulgado internamente no dia cinco de fevereiro. Desde então já foi atualizado, tendo em conta a evolução nacional e internacional da situação. O plano é sempre divulgado por todos os profissionais, bem como as respetivas atualizações, tratando-se de um processo dinâmico. O referido plano foi elaborado tendo por base a colaboração das chefias dos serviços diretamente implicados no mesmo”, adianta o HSEIT.

Este estabelecimento hospitalar rejeita sobrelotação ou restrições de vagas. “O serviço de eleição será a UT4, Unidade de Infetocontagiosos, por dispor de seis quartos com pressão negativa. Coexistindo mais de seis casos, o hospital está preparado para alargar a capacidade de isolamento”, assegura.

O HSEIT acrescenta que “no tocante à disponibilidade de materiais de consumo clínico e equipamentos de protecção individual, está em curso uma monitorização permanente, de modo a assegurar um stock de segurança, não tendo ocorrido qualquer constrangimento” e salienta que “a formação a todos os profissionais está a ser devidamente ministrada”

“Enaltecemos a colaboração de todos os funcionários e serviços envolvidos, que têm permitido que tudo decorra com qualidade e tranquilidade. Reitera-se que os profissionais de saúde têm responsabilidades acrescidas no sentido de manter a população calma, transmitindo a confiança e tranquilidade necessárias e cumprindo o que são as normais boas práticas, bem como o plano de contingência em vigor”, conclui.

Directrizes para as farmácias 

A Autoridade Regional de Saúde dos Açores remeteu directrizes a todas as farmácias da região sobre a forma de actuar face à epidemia de Covid-19 provocada pelo coronavírus. “As farmácias comunitárias são um parceiro de grande relevo nesta fase de contenção da epidemia Covid-19 dada a sua proximidade aos residentes das nove ilhas dos Açores”, lê-se num comunicado do Gabinete de Apoio à Comunicação Social do executivo açoriano.

Segundo o Governo Regional, as directrizes “resultam da colaboração com a Associação Nacional das Farmácias e com a Ordem dos Farmacêuticos”.

“Os procedimentos abrangem situações nas quais a probabilidade de infecção é muito reduzida, situações em que existe algum risco e situações que podem vir a configurar um caso suspeito”, adiantou.

O Executivo açoriano deu hoje também orientações para a “elaboração do plano de contingência de creches, jardins de infância, escolas e outros estabelecimentos de ensino”. O grupo técnico de coordenação criado para planear a contenção do Covid-19 “está a preparar também apresentações para as escolas, com o objectivo de esclarecer e sensibilizar os alunos para a adopção de medidas de prevenção”.

O executivo açoriano já tinha emitido, no início desta semana, duas circulares informativas, “uma com recomendações para eventos públicos e eventos de massas” e outra “relativa ao plano de contingência para lares, residências e centros de acolhimento, unidades de cuidados continuados integrados e casas de saúde”. Deu ainda indicações aos portos e aeroportos do arquipélago para elaborarem planos de contingência.

O Governo Regional apela para que, em caso de sintomas, os utentes liguem para a Linha Saúde Açores (808 246 024), em vez de se dirigirem a um hospital ou unidade de saúde.

Resultado negativo para caso suspeito da médica

Deu negativo o resultado do caso suspeito de coronavírus da médica que esteve em S. Jorge e Pico nos últimos dias a dar consultas. O resultado foi divulgado ontem ao fim da manhã, depois de anteontem, a médica ter sido evacuada para a ilha Terceira, onde se encontrava em tratamento. É o terceiro caso suspeito, nos Açores, que resulta em negativo. Recorde-se que a médica tinha estado em contacto com uma pessoa com caso positivo no norte do país.

Diário dos Açores

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Diário dos Açores

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