Há duas localidades nos Açores onde não se regista um único nascimento nos últimos cinco anos, segundo revela o INE. São as freguesias de Lajedo e Mosteiro, ambas no concelho das Lajes das Flores.
Estes dados vêm ao encontro de outros já divulgados pelo INE, segundo os quais a pressão demográfica nas nossas ilhas está a diminuir, concentrando-se as populações nas zonas mais urbanizadas das ilhas maiores.
Em Portugal, existem 28 freguesias distribuídas por duas dezenas de concelhos – quase todos no interior do país e os tais dois nos Açores -, em que, nos últimos cinco anos, não nasceram bebés.
De acordo com o INE, houve um aumento no total de nascimentos registados no ano passado em todo o país. Nasceram 87.020 bebés, mais 866 do que em 2017. Contudo, este aumento não se regista em todo o território nacional.
Para compreender o que se passa nas freguesias onde não nascem bebés há pelo menos cinco anos “é preciso perceber se lá existem mulheres em idade fértil”, explicou a demógrafa e professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas de Lisboa, Maria João Valente Rosa.
“Se forem localidades muito envelhecidas, tendo em conta que as mulheres têm uma idade limite para engravidar — que em termos estatísticos vai até aos 50 anos —, é muito natural que os nascimentos não venham a acontecer”, sustentou. Além da idade fértil, explica, “os movimentos migratórios são um contributo muito importante para os nascimentos”, quer à escala nacional como regional.
As “regiões atractivas recebem mais pessoas nas idades férteis”. E o contrário acontece nas regiões mais interiores, que acabam por perder mulheres em idade fértil. Interior é mais fustigado “O interior é aquele que é mais fustigado com a saída das mulheres em idade fértil e, por conseguinte, com a redução da natalidade”, diz Maria Filomena Mendes, ex-presidente da Associação Portuguesa de Demografia.
Alguns dos concelhos mais afectados pela escassez de nascimentos são Chaves, Bragança, Idanha-a- Nova, Nisa, Montalegre, Nisa, Guarda, Oleiros e Almeida. Ainda assim, a taxa de natalidade aumentou 1% no ano passado, em parte por causa de mães estrangeiras. Foram as mulheres com 35 anos ou mais a contribuir para este aumento.
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