Açores

Delta pretende abandonar a rota dos Açores

2,700 lugares por semana

A Delta Air Lines pretende abandonar a rota Nova Iorque-Ponta Delgada, iniciada há dois anos e que ajudou a crescer o turismo americano nos Açores, ao ponto de ser o segundo mercado estrangeiro nas nossas ilhas.

De acordo com várias fontes contactadas pelo nosso jornal, a Delta alega que a Região quebrou o contrato, ao não promover atempadamente os Açores nos EUA.

A Secretária Regional do Turismo, Marta Guerreiro, e um membro da Direcção da ATA, Rodrigo Rodrigues, deslocaram-se ontem mesmo a Nova Iorque para reunir com os responsáveis da companhia norte-americana, numa tentativa de a fazer recuar na intenção.

“Tudo isso é o resultado da incapacidade do Governo Regional nesta operação, nunca ligando às queixas dos responsáveis da Delta, sobretudo depois da extinção da ATA e do processo indefinido quanto às promoções, que se seguiu”, disse ao nosso jornal fonte conhecedora da decisão da Delta já há alguns dias.

De acordo com a mesma fonte, os responsáveis da Delta “já tinham dado sinais de descontentamento, em contactos com operadores turísticos e hoteleiros de cá e a Secretaria do Turismo sabia disso, pelo que é estranha a reacção tardia e quase passiva do governo”.

Marta Guerreiro e Rodrigo Rodrigues reuniram ontem à tarde (hora dos Açores) com os responsáveis da Delta em Nova Iorque e até à hora do fecho desta edição não se conheciam resultados do encontro.

O Diário dos Açores sabe que as “campainhas de alarme” começaram a tocar nos organismos do turismo açoriano quando a Delta mandou cancelar contratos previstos para a operação do próximo Verão, tendo o Governo açoriano desenvolvido contactos “ao mais alto nível” a nível diplomático, envolvendo embaixadores dos EUA e de Portugal, para fazer recuar a intenção da Delta.

Os responsáveis da companhia “ter- se-ão mostrado renitentes e não restou outra alternativa, como fim da linha, à Secretária do Turismo pôr-se no avião a caminho de Nova Iorque”, afirma-nos a mesma fonte.

O caso transpirou ontem a público com a manchete no jornal Correio dos Açores, embora lançando ainda a dúvida sobre a intenção, mas a nossa fonte garante que a decisão já estava tomada pela Delta e que “só com uma garantia forte por parte do Governo Regional é que poderá haver uma alteração”. Há quem acredite que a Delta está aberta a propostas.

Os avisos de Mário Fortuna

Já anteontem o Presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, Mário Fortuna, avisava, em entrevista a este jornal, que “nenhuma operação deve ser considerada uma aposta ganha”, referindo-se à operação da Delta.

“Já nos habituamos a não dar nada como um dado adquirido. A EasyJet parecia uma aposta ganha e veja-se o que aconteceu”, relembrou.

E deixava novo aviso: “Não se deve deixar nada ao acaso, muito menos a continuidade de rotas aéreas. É este o enquadramento do mercado dos transportes aéreos. É preciso trabalhar muito sob pena de, não o fazendo, apanhar-se com dissabores”.

“A Delta é uma operação importantíssima não só por aquilo que vale só por si, 60 a 80 mil dormidas, mas também pelo que significa de impacto de sensibilização dos norte-americanos para o mercado dos Açores”, adiantava na entrevista que publicamos quinta- feira.

“É, claramente, uma operação com efeitos multiplicadores muito grandes e com um potencial enorme de alavancagem do nosso futuro no turismo oriundo da América do Norte. Assim saibamos nós aproveitar a oportunidade”, voltou a avisar.

2.700 lugares por semana

A operação da Delta a partir de Nova Iorque para Ponta Delgada assegurava mais de 2.700 lugares por semana.

Era o segundo ano desta operação, que agora se estendia também com reencaminhamentos para outras ilhas, através de um programa com outra operadora.

A Delta também iniciou este ano a operação Boston-Lisboa. As ligações da Delta de Lisboa e Ponta Delgada são operadas em conjunto com os parceiros joint venture Air France, KLM e Alitalia. Todos os voos são realizados em aviões Boeing 757-200.

Portugal registou um aumento de 20 por cento no número de visitantes provenientes da América do Norte e nos Açores o mercado americano passou de oitavo para segundo, devido a esta operação.

No total, a Delta disponibiliza quase 8 mil lugares por semana entre Portugal continental, os Açores e e os EUA.

Recorde-se que a Delta Air Lines começou a operar voos entre Nova Iorque e Ponta Delgada no Verão de 2018, numa operação que arrancou a 26 de Maio, com cinco voos por semana, e que a companhia já tinha anunciado que seria retomada em 2019, passando a voos diários, o que se veio a efectuar durante este Verão.

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