Açores

Banana biológica é exportada

É na freguesia da Ribeira das Tainhas, concelho de Vila Franca do Campo, que encontramos uma quinta onde se produz banana biológica certificada. A quinta tem sete alqueires de terra e é de lá que, todas as semanas, saem cerca de 200 quilos de banana – 500 nos melhores meses – que é enviada para o continente. Sem recurso a produtos químicos (apenas os bio-insecticidas ‘turex’ e o ‘spintor’ são permitidos), o método biológico de produção de banana é muito mais demorado que o “convencional”.

Exige mais cuidados e mão-de-obra e, por isso, acaba por custar mais, ultrapassando o euro ao quilo. Isso mesmo explica ao Diário dos Açores Luís Filipe Melo, que é o responsável pela quinta que pertence ao seu padrinho, Filipe Botelho, actualmente a residir fora da Região.

“Na produção convencional, basta pôr um produto [químico] nas bananeiras para matar as ervas e fazer a limpeza. Mas, aqui, eu limpo tudo à mão, sem recorrer a químicos. O que outros produtores fazem num dia, eu levo uma semana a fazer. Dá muito mais trabalho”, conta.

“Por semana, eu chego a tirar 200 a 300 quilos de banana, quando um produtor convencional tira 1000 quilos ou mais de um terreno da mesma área. Produzimos muito menos quantidade, mas conseguimos obter os mesmos lucros”, garante o jovem produtor. A banana é enviada, via marítima, para a empresa “BioFrade”, um dos maiores distribuidores de produtos biológicos do país. Esta empresa está localizada no concelho da Lourinhã e, além da sua própria produção biológica, tem parcerias com outros produtores do país, incluindo dos Açores.

“Toda a produção é enviada para este distribuidor no continente, que tem sido um grande parceiro, porque em São Miguel não há quem queira comprar banana biológica. Sabemos que é mais cara, mas também é mais saudável, mas aqui não há ainda mercado para isso”, refere. Há ainda mentalidades a mudar, acrescenta Luís Filipe Melo: “As mentalidades não estão ainda ‘viradas’ para a necessidade de consumir o biológico. A preocupação continua a ser o preço que se paga pelos produtos. Depois chega a infelicidade de aparecer uma doença e aí é que se lembram de procurar os produtos biológicos…”, lamenta.

Envio por via aérea “não compensa”

Sendo as bananas enviadas por transportes marítimos de São Miguel para o continente, o jovem agricultor salienta que no verão a exportação é mais complicada. “Com o calor dos contentores, a banana chega lá já muito madura. Vejo-me obrigado a tentar produzir o máximo possível antes dos meses de maior calor, porque já sei que nessa altura as bananas não vão chegar lá em condições”, afirma.

O ideal, continua, “seria enviar por transporte aéreo”, mas os custos “não compensam”. Luís Filipe Melo revela que o processo para transformar os terrenos numa quinta biológica levou tempo, perto de quatro anos. Há cerca de 10 anos que a quinta é propriedade do seu padrinho, mas só no ano 2014 é que conseguiram obter a certificação de quinta biológica, segundo o responsável.

De seis em seis meses, são feitas análises aos terrenos por uma entidade certificadora, para comprovar se, de facto, não são utilizados produtos nocivos, quer seja no solo, quer seja nas plantas. O jovem produtor conta ainda que, ao longo dos anos, foram realizando experiências nos terrenos, para perceber de que modo as bananeiras poder-se- iam desenvolver melhor.

“Num ano, fizemos várias experiências em áreas diferentes da quinta com camadas de composto”, explica, revelando que numas áreas as plantas cresceram melhore e mais depressa. Implementaram também um sistema de rega no terreno que se revelou um sucesso: “Cada bananeira leva cerca de dois anos a dar um cacho, mas com este sistema de rega, ao fim de um ano já tínhamos bananas.

Ou seja, a bananeira não passou sede no verão, altura do ano que chove menos”, frisa Luís Filipe Melo. O responsável recorda que foi o padrinho, Filipe Botelho, que teve a ideia de implementar todo este projecto de produção biológica. “Ele sempre teve uma visão mais à frente”. Questionado sobre se os apoios que recebem são suficientes, o responsável pela quinta refere que “não são muitos”, mas garante que não está à espera de verbas para ver o negócio progredir: “não queremos sobreviver de apoios. Queremos que o nosso lucro saia da terra”.

A principal actividade da quinta é a banana, mas lá se encontram muitos outros produtos também biológicos: pêra abacate, kiwis, laranjas, limas, pêras, feijôa, goiaba, araçais, pêssegos, são alguns exemplos.

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Fonte
Diário dos Açores

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