Açores

Apesar de autosuficientes, os hospitais dos Açores não têm o stock ideal de sangue

A Associação Dadores de Sangue de São Miguel (ADSSM) foi constituída em escritura pública em Abril de 2018 e, desde então, tem centrado as suas acções na sensibilização, junto dos jovens e da população em geral, para a importância da dádiva benévola de sangue e da medula óssea, bem como na descentralização do local de recolha de sangue do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada para outros concelhos da ilha de São Miguel.

Neste sentido, a próxima acção está já agendada para o dia 8 de Setembro, onde a Associação irá efectuar uma recolha de sangue na Junta de Freguesia de Água de Pau. Está é contudo, das únicas recolhas que a ADSSM levou a cabo este Verão. Como explicou ao Diário dos Açores, Ana Freitas, a Secretária da Direcção, “durante o Verão não foi organizada alguma recolha de sangue pela ADSSM. Embora tenha sido feita pela ADSSM uma proposta ao Serviço de Hematologia do Hospital do Divino Espírito Santo para se organizarem recolhas de sangue durante os meses de Verão, não houve disponibilidade por parte do Serviço, que alegou falta de recursos humanos e a existência de outras sessões de recolha de sangue marcadas durante este período, organizadas por outros grupos.”

Para que, efectivamente, se concretize uma recolha de sangue fora do hospital são necessários pelo menos 40 possíveis dadores inscritos que, frisa Ana Freitas, “felizmente, temos excedido sempre esse número, o que revela uma boa adesão por parte da população de São Miguel” a estas campanhas. Apesar de não existirem números oficiais públicos nos Açores quanto à média de idades dos dadores, e uma vez que a ADSSM é uma entidade completamente independente do Serviço de Hematologia, também não tem acesso a esses dados. Contudo Ana Freitas dá conta que a ADSSM acredita “que em São Miguel os números não devem ser muito diferentes do panorama nacional. De acordo com o Instituto Português do Sangue e da Transplantação, verificou-se entre 2004 e 2016 uma diminuição do número de dadores até aos 25 anos e um aumento do número de dadores com 55 anos ou mais, devendo-se este facto não só a questões demográficas, mas também ao fluxo migratório dos jovens portugueses durante o período de crise económica.

Assim sendo, em 2017 os jovens entre os 18 e os 25 anos representavam apenas 14% do total de dadores. Felizmente, nas nossas campanhas sentimos uma grande adesão por parte dos jovens e temos, por isso, esperança que estes números venham a mudar em São Miguel”, avança Ana Freitas.

Ainda assim, apesar da sociedade estar sensibilizada para a importância de ser dador de sangue e de medula óssea, diz esta responsável que “as pessoas acomodam-se e poucos avançam como dadores voluntários até que tenham algum familiar ou amigo que precise de uma transfusão ou trans- plante de medula óssea”.

Talvez por causa de certos mitos. Isso mesmo explica Ana Freitas que dá conta que “provavelmente, o mito mais comum é o facto de as pessoas acharem que por doarem sangue uma vez têm de continuar a fazê-lo com regularidade, caso contrário terão problemas de saúde, o que não é de todo verdade. É também muito frequente encontrarmos pessoas que se autoexcluem como dadores porque têm medo de agulhas”, frisa.

Apesar de ainda jovem, desde que foi criada, a Associação Dadores de Sangue de São Miguel tem levado a cabo diversas iniciativas na ilha de São Miguel. Pilar Vaz do Rego, Vice-Presidente da Direcção explicou ao Diário dos Açores que “as recolhas de sangue e registo no CEDACE, para medula óssea têm sido feitas, em colaboração com o Serviço de Hematologia do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada. Assim, já organizamos duas recolhas de sangue na Câmara Municipal de Ponta Delgada, sendo uma delas em parceria com o Centro Cultural e Recreativo dos funcionários da Câmara Municipal de Ponta Delgada. Efectuamos sessões de esclarecimento à população escolar, em parceria com o Serviço de Hematologia do HDES e com a colaboração das equipas de saúde escolar das unidades orgânicas do sistema educativo regional.

Organizamos acções de sensibilização junto da população em geral, em feiras e eventos ao ar livre. Estivemos então presentes na I Feira de Trocas e Conexões, que se realizou no dia 30 de Junho de 2018 na Galeria Arco 8, em Ponta Delgada, na “IX Feira da Saúde” a 4 de Abril de 2019 organizada pela equipa de Promoção da Saúde em Meio Escolar da Escola Secundária da Ribeira Grande, no evento desportivo “ Ecological Trail Run Ribeira Grande Azores” nos dias 21 e 22 de Junho de 2019 no Teatro da Ribeira Grande, nas Verbenas de São Pedro, em Junho de 2019 e no Jesus Summer Fest que se realizou no dia 20 de Julho de 2019 no Relvão.

As efemérides “O Dia Mundial de Dadores de Sangue,” a 14 de Junho e o “Dia Nacional de Dadores de Sangue”, a 28 de Março foram assinaladas através da nossa presença junto das populações. Rea- lizamos ainda uma palestra “Dádiva- Uma nova forma de solidariedade” na Câmara Municipal de Lagoa, em colaboração com o Lyons da Lagoa”.

Actividades que são realizadas com a colaboração dos sócios da Associação, como dá conta Pilar Vaz do Rego, adiantando que neste momento há “outras ideias em mente mas ainda não nos foi possível agendá-las”.

Sem poder precisar se faltam mais dadores de sangue e de medula óssea em São Miguel, Ana Freitas avança que é sabido que “os nossos stocks são autossuficientes”, advertindo, por outro lado que, de acordo com a Directora do Serviço de Hematologia do Hospital do Divino Espírito Santo, Cristina Fraga, “não temos o número de dádivas ideal, pelo que podemos inferir que não temos o número de dadores ideal”. “Tanto quanto se sabe, não falta sangue nos Açores, somos autossuficientes. Contudo, isto não significa que tenhamos o stock ideal”, alerta Pilar Vaz do Rego.

No que diz respeito ao grupo de sangue, não há sangues “bons” ou “maus”. Explica Ana Freitas que “os grupos de sangue mais comuns em Portugal são o A e o O, mas todos os grupos de sangue são igualmente precisos porque existem doentes de todos os grupos. A ideia de que o grupo O é o mais importante não é correcta, pois embora seja verdade que pode doar sangue a qualquer um dos outros grupos, se houver, por exemplo, um dador AB que doe sangue a um doente AB, poupa-se o sangue do dador, que poderá ser encaminhado para um doente O que só pode receber esse tipo de sangue”.

Com apenas pouco mais de um ano de existência, garante a Vice-presidente da Associação, que a ADSSM tem “tido uma boa adesão da população e dos jovens, apesar de, a nível institucional, termos tido alguns entraves. Desde que a nossa Associação foi criada, temos também feito a sua divulgação nas redes sociais. Não queremos, de modo algum, desvalorizar os outros grupos de dadores de sangue, queremos até divulgá-los na nossa página do facebook, enaltecendo o seu papel e até propor uma possível parceria e colaboração. As nossas campanhas, junto das escolas, têm contribuído para dar a conhecer aos jovens a importância da dádiva benévola de sangue e de medula óssea e de adquirirem conhecimentos jurídicos e técnicos sobre o sangue e seu processamento”, conclui.

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Fonte
Diário dos Açores

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