Açores

Agricultores açorianos reagem a medida tomada por Universidade de Coimbra

Os agricultores dos Açores reagiram com insatisfação à medida anunciada esta semana pelo reitor da Universidade de Coimbra de retirar da ementa dos 14 refeitórios da academia a carne de vaca, com vista à protecção ambiental.

Para a Federação Agrícola dos Açores, trata-se de uma atitude “discriminatória, radical e contra a produção agrícola nacional”, inserida “numa tendência intelectual existente populista, onde se promove a difusão de correntes de opinião que tendem a desvirtuar a realidade dos factos”.

O Presidente da organização que representa os agricultores açorianos afirma que a “Federação Agrícola dos Açores não pode deixar de reagir a uma medida como esta, já que a agricultura é a principal actividade da economia e, por isso, a produção de bovinos tem uma importância decisiva para todas as ilhas, contribuindo para a coesão económico social de toda uma região”.

Jorge Rita defende que este tipo de acções “contribui para a desinformação da sociedade, sendo uma atitude precipitada e fora do contexto, não contribuindo em nada para neutralidade carbónica que a União Europeia pretende atingir em 2050, no âmbito do plano que visa contrariar as alterações climáticas”.

“Sabendo que a Universidade de Coimbra é a mais antiga do país, não é compreensível nem aceitável, pretender-se tomar uma medida com estas características, que vai contra as políticas que têm sido seguidas pela União Europeia, onde têm sido adoptadas acções protectoras do ambiente, que os agricultores têm vindo a cumprir integralmente, revendo desta forma um desconhecimento injustificável da realidade da agricultura portuguesa e em particular da agropecuária”, diz ainda Jorge Rita, num comunicado enviado ontem às redacções.

“Forma extremista de defesa do ambiente”

Já o Presidente da Associação dos Jovens Agricultores Micaelenses, César Pacheco, tomou conhecimento da notícia com “grande consternação”, afirmando haver um “verdadeiro equívoco” no que toca à relação entre o impacto das alterações climáticas e o consumo da carne de vaca.

“Há estudos contraditórios que dizem que a pecuária e a agricultura não tem qualquer efeito maléfico na alteração climática e nós, agricultores, somos os principais interessados que as alterações climáticas não têm grande impacto”, diz, em declarações ao Diário dos Açores.

César Pacheco vai mais longe e considera que a proibição do consumo de carne de vaca é uma “forma extremista” de defesa do ambiente. “Está- se a proibir aos alunos e professores a liberdade de escolher a sua alimentação. Uma pessoa que é livre tem direito a escolher a sua dieta”, frisa.

O responsável admite estar preocupado que a proibição de carne nas ementas chegue aos Açores e lamenta a falta de informação dos consumidores. “Há questões que se tornam moda. E, como se costuma dizer, uma mentira dita muitas vezes passa a ser verdade, e é isto que nos preocupa. As pessoas não se informam e, por vezes, só lêem as letras gordas das notícias e acreditam no que lêem. Preocupa-nos realmente que, nos Açores, haja instituições que também façam o mesmo e proíbam o leite e a carne de vaca”, disse.

Recorde-se que o reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, anunciou esta Terça-feira a eliminação do consumo de carne de vaca nas cantinas universitárias a partir de Janeiro de 2020, numa medida que pretende ser o primeiro passo para, até 2030, tornar a instituição “a primeira universidade portuguesa neutra em carbono”.

O anúncio tem originado várias reacções negativas de organizações de agricultores em Portugal, como é o caso da Confederação dos Agricultores de Portugal e da Federação Portuguesa de Bovinicultores. Por outro lado, a decisão mereceu aplausos por parte do PAN. O líder do partido Pessoas-Animais-Natureza, André Silva, saudou a retirada da carne de vaca das cantinas da Universidade de Coimbra. “É isto que defendemos, política com Coragem!”, escreveu na sua página do Facebook.

Foi também o PAN que incluiu no seu programa eleitoral, apresentado esta sexta-feira passada, a proposta de acabar com os apoios do Estado à produção de carne e leite. O partido quer que as empresas passem a apre- sentar soluções concretas para os de- safios ambientais e contribuam para a redução da pegada ecológica.

Questionado sobre esta proposta do PAN, César Pacheco diz ser uma proposta “sem sentido nenhum” que só iria provocar o aumento do custo da alimentação dos portugueses.

O representante dos jovens agricultores micaelenses admite, contudo, a necessidade de a sociedade estar “mais alerta para os problemas do clima”, que “não são problemas de hoje e têm que ser vistos com atenção”, mas reitera que “está-se a cair no extremismo”.

“Estão a atacar o elo mais fraco que é a agricultura. Produzimos alimentos e não poluição. Por isso penso que este tipo de medidas não irá fazer diminuir o impacto das alterações climáticas”, acrescentou.

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