Mundo

Eu, africano… Nunca compreendi os 37 anos de Mugabe

Alexandre Franco
Diretor/Editor

Nasci em Moçambique, nos tempos da Rodésia e não de Zimbabué. Visitei a Rodésia inúmeras vezes. Salisbury era a capital. E tal como Lourenço Marques passou a ser Maputo, Salisbury passou a ser Harare. De repente surge Mugabe, Robert Gabriel Mugabe, que nasceu a 21 de fevereiro de 1921, em Kutama, Rhodesia. Ian Smith era o Governador daquela colónia da Inglaterra.
Marxista, como sempre foi, Mugabe usou e abusou do seu poder e hoje, com 93 anos era o líder mais velho do mundo. Nunca compreendi como durou tanto tempo.
Hoje, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu calma e moderação no Zimbabué na sequência da demissão de Robert Mugabe como líder do país após 37 anos no poder.
O porta-voz de Guterres, Farhan Haq disse que as Nações Unidas tomam nota da decisão de Mugabe e apela “a todos os zimbabuenses para que mantenham a calma e a moderação”.
Questionado pelos jornalistas, Haq escusou-se a falar sobre as alterações políticas no Zimbabué e possíveis consequências, dizendo apenas que a ONU espera sempre que “todos os líderes escutem o seu povo”. “Esse é um dos pilares de todas as formas de governo e deve ser seguido em todos os continentes”, adiantou.
O Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, resignou ao cargo “com efeito imediato”, anunciou o presidente da câmara baixa do Parlamento.
O anúncio feito por Jacob Mudenda foi recebido com aplausos e vivas por parte dos deputados, que se encontravam reunidos desde o princípio da tarde para iniciar o processo de destituição do presidente.
Na sua carta de demissão, lida pelo presidente da mesa do parlamento do Zimbabué, Mugabe diz que se afasta do cargo para que possa haver “uma transição de poder” tranquila.
“Eu, Robert Gabriel Mugabe (…) apresento formalmente a minha demissão de Presidente da República do Zimbabué, com efeitos imediatos. (…). Demito-me voluntariamente. (…) Esta decisão foi motivada pelo (…) meu desejo de garantir uma transição do poder sem problemas, pacífica e não violenta”, explicou Mugabe na carta de demissão.
A atual crise política no Zimbabué começou quando os militares tomaram o controlo do país na noite do passado dia 14, depois de, na semana anterior, Mugabe, de 93 anos, ter destituído o seu vice-presidente e aliado de longa data, Emmerson Mnangagwa, de 75 anos, que tinha estreitas ligações com os militares.
Mugabe, até agora o mais velho chefe de Estado do Mundo, enfrentava um processo de destituição baseado em várias acusações, entre as quais a de que teria “permitido à sua mulher usurpar o poder constitucional” ou que estaria demasiado velho para governar.
O partido no poder, o ZANU-PF, tinha destituído Mugabe como número um da formação substituindo-o por Mnangagwa, além de ter expulsado do partido Grace Mugabe e os seus aliados.
De acordo com o presidente da Assembleia Nacional do Zimbabué (câmara baixa), Jacob Mudenda, foi nomeado um substituto para Mugabe. O ZANU-PF já anunciou que Mnangagwa – que fugiu do Zimbabué após ter sido demitido – estará pronto para assumir funções no espaço de 48 horas.

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