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Tom Petty – Por que dói quando perdemos um ícone da música?

 

Por: Reno Silva

Tradução Luís Aparício

 

Olá a todos! Ultimamente, temos vindo a perder muitos ícones musicais importantes. Perdemos recentemente David Bowie, Prince, George Michael, Leonard Cohen, Glen Frey e outros – e agora inesperadamente Tom Petty. Tem sido uma série terrível de perda de músicos que, em parte, definem a nossa infância/momentos, o que nos faz sentir uma sensação de perda.

Antes de ir mais longe, quero explicar quem foi Tom Petty e por que ele foi importante. Tendo realmente surgido na década de 1970, ele teve grandes sucessos com músicas como “Breakdown”, “Don’t Do Me Like That”, “Here Comes My Girl”, depois na década de 1980 com “The Waiting” e, em seguida, nos anos 90, sucessos enormes como “Free Falling”, “I Will not Back Down” e “Last Dance With Mary Jane”. Ele também foi parte integrante do “Willbury Willing”. Com Roy Orbison, George Harrison, Bob Dylan e Jeff Lynne – um supergrupo de músicos icónicos.

Tom Petty fez três coisas muito bem. Em primeiro lugar, ele, como muitos outros, ofereceu-nos músicas que nos fazem recordar momentos significativos das nossas vidas. Somente as músicas trazem de volta uma lembrança especial, a temperatura que fazia lá fora, o cheiro do perfume, a alegria, a dor – o que seja. Só a música faz isso tão bem. Tom Petty estava sempre presente, dando-nos momentos de alegria para nos ajudar.

Em segundo lugar, ele influenciou uma legião de músicos para poderem encontrar-se com uma composição musical orgânica e orientada para as raízes. Ele era tão simples na sua abordagem, mas um escritor de canções tão bom que aproveitava ao máximo a sua voz e alcance. Todos podiam cantar com Tom Petty.

Em terceiro lugar, ele integrou-se, juntamente com os seus colegas da música, no mais alto dos níveis lendários. Todos os grandes e mais respeitados músicos o aceitaram e aproveitaram o seu talento. Esta foi a sua confirmação, digamos assim. Mas para todos nós, ele era apenas um músico sorridente, tímido e porreiro com quem valia a pena estar.

Agora, fica a pergunta que tantas vezes esta perda traz ao de cima – por que dói quando perdemos um ícone musical? Vejamos, nós nunca o conhecemos na vida real, pelo menos a maioria de nós. Por que muitos choraram quando Elvis morreu, ou quando John Lennon foi baleado? Parece absurdo fazê-lo quando realmente não conhecemos essa pessoa, que nunca encontrámos. Mas em realidade isso dói, sentimos uma perda, quando alguém com quem nos identificamos morre. Há uma série de razões e eu vou tentar explicá-las da melhor forma, usando o meu ponto de vista.

Todos nós crescemos com uma banda sonora das nossas vidas. Seja o que está «IN» no momento e todos os nossos amigos seguem essa canção, cantando no recreio da escola ou ouvindo no Youtube, isso torna-se um momento inconsciente que dá colorido à nossa vida naquele preciso momento.

Se é uma música divertida, nós lembramos a dança ou o entusiasmo à sua volta, um amigo a cantá-la ou simplesmente um escape que procuramos quando estamos stressados – isso ajuda-nos a esquecer. Se é uma música triste, associamos as palavras ao momento que estamos a passar nesse momento. Será que esse cantor(a) teve a mesma namorada/namorado? Não, a música explica que cada um passa pela mesma angústia que nós estamos a passar. Em verdade, ajudando-nos a ultrapassar essa fase, enquanto procuramos entender os nossos sentimentos, com as músicas a ajudarem-nos a superar esse momento.

Aí, sentimos uma ligação a essa pessoa, viramos um fã e procuramos mais do mesmo que nos “acordou” para esse artista em primeiro lugar. Bem, uma coisa boa é também levá-lo a aceitar que é uma pessoa linda, maravilhosa e com valor. Há por aí tantas músicas que podem ajudar tanta gente, o mais possível.

Essas músicas são momentos inesquecíveis na vida de muitas pessoas, que se a vida desse artista fosse de repente interrompida, muitas pessoas iriam sofrer com a perda. Continuo a ouvir muita gente dizer o mesmo quando David Bowie ou Prince faleceram – “Ele ajudou-me a superar muita coisa”. É uma razão legítima, eu também sinto o mesmo. Por outro lado, às vezes também vemos as suas lutas e desejamos que eles levem a melhor.

Quanto a mim, eu fiquei realmente triste por perder Michael Jackson, Prince, Glen Frey – pessoas que me ensinaram a escrever música. Não, eu nunca estive em casa deles, nem eles me ajudaram a compor, mas eu sempre tive o meu ouvido colado à coluna de som para ouvir o que eles escreveram nas suas canções. Dói de outra forma para os músicos, porque essa é uma influência, uma razão pela qual entrámos no mundo da música, por causa deles e das canções que os ajudam a preencher a lista com algo popular e icónico.

Dói quando perdemos um artista, porque espreitámos um pouco das suas vidas, através das suas palavras. Muitas vezes, os artistas escrevem sobre o que passaram, estão a passar ou pensam. Podemos nos identificar com isso, podemos pensar que eles estão absolutamente certos, ou mesmo queremos agradecê-los pela sua perspetiva que fez a diferença. Todos nós procuramos na música uma libertação, esta serve de cura. Isso traz todos juntos, coletivamente, para compartilhar aquilo com o qual todos nos identificamos.

A música está sempre à mão e facilmente acessível, principalmente quando nem sequer a procuramos. No carro, na fila no banco ou na mercearia – as músicas aparecem e, se conhecemos uma, podemos simplesmente recuar no tempo e lembrar o significado que essa música tem para nós. Somente a música pode fazer isso. Os artistas ficam associados a essa magia e é por isso que dói quando perdemos um músico que amamos. Eles ajudaram a colorir as nossas vidas, ajudaram-nos em um momento em que precisávamos e aprender sobre o que ouvimos.

Obrigado pela tua música Tom, pois esta vai perdurar muito mais tempo do que alguma vez chegaste a antecipar. Eu, juntamente com tantos outros, irei sentir tremendamente a falta dele e da sua música.

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