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Risco de incêndio aumenta no Canadá

O Canadá tem 346,069,000 hectares de área florestal, é a terceira maior área do mundo, depois da Rússia e do Brasil. Em termos de percentagens, o Canadá tem cerca de 37% da área de floresta do planeta.  Em 2016, 0,4% desta área ardeu, o que corresponde a cerca de 1,404,666 hectares.

Segundo o departamento de recursos naturais do Canadá, em 2016 a floresta empregou 211,075 pessoas e todos os anos ocorrem mais de 8 mil incêndios no país que queimam em média 2,1 milhões de hectares.

Saskatchewan, Alberta e Colúmbia Britânica são as províncias com maior ocorrência de incêndios e os relâmpagos estão na origem de metade dos fogos que correspondem a 85% da área anual queimada. Este ano a Colúmbia Britânica já registou 1,564 fogos e cerca de 462 estão ativos. Em Alberta até agora ocorreram 1 079 fogos e 21 ainda não foram extintos. Em Saskatchewan até à segunda semana de agosto já tinham ocorrido 385 fogos e 7 continuam ativos. O Milénio Stadium teve acesso aos dados do governo de cada uma das províncias.

O aumento das temperaturas globais tem provocado incêndios devastadores em vários países. O governo da Califórnia declarou estado de emergência e assumiu que são os piores incêndios da história do estado norte-americano. 7 pessoas morreram e 230.000 hectares ficaram ardidos. Na Grécia os incêndios fizeram 91 mortos e em Portugal 36 pessoas ficaram feridas e cerca de 300 estão desalojadas.

A Camões Radio entrevistou esta semana Mike Worton, Investigador do Serviço Florestal Canadiano. A entrevista foi conduzida por Nuno Miller no “Manhãs da Camões”.

Camões Radio: O que é que um investigador do serviço florestal faz?

Mike Worton: Nós estudamos o ambiente em que os fogos florestais ocorrem. Temos que estudar os fogos que ocorreram recentemente, só assim é que podemos ajudar as corporações de bombeiros a combater melhor os fogos quando estão no terreno e a tomarem melhores decisões.

 CR: Como é que podemos identificar as áreas que estão mais sujeitas a incêndios?

MW: Há várias formas de abordar este problema a longo prazo. Por exemplo, na Europa do Sul onde as pessoas já vivem há muitos séculos podemos aceder a registos históricos. Já na América do Norte podemos ver através das árvores se houve ou não períodos de incêndios. Cada anel é diferente e carrega uma vasta gama de informação.

CR: Mas é curioso que na Amazónia temos uma grande área florestal onde praticamente não existem incêndios. Qual é a explicação?

MW: Tanto o clima como a vegetação são dois elementos que contribuem para a ocorrência de um incêndio. No Brasil a atmosfera é diferente e a floresta não arde tão facilmente. É claro que lá também existem fogos, mas normalmente não são tão devastadores como noutras regiões do globo. A humidade e a frequência da chuva também contribuem para a ocorrência de incêndios. Até a idade da própria vegetação.

CR: Quais são as origens dos incêndios?

MW: Sabemos que as áreas com vegetação estão mais sujeitas à ocorrência de incêndios. Mas é óbvio que há causas naturais e humanas que também são importantes. Hoje a principal diferença é que há uma maior preocupação ecológica e não nos podemos dar ao luxo de perder manchas de vegetação que são importantes para a transformação de dióxido de carbono em oxigénio.

 

CR: Hoje existem mais incêndios? Está relacionado com o aumento da temperatura no planeta? E no Canadá?

 

MW: É uma boa questão, mas não sabemos ao certo. O que sabemos é que há áreas de maior risco do que outras. Varia muito, em 2014 tivemos na Colúmbia Britânica e em Saskatchewan, em 2016 em Alberta, agora temos de novo na Colúmbia Britânica e segundo os especialistas este verão é um dos mais ativos a nível de incêndios. No Canadá esperamos mais fogos nos próximos anos devido ao aquecimento global.

CR: E a nível político, temos os recursos necessários para combater os incêndios? Em Ontário, mais concretamente.

MW: Estamos a assistir a mais pressão na opinião pública sobre este assunto. Acho que no futuro vamos precisar de mais recursos e de mais tecnologia. Pelo menos é o que ouço quando falo com as equipas de bombeiros, mas esta área está em permanente evolução.

CR: Imaginemos que eu queria comprar um cottage, há alguma área mais segura?

MW: Infelizmente não temos informação que nos permita responder a esta questão. Acho que não existem áreas com 0% de risco, a não ser que não exista vegetação à volta, mas os acidentes podem acontecer em qualquer lado. Mas claro que podem sempre consultar na página do governo do Canadá os locais onde já ocorreram incêndios nos últimos 30 anos.

CR: Para quem gosta de campismo, que comportamentos é que devemos ter?

MW: Existem aplicações e é aconselhável ouvir a rádio para não serem apanhados de surpresa com um incêndio. Os fogos humanos são os únicos que podemos evitar, em relação aos outros só nos resta atuar depois de começarem. No Canadá metade dos incêndios são provocados pela eletricidade dos relâmpagos.

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