Comunidade

Abrigo arrecada 62 mil dólares

Joana Leal

A Abrigo é uma associação que luta por um mundo melhor mas para que isso aconteça são precisos recursos financeiros. Foi a pensar nisso que vários patrocinadores reuniram sábado na LiUNA Local 183 na Wilson Avenue.
Foi a quarta vez que a abrigo organizou uma gala para recolher fundos e o tema deste ano foi “Uma noite no Rio”. Antes do jantar “Batucada carioca” e “Axé capoeira Toronto” contagiaram o público com os ritmos quentes do Brasil.
Mais de 20 percussionistas, vestidos de azul e branco, abriram a noite ao sabor do samba. Um género musical cuja origem remonta ao século XIX e que está entranhado na cultura brasileira. Instrumento de libertação dos escravos, a capoeira foi classificada pela UNESCO, em 2014, como Património Cultural e Imaterial da Humanidade.
A Abrigo nasceu há 27 anos e tem vários programas de apoio voltados para jovens, adultos e idosos. Segundo Humberto Carolo, presidente da Abrigo, a Associação tem programas de apoio para crianças e jovens, serviços de aconselhamento e programas de apoio às vítimas de violência doméstica e aos agressores para que possam aprender a corrigir os seus comportamentos.
A maioria dos utentes da Abrigo são portugueses e brasileiros mas a Associação presta apoio a vários grupos étnicos. No ano passado passaram pela Abrigo 6 500 pessoas.
O trabalho da Abrigo nunca está concluído, é preciso continuar a investir na educação e mudar mentalidades. “Infelizmente os números de violência doméstica ainda são bastante elevados na nossa comunidade. A violência é um fenómeno que atinge várias gerações e é importante educar sobretudo os jovens para que no futuro estes números sejam diferentes”, avança Carolo.
A Abrigo sobrevive graças ao apoio privado e público dos vários níveis de governo. Na cerimónia estiveram presentes a deputada federal, Julie Dzerowicz e a vice-presidente da Câmara Municipal de Toronto, Ana Bailão.
Dzerowicz sublinhou que a Abrigo serve a comunidade portuguesa. “68% das pessoas que passam pela Associação são portuguesas e cerca de 10% ou talvez um pouco mais são brasileiras”, divulga a deputada federal.
Por seu turno, a vice-presidente da Câmara Municipal de Toronto, Ana Bailão, agradeceu o trabalho dos voluntários e do staff da Abrigo e salientou que é muito importante continuar a apoiar as vítimas na sua língua materna.
Às vezes as vítimas têm vergonha e medo de denunciar o seu caso mas qualquer um de nós pode intervir e tentar ajudar. Quem o diz é Valéria Sales, coordenadora de programas da Abrigo. “Se alguém souber que uma amiga, uma vizinha ou uma colega de trabalho é vítima de violência doméstica não pense duas vezes e entre logo em contacto connosco”, garante.
Na maioria dos casos o agressor conviveu com a violência dentro de casa. “Ele cresce com esse exemplo e quando constitui a sua própria família acaba copiando o modelo do pai. Para o agressor os abusos são comportamentos normais”, explica a coordenadora.
A vítima tem medo de não conseguir sobreviver sem o agressor. “A vítima também viu a mãe passar por isso e acaba pensando que não consegue ser independente. Aqui no Canadá também existem casos em que a vítima teme perder o seu estatuto legal”, adianta.
No ano passado a Abrigo conseguiu arrecadar 45 mil dólares. Este ano as expectativas estavam altas e o objectivo era chegar aos 60 mil dólares. Em declarações ao Milénio Stadium, Gerry Luciano, responsável pela organização da Gala, disse que esta foi a maior gala de sempre e que tiveram 345 convidados.
Cidália Pereira, supervisora de serviços de aconselhamento da Abrigo, alerta para as várias formas que a violência assume e revela que há um novo tipo de violência que está a crescer. “Ainda existem muitos mitos sobre este assunto. A violência não é apenas física, pode ser psicológica, financeira, sexual, etc. E agora há um novo tipo de violência que está a crescer- é o que eu chamo de assédio e perseguição”,
No final da noite atuaram os Zuka Tuga e a Abrigo arrecadou 62 mil dólares.

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