Canadá

Orçamento federal o que vai mudar

Joana Leal

O orçamento federal é de $ 329 mil milhões para 2017/2018. O governo espera que o déficit seja de $ 17.8 mil milhões e a grande novidade é que este orçamento se propõe a combater as diferenças entre género.
No documento lê-se que ao longo dos últimos 40 anos as mulheres representam 1/3 do crescimento do PIB per capita e os especialistas defendem que o caminho passa por uma maior igualdade entre homens e mulheres.
O Instituto McKinsey Global estima que se forem tomadas medidas que promovam a igualdade entre géneros – como empregar mais mulheres na área da tecnologia– a economia do Canadá poderá crescer na ordem dos $150 mil milhões de dólares até 2026.
Na mesma linha de pensamento está o RBC Economics que calcula que adicionar mais mulheres no mercado de trabalho poderia impulsionar o PIB do Canadá em 4 por cento. Se esta diferença fosse reduzida ou eliminada poderia compensar o impacto económico negativo do envelhecimento populacional.
No Canadá, uma em cada três mulheres já sofreram algum tipo de assédio sexual no trabalho. As conclusões são de um estudo recente do Employment and Social Development Canada.
Para Julie Dzerowicz, deputada federal, que falava terça-feira numa apresentação aos jornalistas no auditório New Horizons Tower, na Bloor St. West, este orçamento é muito focado na igualdade. “É um orçamento voltado para a igualdade e para a classe média. Queremos certificar-nos que cada mulher tem hipótese de mostrar o seu potencial quando regressa ao trabalho depois de ser mãe”, sublinha.
Nos últimos anos os portugueses foram um dos grupos étnicos com menor número de residências permanentes mas Dzerowicz garante que não há dualidade de critérios. “Os asiáticos têm exatamente as mesmas regras do que os outros grupos étnicos. Mas ajuda muito se optam por estudar nas nossas universidades”, esclarece.
Na imigração, “há mais dinheiro para apoiar trabalhadores estrangeiros. Estamos muito atentos à questão dos indocumentados, portugueses e não só. Eles estão a ocupar postos de trabalho que são importantes para o país. Três dos nossos MPP’s estão a trabalhar arduamente para encontrar soluções para este problema. Tudo o que vos posso adiantar é que estamos a considerar várias opções e esperamos fazer um anúncio em breve”, explica.
Na ciência o governo espera investir $ 3,2 mil milhões ao longo dos próximos cinco anos. “A única forma de conseguirmos reduzir as despesas com cancro, por exemplo, é investindo em investigação. É um investimento histórico na área da ciência”, adianta.
Nas pensões, o governo compromete-se a “obter feedback de pensionistas, trabalhadores e empresas” mas não avança nenhuma linha de tempo para o processo de consulta. O objectivo é proteger as pensões e reformar o actual regime. A medida surge depois do executivo ter sido pressionado por grupos de funcionários e organizações sobre o tratamento de planos de pensão subfinanciados em situações de insolvência. A questão voltou a estar na ordem do dia com o recente colapso da Sears e o seu plano de pensões subfinanciado.
O Plano de Pensões do Canadá (CPP) que vai ser alterado a partir de 2019 visa aumentar as contribuições e os benefícios. Os ministros das finanças federais e provinciais chegaram a um acordo e pretendem aumentar as pensões de sobrevivência para pessoas com menos de 45 anos que perdem o seu cônjuge e aumentar os benefícios para os pais que cortam nas horas de trabalho para cuidar dos filhos ou de portadores de deficiência.
Os indígenas têm $ 4,1 mil milhões para infraestruturas básicas, nomeadamente água, habitação e cuidados de saúde. “Tratámos os indígenas muito mal neste país. Eles não têm as mesmas possibilidades para educar os seus filhos como os outros canadianos”, recorda.
Sobre o déficit, que deverá rondar os $17.8 mil milhões, Julie Dzerowicz justifica que a economia do Canadá é a que apresenta o melhor ritmo de crescimento do grupo dos G7. “Quando investimos em infraestruturas ou benefícios de saúde isso tem na realidade um impacto positivo na economia. Nos últimos dois anos criámos 500 mil postos de trabalho, quase todos a tempo inteiro”, justifica.
À margem da apresentação, a deputada federal falou sobre o aumento do aço e do alumínio que o presidente dos EUA anunciou segunda-feira. No Twitter Donald Trump escreveu “temos um grande déficit comercial com o México e o Canadá. O Nafta, que está sob renegociação agora mesmo, foi um mau acordo para os EUA”.
Para Dzerowicz, o aumento “não é bom para a economia. O nosso Primeiro-ministro ligou ontem (segunda-feira) para o presidente dos EUA e disse que ele está a afetar a economia americana e canadiana. Não sei de quem é esta frase, se do nosso PM ou do nosso ministro dos negócios estrangeiros, mas há sempre um plano B, um plano C, um plano D, etc. Vamos fazer os possíveis para a economia continuar forte”, refere.

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